quinta-feira, 24 de março de 2016

NO OÁSIS DE BETHÂNIA



Brasil: MPB

 
Publicado por Janine Nogueira


Maria Bethânia é uma figura artística que pode inspirar quem quer se expressar, viver, rezar, dançar e ser o que tiver que ser. É um desprendimento da estética fútil, é um ícone de beleza inteligente. É uma diva aos moldes brasileiros.



Maria Bethânia é uma cantora conhecida, reconhecida, mas pouco entendida. Qualquer um sabe dizer que ela é irmã do Caetano Veloso, mas não sabe que sua mãe Dona Canô é uma figura presente mesmo na vida artística. O seu cabelo “desgrenhado” é uma característica notória, que muitos usam como adjetivo: “Com esse cabelo, você parece a Maria Bethânia”. E por fugir dos padrões de mídia, é vista como feia, estranha e macumbeira.
Há uma grande parceria entre Bethânia e Caetano, sendo parte das músicas que ela canta compostas por ele. É uma fraternidade que compreende a ascendência, as ideologias e uma ode ao encanto de existir.
São poucos que sabem que uma poesia declamada por Bethânia é uma encenação excitada, forte e singular. Sua voz tão própria é de fácil conceito, que traz canções expressivas, simples, livres e empáticas.
A cultura que a cantora expressa é propriamente brasileira, e apesar da subestima que existe acerca da nossa originalidade, há uma identidade viva de costumes, encantos, inclusões espirituais e intelectuais. Ser fruto de uma raiz substanciada compreende uma ramificação de ações e conceitos. Não há base que sustente o que é oco, e a cultura brasileira é uma árvore forte que mira o céu.
Das entidades que regem Maria Bethânia, não há restrição apenas à Oyá, apesar da sua singular representação, a própria canta por uma força ‘multienergética’, pois abraça a supracitada multicultural existência humana.
Quem é fã de Bethânia já tem uma particularidade instigante, pois diz que há uma preferência pelo reflexo de uma beleza individualizada, um apreço por liberdade de existir e total compreensão de que se deve deixar o outro “gozar”.
A figura artística de Maria Bethânia pode ser inspiração àqueles que querem se expressar, viver, rezar, dançar e ser o que tiver que ser. É um desprendimento da estética fútil, é um ícone de beleza inteligente. É uma diva aos moldes brasileiros. Se ser “candomba” incomoda por significar personalidade, que seja! Que tenhamos cabelos bagunçados, pés descalços e força na voz tal como Bethânia. É uma nudez pra poucos admirarem.

 Capa do disco: Recital no Boite Barroco, 1968.

Nenhum comentário:

Postar um comentário