Última parte
Colaboração do INSTITUTO ZACARIAS
DE ESTUDOS E PESQUISAS ESPIRITUAIS
(Fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre)
(formatação e observações nossas)
ALÁ (Allah) em árabe em um medalhão
na Hagia Sofia, em Istambul
Os muçulmanos acreditam no quadar, uma palavra geralmente traduzida como "predestinação", mas cujo sentido mais preciso é "medir" ou "decidir quantidade ou qualidade". Uma vez que, para o Islamismo, DEUS foi o criador de tudo, incluindo dos seres humanos, e sendo uma das suas características a omnisciência, ele já sabia, quando procedeu à criação, as características que cada elemento da sua obra teria.
Assim sendo, cada coisa que acontece a uma pessoa foi determinada por DEUS. Essa crença não implica a rejeição do livre arbítrio, pois o ser humano foi criado por DEUS com a faculdade da razão, pelo que pode escolher entre praticar ações positivas ou negativas.
A peregrinação (Hajj) a MECA é um dos "cinco pilares do islão"
Os cinco pilares do islão são cinco deveres básicos de cada muçulmano :
1. a recitação e aceitação da crença (Chahada ou Shahada);
2. orar cinco vezes ao longo do dia (Salá, Salat ou Salah);
3. pagar esmola (Zakat ou Zakah);
4. observar o jejum no Ramadão (Saum ou Siyam);
5. fazer a peregrinação a Meca (Hajj) se tiver condições físicas e financeiras.
Os muçulmanos xiitas consideram ainda três práticas como essenciais à religião islâmica : além da jihad, que também é importante para os sunitas, há o Amr-Bil-Ma'rūf, "exortar o bem", que convoca todos os muçulmanos a viver uma vida virtuosa e encorajar os outros a fazer o mesmo; e o Nahi-Anil-Munkar, "proibir o mal", que orienta os muçulmanos a se abster do vício e das más ações, e também encorajar os outros a fazer o mesmo.
Alguns grupos carijitas existentes na Idade Média consideravam a jihad como o "sexto pilar do islão".
Atualmente, alguns grupos do xiismo ismaelita entendem a "fidelidade ao Imam" como sexto pilar do islão.
A profissão de fé consiste numa frase — que deve ser dita com a máxima sinceridade — através da qual cada muçulmano atesta que "não há outro deus senão DEUS e Maomé é seu servo e mensageiro" .
No entanto, os muçulmanos xiitas têm por costume acrescentar "e Ali ibn Abi Talib é amigo de DEUS". Essa frase também é dita quando se chama à oração (adhan).
De acordo com a maioria das escolas islâmicas, para se converter ao islão é necessário proclamar três vezes a chahada ("testemunho") perante duas testemunhas : "Ashadu anaa la ilaha ila Allah. Ashadu ana Mohammad Rassuluallah" ("Testemunho que não há outra divindade senão DEUS. Testemunho que Maomé é seu profeta mensageiro").
Homens muçulmanos em prosternação durante uma prece em uma mesquita
A oração no islão (conhecida como Salá) é composta por cinco partes, todas espalhadas durante o dia e a noite, iniciando pela alvorada até à noite. Considerada o ponto mais próximo que se pode chegar de DEUS.
No islão não há obrigatoriamente hierarquia entre os adeptos, porém a comunidade, conhecida como ummah, escolhe uma pessoa com conhecimento suficiente para dirigir a adoração.
Durante essas orações, são recitadas suratas do Alcorão, geralmente ditas em árabe, conduzidas pelo escolhido entre a comunidade. Não existe restrição para que o crente reze fora da mesquita, tampouco isso é uma desbonificação de sua oração, que pode ser feita em qualquer lugar, desde que tenha feito antes sua purificação.
A purificação é realizada através da higiene especifica e detalhada, que consiste basicamente em lavar as mãos, os antebraços, a boca, as narinas, a face; em passar água pelas orelhas, pela nuca, pelo cabelo e pelos pés.
