segunda-feira, 7 de março de 2016

LEOPOLDO II – REI DA BÉLGICA

História: série- governantes mais sanguinários do século XX


O rei da Bélgica que ocupou o trono de 1865 até a morte acreditava que a obtenção de colônias em outros continentes era indispensável à prosperidade econômica de seu país, e devotou todos os esforços para alcançar esse objetivo. Entre os empreendimentos estava a criação do Estado Livre do Congo, território de sua propriedade particular localizado na África, de onde eram extraídos borracha e marfim com o uso de trabalho escravo, recrutado entre a população local.





Denúncias divulgadas na primeira década do século 20 revelaram também que assassinatos a sangue frio eram prática habitual no território. As primeiras estimativas da quantidade de vítimas só foram feitas em 1924, e ressaltaram a dificuldade de quantificar perdas populacionais ocorridas naquele período na região. Estudos posteriores indicaram que provavelmente nunca será conhecido o total exato de pessoas mortas pelas agressões militares indiscriminadas, fome e disseminação de doenças tropicais causadas no Congo pela ação dos belgas sob o Rei Leopoldo II.


Leopoldo era o segundo filho do rei Leopoldo I da Bélgica, um antigo príncipe de Saxe-Coburgo-Gota, e da princesa Luísa Maria d'Orleães. O seu pai tinha sido já casado com a princesa Carlota de Gales, filha do rei Jorge IV do Reino Unido, mas esta acabou por morrer ao dar à luz o único filho do casal, um bebé que nasceu morto.

O príncipe tinha um irmão mais velho, o príncipe-herdeiro Luís Filipe da Bélgica, mas este morreu com apenas dez meses de idade, em Maio de 1834, quase um ano antes de Leopoldo nascer. Tinha também um irmão mais novo, o príncipe Filipe, Conde de Flandres, casado com a princesa Maria Luísa de Hohenzollern-Sigmaringen e pai do futuro rei Alberto I da Bélgica, e uma irmã mais nova, a princesa Carlota da Bélgica, casada com o arquiduque Maximiliano da Áustria, irmão do imperador Francisco José da Áustria. Mais tarde Maximiliano tornou-se imperador do México.


No dia 22 de agosto de 1853, em Bruxelas, Leopoldo II desposou a arquiduquesa Maria Henriqueta da Áustria (1836–1902), com quem teve quatro filhos:

1. Luísa Maria da Bélgica (18 de Fevereiro de 1858 – 1 de Março de 1924), casada com o príncipe Fernando Filipe de Saxe-Coburgo-Gota; com descendência.

2. Leopoldo, Duque de Brabante (12 de Junho de 1859 – 22 de Janeiro de 1869), morreu aos nove anos de idade de pneumonia.

3. Estefânia da Bélgica (21 de Maio de 1864 – 23 de Agosto de 1945), casada com o príncipe-herdeiro Rudolfo da Áustria; com descendência. Casada depois com o conde Elemér Lónyay de Nagy-Lónya et Vásáros-Namény.

4. Clementina da Bélgica (30 de Julho de 1872 - 8 de Março de 1955), casada com o príncipe Vítor Bonaparte; com descendência.

Leopoldo II era também pai de dois filhos ilegítimos — Lucien Philippe Marie Antoine (1906–1984) e Philippe Henri Marie François (1907–1914), cuja mãe era Blanche Zélia Joséphine Delacroix (1883–1948), também conhecida como Caroline Lacroix, uma prostituta que se casou com o rei em dezembro de 1909, em uma cerimônia religiosa sem validade pela lei belga. Outra cerimônia ocorreu cinco dias antes da morte de Leopoldo II, no Castelo Real de Laeken. Em 1910, os dois filhos foram adotados pelo segundo marido de Delacroix, Antoine Durrieux.

Diz-se que Leopoldo II foi cliente da casa de sado-masoquismo "Rose Cottage", de Mary Jeffries, em Hampstead, um subúrbio de Londres.

No dia 15 de novembro de 1902, ao final da cerimônia em memória da falecida consorte de Leopoldo II, o anarquista italiano Gennaro Rubino tentou assassinar o rei, que estava em uma carruagem. Três tiros foram disparados, mas todos erraram o alvo de Rubino, o qual foi preso imediatamente.


Caricatura de Leopoldo II, rei dos Belgas, publicada na revista inglesa Vanity Fair. Reconhecido pelas potências europeias como soberano doEstado Livre do Congo em 1885, o rei constituiu em 15 de abril de 1891 a Companhia do Catanga para explorar a borracha


Leopoldo II deu ênfase à defesa militar como base da neutralidade da Bélgica, mas não foi capaz de obter a lei de conscrição. Apesar de ter sido impopular, Leopoldo II é lembrado pelo povo belga como "o rei construtor" (em neerlandês: Koning-Bouwer; em francês: le Roi-Bâtisseur), porque mandou construir um grande número de edifícios e projetos públicos, principalmente em Bruxelas, Oostende e Antuérpia.

Entre as construções estão as estufas reais nos terrenos do Castelo de Laeken, a Torre Japonesa, o Pavilhão Chinês, o Museu do Congo em Tervuren (hoje chamado Museu Real da África Central), o Cinquantenaire e a estação de trem da Antuérpia. Ele também construiu a Villa des Cèdres em Saint-Jean-Cap-Ferrat, na Riviera Francesa, que é um jardim botânico no presente.


Tais construções foram todas realizadas com o dinheiro proveniente do Congo. Em 1900, ele doou a maior parte de suas propriedades à nação belga.

O autor e jornalista norte-americano Adam Hochschild, em seu livro King Leopold's Ghost, escreveu que houve um "grande esquecimento" depois que o rei transferiu a posse de sua colônia à Bélgica. Hochschild lembra que, em sua visita ao Museu Real da África Central na década de 1990, não se mencionava nada a respeito das atrocidades cometidas no Estado Livre do Congo. Outro exemplo dado por Hochschild é o monumento, em Blankenberge, de um colono "trazendo a civilização" a uma criança negra aos seus pés, ilustrando mais o "grande esquecimento".

Adam Hochschild dedica um capítulo desse livro ao problema da estimativa do total de mortes, chegando a um número aproximado de 10 milhões.

Leopoldo II faleceu aos 74 anos de idade e seu corpo foi enterrado na câmara mortuária real da Igreja de Nossa Senhora, no Cemitério de Laeken.











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