Publicado por Murillo Navarro.
“Arquiteto e Urbanista formado pela Universidade de São Paulo nascido no interior do Estado de São Paulo. Um minimalista por convicção que acredita fielmente na frase do arquiteto Mies van der Rohe "menos é mais" e está sempre na busca pela beleza na simplicidade do dia a dia.”
Neste ano de 2016 o chileno Alejandro Aravena foi consagrado com a maior condecoração mundial entre os arquitetos, o Prêmio Pritzker de Arquitetura. O chileno é o terceiro arquiteto proveniente da América do Sul a obter este reconhecimento, seus antecessores são os brasileiros Paulo Mendes da Rocha, em 2006, e Oscar Niemeyer, em 1998.
Em Lo Espejo, Santiago, Chile. Imagem de Murillo Navarro, 2010.
No campo da arquitetura, o Chile vive atualmente um grande momento de influencia aos outros países ao redor do mundo. O país abriga algumas das melhores universidades de arquitetura da América Latina e recentemente o chileno Alejandro Aravena foi o 41º ganhador do “Nobel da Arquitetura”, o prêmio Pritzker.
Alexandre Aravena
Alejandro Aravena tem realizado projetos de diferentes escalas, de casas unifamiliares a grandes edifícios institucionais, sua arquitetura se destaca pela capacidade de ampliar as áreas de ação do arquiteto e pelas soluções construtivas inovadoras.
O chileno é considerado um arquiteto mais socialmente engajado, sua obra construída dá oportunidade econômica para os menos privilegiados, ele representa a retomadas das necessidades humanitárias e sociais na arquitetura, este comprometimento se reflete em seu ativismo, seus desenhos e sua escrita.
"[Uma cidade] se mede por aquilo que nela se pode fazer gratuitamente, pelos lugares onde, sem pagar, obtém-se uma boa qualidade de vida. Um parque onde as famílias que não podem tirar férias, por exemplo, tenham um espaço para recreação” (Aravena em entrevista publicada no jornal chileno Las Ultimas Noticias, 2016).
Junto ao Grupo Elemental, um escritório de arquitetura com sede em Santiago do Chile, Aravena já projetou mais de 2.500 unidades de habitação social de baixo custo. Uma alternativa ousada e ao mesmo tempo inovadora do Elemental para lidar com os baixos orçamentos foi que ao invés de entregar habitações prontas, deixou espaço para que os próprios moradores completassem suas casas.
“Os projetos de habitação social são criticados por fornecer casas pequenas e malfeitas às pessoas. Diante dessa crítica, o senso comum sugere que casas de melhor qualidade deveriam ser maiores e com melhor acabamento. Mas fazer isso seria responder à questão errada. Famílias têm composições e necessidades muito diversas. Alguns lares têm crianças, outros idosos. Em muitos há pessoas trabalhando em casa. Não adianta tentar se adaptar a isso” (entrevista de Aravena a Revista Época, 2012).
Na mesma entrevista acima o arquiteto criticou a localização da maioria dos conjuntos habitacionais, que deveria ser uma obrigação do Estado, pois os moradores ficam longe das oportunidades, criando-se problemas econômicos, políticos e sociais. E, segundo ele, as construtoras deveriam primeiramente se preocupar com a realização dos empreendimentos populares, o lucro deveria ser o resultado e não o objetivo.
Alguns dos conjuntos populares entregues pelo Elemental possuem equipamentos públicos em seu interior, como centros comunitários, creches e praças, que permitem o uso da população do entorno, revelando uma preocupação na criação de espaços urbanos democráticos e de qualidade, que valorizam e dão forças as redes sociais.
Neste ano teremos novas contribuições dos ideais de Aravena aos campos da arquitetura e do urbanismo, ele foi nomeado curador da 15º Bienal de Arquitetura de Veneza, que tem como temática "Relatório da Frente", com início programado para maio de 2016.
“Há várias batalhas que precisam ser conquistadas e várias fronteiras que deveriam ser ampliadas para melhorar a qualidade do que é construído e a consequente qualidade de vida das pessoas (...)” (Aravena em declaração divulgada pela Biennale di Venezia, 2015).
Em Lo Espejo, Santiago, Chile. Imagem de Murillo Navarro, 2010.
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