Se um muçulmano se encontrar numa área sem água ou numa área onde o uso da água não é aconselhável (porque poderia causar uma doença), pode substituir as abluções pelo uso simbólico de areia ou terra (tayammum). A oração abre-se com a orientação do crente na direcção de Meca (qibla).
O islão estabelece que cada muçulmano deve pagar anualmente uma certa quantia, calculada a partir dos seus rendimentos, que será distribuída pelos pobres ou por outros beneficiários definidos pelo Alcorão (prisioneiros, viajantes, endividados…). Essa contribuição é encarada como uma forma de purificação e de culto. A quantia corresponde a 2,5% do valor dos bens em dinheiro, ouro e prata, mas o valor pode variar se se tratar, por exemplo, de produtos agrícolas (nesse caso a contribuição pode chegar a 10% da colheita agrícola).
Quem tiver possibilidades pode ainda contribuir, de forma voluntária, com outras doações (sadaqa), mas é importante que o faça em segredo e sem ser movido pela vaidade. O anúncio dessas doações somente poderá ser feito se isso contribuir para que outras pessoas sejam motivadas a fazer o mesmo (caso de personalidades e pessoas proeminentes da sociedade), e esse ato deve ser sincero, mesmo que em público.
Durante o Ramadão (o nono mês do calendário islâmico), cada muçulmano adulto deve abster-se de alimento, de bebida, de fumar e de ter relações sexuais, desde o nascer até ao pôr-do-sol. Os doentes, os idosos, os viajantes, as grávidas ou as mulheres lactantes estão dispensados do jejum. Em compensação, essas pessoas devem alimentar um pobre por cada dia que faltaram ao jejum ou então realizá-lo noutra altura do ano. O jejum é interpretado como uma forma de purificação, de aprendizagem do auto-controlo e de desenvolvimento da empatia por aqueles que passam fome ou outras necessidades.
O mês de Ramadão termina com o dia de celebração conhecido como Eid ul-Fitr, durante o qual os muçulmanos agradecem a Deus a força que lhes foi concedida para levar a cabo o jejum. As casas são decoradas e é hábito visitar os familiares. Essa comemoração serve também para o perdão e a reconciliação entre pessoas desavindas.
A Caaba durante o Hajj
Esse pilar consiste na peregrinação a Meca, obrigatória pelo menos uma vez na vida para todos os que gozem de saúde e disponham de meios financeiros. Ocorre durante o décimo segundo mês do calendário islâmico.
Os muçulmanos vestem-se com um traje especial todo branco, antes de chegar a Meca, para que todos estejam igualmente vestidos e não haja distinção de classes. Durante toda a peregrinação, não se preocupam com o seu aspecto físico. Depois de praticarem sete voltas em torno da Kaaba, os peregrinos correm entre as duas colinas de Safa e Marwa. Na última parte do Hajj, os muçulmanos devem passar uma tarde na planície de Arafat, onde Maomé disse o seu "Último Sermão". Os rituais chegam ao fim com o sacrifício de carneiros e bodes.
Mapa do mundo muçulmano com as principais escolas da lei islâmica (madhhab)
Mapa dos países que adotam a xaria, o código de leis islâmico
Não há uma autoridade oficial que decide se uma pessoa é aceita ou excluída da comunidade de crentes. O islão é aberto a todos, independentemente de raça, idade, género ou crenças prévias. É suficiente acreditar na doutrina central do islamismo, acto formalizado pela recitação da chahada, o enunciado de crença do islão, sem o qual uma pessoa não pode ser considerada um muçulmano.
Embora não exista no islamismo uma estrutura clerical semelhante à existente nas denominações cristãs, existe contudo um grupo de pessoas reconhecidas pelo seu conhecimento da religião e da lei islâmica, denominadas ulemás. Os homens que se destacam pelo seu grande conhecimento da lei islâmica podem receber o título de mufti, sendo responsáveis pela emissão de pareceres sobre determinada questão da lei islâmica; em teoria esses pareceres (fatwas) só devem ser seguidos pela pessoa que o solicitou.
