Um dos maiores percussionista do mundo. Sua morte abre uma lacuna irreparável no campo da arte musical
ADEUS NANÁ (blog do Facó)
Fonte: Wikipédia
Juvenal de Holanda Vasconcelos, mais conhecido como Naná Vasconcelos (Recife, 2 de agosto de 1944 — Recife, 9 de março de 2016), foi um músico brasileiro.
Eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana Down Beat e ganhador de oito prêmios Grammy, era considerado uma autoridade mundial em percussão.
Biografia
"Naná Vasconcelos nos ensinou a ouvir o Brasil. Nos trouxe de volta um país profundo, refugiado em nossas memórias de infância. Toda a sua obra como artista está impregnada de referências que são parte essencial do nosso modo de ser e de sentir. Sua música é a música da voz, do corpo e dos inúmeros instrumentos que dominou com tanta perfeição."
— Juca Ferreira, ministro da Cultura quando da morte de Naná, sobre seu legado.
Juventude
O primeiro contato de suas mãos com a pele de algum instrumento de percussão se deu cedo, aos 7 ou 8 anos, quando Naná foi admitido pelo próprio pai para tocar bongô e maracas em um conjunto do Recife. Assim, aprendeu a tocar sozinho, usando os penicos e as panelas de casa, ainda na infância.
Precoce, aos 12 anos já se apresentava com seu pai numa banda marcial em bares e participava de grupos de maracatu locais. Aprendeu primeiro a tocar bateria. Depois, berimbau.
Trajetória artística
Durante toda sua carreira sempre teve preferência por instrumentos de percussão e nos anos 60 se notabilizou por seu talento com o berimbau.
Em 1967 mudou-se para o Rio de Janeiro onde gravou dois LPs com Milton Nascimento. No ano seguinte, junto com Geraldo Azevedo, viajou para São Paulo para participar do Quarteto Livre, que acompanhou Geraldo Vandré no III Festival Internacional da Canção.
Sua discografia é tão extensa quanto os projetos ligados à música nos quais ele está envolvido. Não à toa, ele atuou como percussionista ao lado de diversos nomes de peso internacionais como B. B.
King, Jean-Luc Ponty, David Byrne, Jon Hassell, Egberto Gismonti, Pat Metheny, Evelyn Glennie e Jan Garbarek. Formou entre os anos de 1978 e 1982, ao lado de Don Cherry e Collin Walcott, o grupo de jazz Codona, com o qual lançou 3 álbuns. Em 1981, tocou no Woodstock Jazz Festival, em comemoração ao décimo aniversário do Creative Music Studio. Em 1998, Vasconcelos contribuiu com a música "Luz de Candeeiro" para o álbum "Onda Sonora: Red Hot + Lisbon", compilação beneficente em prol do combate à AIDS, produzida pela Red Hot Organization.
Em 2013, o músico fez a trilha sonora da animação O Menino e o Mundo, que disputou o Oscar de melhor filme de animação em 2016.
No dia 9 de dezembro de 2015, Naná Vasconcelos recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)[11] - sem nunca ter cursado nível superior.
Naná Vasconcelos ganhou, por oito anos consecutivos (1983-1990), o prêmio de Melhor Percussionista do Ano da conceituada revista Down Beat, considerada a "bíblia do jazz".
Com uma forte ligação com a cultura popular, nos seus últimos 15 anos de vida, Naná abriu o Carnaval do Recife acompanhado do cortejo de nações de maracatu.
Última Composição e Morte
"Mesmo se eu morrer, não quero ninguém chorando, quero muito batuque, muito barulho, porque, se vocês fizerem silêncio, vou pensar que vocês estão dormindo e vou fazer como em casa, com minha esposa. Quando ela está dormindo, faço barulho para ela acordar. É a cigarra".
— Naná Vasconcelos.
Em julho de 2015, noticiou-se que Naná estava com um câncer de pulmão. Após o diagnóstico do câncer, Naná iniciou o tratamento e manteve-se em atividade. Em setembro de 2015, logo após iniciar as sessões de quimioterapia, gravou um vídeo recitando poesias e divulgou pelas redes sociais.
No dia 29 de fevereiro de 2016, um dia após passar mal após um show realizado em Salvador, Naná foi internado.
Na manhã do dia 9 de março de 2016, Naná Vasconcelos veio a falecer, aos 71 anos de idade, após uma parada respiratória em decorrência de complicações da doença. No dia de sua morte, os estados de Recife e Pernambuco declararam luto oficial de três dias em memória do artista.
Ainda no leito do hospital em que estava internado, ele deixou uma obra concluída em seus últimos dias de vida. O material terá composições e arranjos de Naná, do pianista e violonista Egberto Gismonti e do maestro Gil Jardim
Legado:
Segundo o site uol, "sua importância internacional (ao lado de Airto Moreira) foi ter bagunçado o coreto do jazz tradicional, que admitia até aquele momento apenas a percussão afro-cubana - que chegara aos Estados Unidos por intermédio de Dizzy Gillespie e outros exploradores."
Estilo
"Quando você aprende teoria musical por livros, precisa sempre consultar os textos. Quando você aprende com o corpo, é como andar de bicicleta. Seu corpo se lembra."
