Brasil: MPB
Publicado por Janine Nogueira
Maria Bethânia é uma
figura artística que pode inspirar quem quer se expressar, viver, rezar, dançar
e ser o que tiver que ser. É um desprendimento da estética fútil, é um ícone de
beleza inteligente. É uma diva aos moldes brasileiros.
Maria Bethânia é uma cantora conhecida,
reconhecida, mas pouco entendida. Qualquer um sabe dizer que ela é irmã do
Caetano Veloso, mas não sabe que sua mãe Dona Canô é uma figura presente mesmo
na vida artística. O seu cabelo “desgrenhado” é uma característica notória, que
muitos usam como adjetivo: “Com esse cabelo, você parece a Maria Bethânia”. E
por fugir dos padrões de mídia, é vista como feia, estranha e macumbeira.
Há uma grande parceria entre Bethânia e
Caetano, sendo parte das músicas que ela canta compostas por ele. É uma
fraternidade que compreende a ascendência, as ideologias e uma ode ao encanto
de existir.
São poucos que sabem que uma poesia declamada
por Bethânia é uma encenação excitada, forte e singular. Sua voz tão própria é
de fácil conceito, que traz canções expressivas, simples, livres e empáticas.
A cultura que a cantora expressa é
propriamente brasileira, e apesar da subestima que existe acerca da nossa
originalidade, há uma identidade viva de costumes, encantos, inclusões
espirituais e intelectuais. Ser fruto de uma raiz substanciada compreende uma
ramificação de ações e conceitos. Não há base que sustente o que é oco, e a
cultura brasileira é uma árvore forte que mira o céu.
Das entidades que regem Maria Bethânia, não
há restrição apenas à Oyá, apesar da sua singular representação, a própria
canta por uma força ‘multienergética’, pois abraça a supracitada multicultural
existência humana.
Quem é fã de Bethânia já tem uma
particularidade instigante, pois diz que há uma preferência pelo reflexo de uma
beleza individualizada, um apreço por liberdade de existir e total compreensão
de que se deve deixar o outro “gozar”.
A figura artística de Maria Bethânia pode ser
inspiração àqueles que querem se expressar, viver, rezar, dançar e ser o que
tiver que ser. É um desprendimento da estética fútil, é um ícone de beleza
inteligente. É uma diva aos moldes brasileiros. Se ser “candomba” incomoda por
significar personalidade, que seja! Que tenhamos cabelos bagunçados, pés
descalços e força na voz tal como Bethânia. É uma nudez pra poucos admirarem.
Capa do disco: Recital no Boite
Barroco, 1968.
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