A lei islâmica chama-se Xariá. O Alcorão é a mais importante fonte da jurisprudência islâmica, sendo a segunda a Suna ou exemplos do profeta. A Suna é conhecida graças aos ahadith, que são narrações acerca da vida do profeta ou o que ele aprovava, que chegaram até nossos dias através de uma cadeia de transmissão oral a partir dos Companheiros de Maomé. A terceira fonte de jurisprudência é o ijtihad ("raciocínio individual"), à qual se recorre quando não há resposta clara no Alcorão ou na Suna sobre um dado tema. Neste caso, o jurista pode raciocinar por analogia (qiyas) para encontrar a solução.
A quarta e última fonte de jurisprudência é o consenso da comunidade (ijma). Algumas práticas também chamadas de "xaria" têm também algumas raízes nos costumes locais (Al-urf).
A jurisprudência islâmica chama-se fiqh e está dividida em duas partes: o estudo das fontes e metodologia (usul al-fiqh, raízes da lei) e as regras práticas (furu' al-fiqh, ramos da lei).
Os ensinamentos de Alá (Allah, a palavra árabe para Deus) estão contidos no Alcorão (Qur'an, "recitação"). Os muçulmanos acreditam que Maomé recebeu esses ensinamentos de Deus por intermédio do anjo Gabriel (Jibrīl), através de revelações que ocorreram entre 610 e 632 d.C. Maomé recitou essas revelações aos seus companheiros, muitos dos quais se diz terem memorizado e escrito no material que tinham à disposição (omoplatas de camelo, folhas de palmeira, pedras…).
As revelações a Maomé foram mais tarde reunidas em forma de livro. Considera-se que a estruturação do Alcorão como livro ocorreu entre 650 e 656, durante o califado de Otman.
O livro sagrado do islão, o Alcorão
O Alcorão está estruturado em 114 capítulos chamados suras. Cada sura está por sua vez subdividida em versículos chamados ayat. Os capítulos possuem tamanho desigual (o menor possui apenas três versículos e os mais longos 286 versículos) e a sua disposição não reflete a ordem da revelação. Considera-se que 92 capítulos foram revelados em Meca e 22 em Medina. As suras são identificadas por um nome, que é em geral uma palavra distintiva surgida no começo do capítulo ("A Vaca", "A Abelha", "O Figo").
Uma vez que os muçulmanos acreditam que Maomé foi o último de uma longa linha de profetas, eles tomam a sua mensagem como um depósito sagrado e tomam muito cuidado com ela, assegurando que a mensagem tenha sido recolhida e transmitida de uma maneira a não trair esse legado. Essa é a principal razão pela qual as traduções do Alcorão para as línguas vernáculas são desencorajadas, preferindo-se ler e recitar o Alcorão em árabe. Muitos muçulmanos memorizam uma porção do Alcorão na sua língua original e aqueles que memorizaram o Alcorão por inteiro são conhecidos como hafiz (literalmente "guardião").
A mensagem principal do Alcorão é a da existência de um único Deus, que deve ser adorado. Contém também exortações éticas e morais, histórias relacionadas com os profetas anteriores a Muhammad (que foram rejeitados pelos povos aos quais foram enviados), avisos sobre a chegada do dia do Juízo Final, bem como regras relacionadas com aspectos da vida diária, como o casamento e o divórcio.
Além do Alcorão, as crenças e práticas do islão baseiam-se na literatura hadith, que para os muçulmanos clarifica e explica os ensinamentos do profeta.
O sunismo é a maior denominação do Islã e representa 75%-90% de todos os muçulmanos. Os muçulmanos sunitas também são conhecidos pelo nome Ahl as-Sunnah, que significa "povo da tradição [de Maomé]". Estes hadiths, contos, ações e características pessoais de Maomé, são preservados nas tradições conhecidas como Al-Kutub Al-Sittah (seis grandes livros).