— Nana Vasconcelos, Em entrevista concedida ao Viver.
Autodidata, Nana inovou ao tirar diferentes sonoridades de instrumentos de percussão, sua especialidade.
Ao longo da carreira, uma das características da sua percussão era usar qualquer objeto que produzisse um som interessante para compor seus trabalhos.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, "o músico usava de forma não convencional o berimbau, uma de suas marcas. Ele sobrepunha sua voz ao som da corda vibrante e conseguia efeitos surpreendentes."
Discografia:
Africadeus, 1973
Amazonas, 1973
Kundalini, 1978, com Perry Robinson e Badal Roy
Saudades (ECM, 1979)
Zumbi, 1983
Nanatronics, 1985
Bush Dance, 1986, com Arto Lindsay
Legend of the Seven Dreams, 1988, com Jan Garbarek
Asian Journal, 1988, com Steve Gorn, Mike Richmond e Badal Roy
Rain Dance - Naná Vasconcelos and The Bushdancers, 1989, com Don Cherry, Cyro Baptista, e Peter Scherer
Lester - Naná Vasconcelos & Antonello Salis, 1990
Mejnoun, 1992, com Safy Boutella
If You Look Far Enough, 1993, com Arild Andersen e Ralph Towner
Contando Estórias, 1994
Storytelling, 1995
Contando Estorias, 1995
Inclassificable, 1995, com Andy Sheppard e Steve Lodder
Fragments: Modern Tradition, 1997
Contaminação, 1999
Saravah compilation, 1999
Fragmentos, 2001, com Domínio Público
Minha Lôa, 2002
Vasconcelos e Assumpção - isso vai dar repercussão, 2004, com Itamar Assumpção
Vasconcelos, Salis, Consolmagno - Vasconcelos, Salis, Consolmagno, 2005
Chegada, 2005
Trilhas, 2006
Sinfonia & Batuques, 2011
Participações Especiais
Com Gato Barbieri
Fenix (Flying Dutchman, 1971)
El Pampero (Flying Dutchman, 1971)
Com
Walter Bishop, Jr.
Illumination (1977)
Com Codona
Codona (ECM, 1979)
Codona 2 (ECM, 1981)
Codona 3 (ECM, 1983)
Com Don Cherry
Organic Music Society (Caprice, 1972)
Multikuti (A&M, 1990)
Com Pierre Favre
Singing Drums (ECM, 1984)
Com Jan Garbarek
Eventyr (ECM, 1980)
I Took Up the Runes (ECM, 1990)
Legend of the Seven Dreams (1988)
Com Egberto Gismonti
Dança Das Cabeças (ECM, 1977)
Sol Do Meio Dia (ECM, 1978)
Duas Vozes (ECM, 1984)
Com Danny Gottlieb
Whirlwind (Atlantic, 1989)
Com Pat Metheny
As Falls Wichita, So Falls Wichita Falls (ECM, 1981)
Offramp (ECM, 1982)
Travels (ECM 1983)
Com Jim Pepper
Comin' and Goin' (Europa, 1983)
Com Woody Shaw
For Sure! (Columbia, 1979)
Com Gary Thomas
By Any Means Necessary (JMT, 1989)
Com Talking Heads
Little Creatures (1985)
Com Jon Hassell
Fourth World, Vol. 1: Possible Musics (1981)
Vernal Equinox (1977)
Earthquake Island (1979)
Sulla Strada Soundtrack (1995)
Com Ginger Baker
Dust to Dust (2007)
Horses & Trees (1986)
Com Paul Simon
The Rhythm of the Saints (1990)
Com B.B. King
Now Appearing at Ole Miss (1980)
Com Mauricio Maestro
Upside Down
Com Arto Lindsay
Noon Chill (1998)
Subtle Body (1996)
Com Milton Nascimento
Maria Maria/Último Trem (2005)
Melhor de Milton Nascimento (1999)
Angelus (1994)
Miltons (1989)
Journey to Dawn (1979)
Geraes (1976)
Milagre dos Peixes (1973)
Com Os Mutantes
A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)
Com Herb Alpert
You Smile – The Song Begins (1974)
Com Ron Carter
Patrao (1980)
Com Chaka Khan
Naughty (1980)
Com Collin Walcott
Works (1980)
Com Sergio Mendes
Brasil '88 (1986)
Com Jack DeJohnette
Invisible Forces (1987)
Com Ambitious Lovers
Greed (1988)
Lust (1991)
Com Laurie Anderson
Strange Angels (1989)
Com Caetano Veloso
Circuladô (1991)
Estrangeiro (1989)
Com Debbie Harry
Def, Dumb & Blonde (1989)
Com Carly Simon
Have You Seen Me Lately? (1990)
Com Ryuichi Sakamoto
Beauty (1990)
Com Trilok Gurtu
Living Magic (1991)
Com Vienna Boys' Choir
Around the World: Where Jazz Meets World Music (1991)
Com David Sanborn
Upfront (1992)
Com John Zorn
Filmworks 1986-1990 (1992)
Com Penguin Cafe Orchestra
Union Café (1993)
Com vários artistas
Baião de Viramundo - Tributo a Luiz Gonzaga (2000)
Nenhum comentário:
Postar um comentário