Os sunitas acreditam que os primeiros quatro califas eram os legítimos sucessores de Maomé; uma vez que Deus não especificou nenhum líder específico para sucedê-lo e os líderes foram eleitos. Os sunitas acreditam que qualquer um que é justo e correto pode ser um califa, mas eles têm de agir de acordo com o Alcorão e do Hadith, a exemplo de Maomé e dar ao povo os seus direitos.
Os sunitas seguem quatro madhāhib (escolas de pensamento): hanafismo, hanbalismo, maliquismo e Shafi'i, estabelecidos em torno dos ensinamentos de Abu Hanifa, Ahmad ibn Hanbal, Malik ibn Anas e al-Shafi respectivamente. Todos as quatro aceitam a validade das outras e um muçulmano pode escolher qualquer uma que ele ou ela achar mais agradável. O salafismo (também conhecido como Ahl al-Hadith (em árabe: أهل الحديث; O povo de hadith), ou pelo termo pejorativo wahhabismo por seus adversários) é um movimento islâmico ultra-ortodoxo que leva a primeira geração de muçulmanos como modelos exemplares.
Mesquita Imam Husayn, no Iraque, o local mais sagrado para os muçulmanos xiitas
Os xiitas constituem 10-20% dos muçulmanos e são o segundo maior do ramo do islamismo.
Enquanto os sunitas acreditam que um califa deve ser eleito pela comunidade, os xiitas acreditam que Maomé indicou seu genro, Ali ibn Abi Talib, como seu sucessor e apenas certos descendentes de Ali poderiam ser imames (líderes). Como resultado disso, eles acreditam que Ali ibn Abi Talib foi o primeiro imame, rejeitando a legitimidade dos califas muçulmanos anteriores Abu Bakr, Uthman ibn al-Affan e Umar ibn al-Khattab.
O islã xiita tem vários ramos, sendo o maior deles o xiismo duodecimano, seguido pelos zaiditas e pelos ismaelitas. Diferentes ramos aceitam diferentes descendentes de Ali como imames. Depois da morte de Jafar al-Sadiq, considerado o sexto imame pelos duodecimanos, e de Ismaili, os ismaelitas passaram a considerar seu filho, Ismael ibn Jafar, como o imame e os duodecimanos passaram a considerar seu outro filho, Musa al-Kazim, como seu sétimo imame. Enquanto os zaiditas consideram Zayd ibn Ali, o tio de Jafar al-Sadiq, como seu quinto imame.
Outros grupos menores incluem o Mustaali e os drusos, bem como os alauítas e alevitas. Alguns ramos xiitas rotulam outros ramos xiitas que não concordam com a sua doutrina como Ghulāt.
Outra denominação que tem origem nos tempos históricos do islão é a dos carijitas. Historicamente, consideravam que qualquer homem, independentemente da sua origem familiar, poderia ser líder da comunidade islâmica, opondo-se às polémicas de sucessão entre sunitas e xiitas. Os ideais carijitas ainda existem no mundo Islâmico, mesmo que de forma diferente da original, através do takfirismo, que é excomungar alguém do Islamismo por ter cometido um pecado grave. Como as formas de julgamento desses grupos são extremamente subjetivas e não tomam por base a aplicação correta da Charia, esses grupos se tornam extremamente violentos contra muçulmanos e não muçulmanos. Os membros de uma vertente desse grupo hoje são mais comumente conhecidos como muçulmanos ibaditas. Um grande número de muçulmanos ibaditas vive hoje no Omã.
Sufis da ordem Melevi, conhecidos no Ocidente como dervixes rodopiantes
Às vezes visto pelos fiéis muçulmanos comuns como um ramo separado do islamismo, o sufismo é antes uma forma de mística que pretende alcançar um contacto direto com Deus através de uma série de práticas que geralmente incluem o ascetismo, a meditação, os jejuns, cantos e danças.
Desconhece-se de onde deriva a palavra sufismo (em árabe: tasawwuf). O termo poderá provir de sūf, "lã", o que se encontra relacionado com o facto de os primeiros sufis vestirem roupas feitas com o material, imitando os ascetas cristãos da Síria e da Palestina. Outra teoria procura relacionar sufismo com a palavra árabe safa, que significa "pureza".[65]
O sufismo já existia como movimento no primeiro século do islão. Para os sufis, o próprio profeta Maomé seria um deles, já que levaria uma vida extremamente simples, tendo por hábito retirar-se de Meca para meditar numa caverna, tendo estabelecido uma relação próxima com Deus. Um dos primeiros representantes do sufismo foi al-Hasan al-Basri (642-728), que rejeitou o materialismo do mundo e criticou os soberanos omíadas. Saliente-se ainda deste período inicial uma mulher, Rabi'ah al-Adawiyah (? - 801), cujo amor por Deus leva-a a excluir o apego ao mundo. Desde os séculos XII e XIII, os sufis organizam-se em ordens ou irmandades (tariqas), que seguem os métodos de realização espiritual ensinados por determinados mestres (os xeques ou pirs)." As ordens sufis podem ser encontradas quer no sunismo, quer no xiismo. O sufismo foi por vezes entendido pelas autoridades ortodoxas muçulmanas como uma ameaça, tendo os seus líderes e adeptos sido alvo de perseguições. O sufismo tem sido igualmente criticado devido ao facto de alguns dos seus mestres terem alcançado um estatuto de santo, tendo sido erguidos santuários nos locais onde nasceram ou faleceram, que se tornaram locais de peregrinações.
Correntes radicais do islamismo frequentemente são acusadas de atos terroristas, como os atentados às Torres Gêmeas, protagnonizados nos ataques de 11 de setembro de 2001 pela Al Qaeda. E a defesa intolerante da extinção do Estado de Israel defendida pelo grupo terrorista Hamas. Em sua carta de fundação, por exemplo, o Hamas é claro na defesa da destruição do Estado Sionista, sendo apoiado pela maioria do povo palestino. Fundamentalistas também defendem a submissão da mulher, a perseguição a cristãos e o assassinato de dissidentes em países islâmicos. Estima-se que aproximadamente quatro milhões de cristãos libaneses emigraram de seu país em consequência das pressões impostas pelos muçulmanos.
Bandeira do Estado Islâmico do Iraque e do Levante
A condição de vida das mulheres também é precária em países fundamentalistas islâmicos, como a Arábia Saudita: "Para o pensamento ortodoxo muçulmano, a mulher vale menos do que o homem, explica Leila Ahmed, especialista em estudos da mulher e do Oriente Próximo da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos […]". Assim sendo, violências físicas e tratamentos desumanos, como o apedrejamento, são constantes entre os países fundamentalistas: "Segundo a lei islâmica denominada Sharia (Shari'ah ou Charia), uma mulher considerada adúltera deve ser enterrada até o pescoço (ou as axilas) e apedrejada até a morte […]".
A intolerância a críticas também é alvo constante de respostas por parte da imprensa às vertentes radicais do islão. Recentemente, cartunistas dinamarqueses foram ameaçados de morte por publicarem charges consideradas insultuosas para alguns muçulmanos, algo comum no Ocidente e sua contraparte cristã. O Papa também foi ameaçado de morte por considerar o islão uma religião violenta.
O crítico Daniel Pipes cita uma cadeia histórica de reações radicais a críticas e atos humorísticos por parte de extremistas islâmicos, que vão de ameaças a mortes de dezenas de pessoas. Porém, o islamismo moderado mostra-se como vertente desejosa da paz, tanto quanto o budismo, o cristianismo, o judaísmo ou qualquer outra grande religião.
Mundo islâmico, por porcentagem da população (Pew Research Center, 2014)
Um estudo demográfico global de 2009 feito em 232 países e territórios relatou que 23% da população mundial, ou 1,57 bilhão de pessoas, é composta por muçulmanos. Destes, estima-se mais de 75-90% são sunitas e 10-20% são xiitas, com uma pequena minoria que pertence a outras seitas islâmicas. Cerca de 57 países são de maioria muçulmana e os árabes são responsáveis por cerca de 20% de todos os muçulmanos do mundo. O número de muçulmanos em todo o mundo aumentou de 200 milhões em 1900 para 551 milhões 1970 e triplicou para 1,5 bilhão em 2009.
A maioria dos muçulmanos vivem na Ásia e na África. Cerca de 62% dos muçulmanos do mundo vivem no continente asiático, com mais de 683 milhões adeptos em países como Indonésia, Paquistão, Índia e Bangladesh. No Oriente Médio, países não-árabes, como a Turquia e o Irã, são os maiores países de maioria muçulmana; na África, Egito e Nigéria têm as comunidades muçulmanas mais populosas do continente.
A maioria das estimativas indicam que a República Popular da China tem de 20 a 30 milhões de muçulmanos (1,5% a 2% da população). No entanto, os dados fornecidos pelo Internacional de Universidade Estadual de San Diego sugerem que a China tem 65,3 milhões de muçulmanos. O Islã é a segunda maior religião depois do cristianismo em muitos países europeus, e está lentamente a aproximar-se a essa situação na América.
Mesquita em Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil.
Em Portugal, existe igualmente uma comunidade muçulmana, que nada tem a ver com os muçulmanos que viveram no país durante a Idade Média; são na sua maioria naturais das antigas colónias portuguesas de Moçambique e Guiné-Bissau, que se fixaram em Portugal após a independência desses territórios. O Islão xiita ismailita também está presente em Portugal, tendo a sua sede no Centro Ismaili de Lisboa, construído pela Fundação Aga Khan. Estima-se que o número de muçulmanos em Portugal ronde os 30 mil.
Segundo o censo de 2000, o Brasil registra 27.239 muçulmanos. Porém, para a Federação Islâmica Brasileira, o número de muçulmanos no Brasil ronda o 1,5 milhão. A maioria dos muçulmanos brasileiros vive nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, mas também existem comunidades significativas no Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Grande parte desses muçulmanos são descendentes de imigrantes sírios e libaneses que se fixaram no Brasil durante a Primeira Guerra Mundial.
Na Guiné-Bissau, o islão penetrou na Idade Média, tendo as ordens sufistas desempenhado um importante papel na sua difusão. Reúne hoje cerca de 45% da população. Outro país africano de língua oficial portuguesa com um número significativo de muçulmanos é Moçambique (17,8%).
Bismillah ("Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso") na caligrafia árabe.
Vista do interior da cúpula principal da Mesquita Selimiye em Edirne, Turquia.
Mesquita Nur-Astana, na cidade de Astana, Cazaquistão.
O termo "cultura islâmica" pode ser usado para indicar aspectos da cultura que dizem respeito à religião, como festivais e códigos de vestimenta. Também é comumente utilizado para designar os aspectos culturais de povos tradicionalmente muçulmanos, como os árabes. Por fim, "a civilização islâmica" também pode se referir aos aspectos da cultura sintetizada dos primeiros califados.
A arte islâmica engloba as artes visuais produzidas a partir do século VII em diante por pessoas (não necessariamente muçulmanos) que viveram no território que era habitada por populações muçulmanas. Ela inclui áreas tão variadas como a arquitetura, a caligrafia, pintura e a cerâmica, entre outras. Talvez a expressão mais importante da arte islâmica seja a arquitetura, em especial a de mesquitas. Através desses edifícios, o efeito da variação de culturas dentro da civilização islâmica pode ser ilustrado. A arquitetura islâmica do Norte da África e Península Ibérica, por exemplo, tem elementos romanos e bizantinos, como visto na Grande Mesquita de Cairuão, que contém colunas de mármore e pórfiro de edifícios romanos e bizantinos, no palácio de Alhambra, Granada, ou na Grande Mesquita de Córdoba.
O início formal da era muçulmana foi escolhido para ser o Hijra em 622, que foi um importante ponto de virada na vida de Maomé. A atribuição deste ano como o ano 1 AH (Anno Hegirae) no calendário islâmico teria sido feita pelo califa Umar. É um calendário lunar, com dias que duram de Sol a Sol. Os dias sagrados islâmicos caem em datas fixas do calendário, o que significa que elas ocorrem em diferentes estações do ano e em diferentes anos do calendário gregoriano. Os festivais islâmicos mais importantes são o Eid al-Fitr (em árabe: عيد الفطر) no dia 1 do Shawwal, marcando o fim do mês de jejum do Ramadã, e o Eid al-Adha (em árabe: عيد الأضحى) no dia 10 do Dhu al-Hijjah, coincidindo com a peregrinação a Meca.
A Caaba ("O Cubo"), um edifício situado dentro da mesquita principal de Meca (A Masjid al-Haram), na Arábia Saudita, é o local mais sagrado do islão. De acordo com o Alcorão, ela foi construída por Abraão (Ibrahim) para que todas as pessoas fossem ali celebrar os ritos da Hajj. O segundo local sagrado do islamismo é a mesquita Al-Masjid an-Nabawi, na cidade de Medina, cidade para a qual Maomé e os primeiros muçulmanos fugiram (num movimento conhecido como Hégira), e onde se encontra o seu túmulo. A cidade de Jerusalém é o terceiro local sagrado do islão. Este estatuto advém da sua associação aos profetas anteriores a Maomé e sobretudo pelo facto de os muçulmanos acreditarem que o profeta teria viajado para esse local durante a noite, cavalgando um ser denominado Buraq, numa viagem conhecida como Isra. Uma vez em Jerusalém, ele teria ascendido ao céu (Mi’raj), onde dialogou com Deus e outros profetas, entre os quais Moisés e Jesus. No local de Jerusalém onde se acredita que Maomé subiu ao céu, foi construída a Cúpula da Rocha, em cerca de 690, e a mesquita de Al'Aqsa, sobre as ruínas do antigo Templo de Salomão dos judeus.
Os muçulmanos xiitas consideram ainda como sagradas as cidades de Karbala e Najaf, ambas no Iraque. Na primeira, ocorreu o martírio de Hussein (filho de Ali e neto de Maomé) e dos seus companheiros, quando este contestava o Califado Omíada. No Irão, devem também ser salientadas duas cidades sagradas para os xiitas, Mashhad e Qom.
Lugares sagrados do islamismo (da esquerda para a direita): mesquita Al Masjid Al-Haram, em Meca, Arábia Saudita, considerada o maior centro de peregrinação do mundo e o local mais sagrado do islamismo; mesquita Al-Masjid an-Nabawi, em Medina, local do túmulo de Maomé; Cúpula da Rocha, em Jerusalém, cidade sagrada para os muçulmanos.
Igreja cristã ao lado de uma mesquita em Beirute, no Líbano
O islamismo reconhece elementos de verdade no judaísmo e no cristianismo. Todos os profetas do judaísmo são reconhecidos também como profetas no islão, assim como Jesus, que de acordo com a perspectiva muçulmana teria anunciado a vinda de Maomé. Para os seguidores dessas duas crenças, o Alcorão reservou a noção de "Povos do Livro" (Ahl al-Kitab), estabelecendo que devem ser tolerados devido ao facto de possuirem escrituras sagradas. À medida que os muçulmanos tomaram contacto com outras religiões detentoras de revelações escritas, acabaram em alguns casos por conceder-lhes também esse estatuto (caso do zoroastrismo).
Porém, se o islão reconhece o papel preparatório do judaísmo e do cristianismo, considera igualmente que os seguidores dessas religiões acabaram por seguir caminhos errados. Os judeus tendo tornado-se idólatras e procederam mal ao adorarem o bezerro de ouro, e por rejeitarem Jesus como profeta de Deus. Os muçulmanos acreditam que os cristãos erraram ao considerar Jesus como filho de Deus e ao defender doutrinas como a da Santíssima Trindade, porém acreditam que Jesus é uma criatura de Deus e um profeta de Alá, assim como Adão. Tais erros, segundo os muçulmanos, acarretaram a vinda de outro e último profeta enviado por Deus, Maomé.
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