Literatura: jornalismo
Colaboração
de Luiz Eduardo Costa
O grande
nome do jornalismo sergipano
O São
Francisco na sua agônica transmigração para o porte dos inexpressivos cursos
intermitentes sacrificados pela aridez, e por tantos outros agravantes, vem
recebendo a solidária piedade dos que estão perto a acompanhar o seu calvário,
e de tantos outros, mesmo distantes,
que compreendem a importância de um rio, o que significam as suas águas para a
vida, para o alento e a esperança dos homens,
e das terras castigadas; para a sobrevivência do nosso planeta, esta ínfima
morada cósmica, onde a inteligência com a qual nos diferenciamos dos outros moradores, talvez não tenha sido
ainda suficiente para nos fazer entender toda a dimensão das nossas
fragilidades. Entre os defensores do rio, inclui-se agora o Juiz Federal em
Propriá (Sergipe). Que outros, pelas margens do rio extenso, a ele se juntem.
O MAR
AVANÇA E O VELHO CHICO ENCOLHE
Nas marés
grandes de fevereiro, que antecederam as maiores que ocorrerão agora em março,
nos municípios estuarinos de Brejo Grande e Ilha das Flores a DESO (Sergipe)
precisou interromper o bombeamento de água durante o período da preamar,
evitando-se, assim, que a água salgada entrasse pelas tubulações. Por isso, nas
torneiras dos dois municípios não jorrou água salgada. Este mês as precauções
aumentam com a previsão de marés mais altas.
O oceano avança enquanto o rio encolhe, agora,
com apenas 800 metros cúbicos por segundo de descarga na foz. Para um rio
outrora portentoso, que despejava por segundo mais de 2 mil metros cúbicos de
água no mar, a situação é extremamente
critica. Projetos de irrigação da CODEVASF, onde se cultiva basicamente o
arroz, estão ameaçados pelo avanço da água salgada.
A tendência
é de um progressivo avanço do mar rio a dentro,
e isso afetará todo o baixo São
Francisco, região que já sofre os
impactos das transformações ocorridas em consequência do sucessivo
barramento do curso do rio. O Velho
Chico é agredido a partir da sua origem na Serra da Canastra, e segue durante
todo o seu curso superior, depois, no médio e no baixo, sofrendo as
consequências do descaso como vem sendo tratado ao longo dos séculos.
A
recuperação do rio exigirá tempo e um elenco complexo de ações que vêm sendo
proteladas, e há duvidas, se, mesmo que essas ações sejam rapidamente
postas em prática possam gerar os
efeitos almejados. Os técnicos que
estudam o processo de degradação do Velho Chico convergem, agora, em direção à
antiga e desprezada ideia da transposição das águas fartas da bacia do
Tocantins, para que fortaleçam um outro rio
em agonia. Seria, admitem, a única solução capaz de impedir a
progressiva morte anunciada do São Francisco. Trata-se de um projeto complexo
que exigirá um investimento da ordem de mais de 15 bilhões de reais e demandará
um consenso político dos 3 estados por onde corre o Tocantins, e dos cinco estados banhados pelo São
Francisco. Deverá haver, também, o apoio explicito daqueles outros estados
nordestinos que ainda esperam receber um pouco que seja do minguante Velho
Chico, através dos canais cujas obras se arrastam. Do debilitado curso d’água
não se poderá exigir nenhuma doação, e isso incluiria, também, o tão anunciado
e pouco crível Canal de Xingó, que beneficiaria o semiárido sergipano. O
eficiente Ministro Gilberto Ochi esteve em Aracaju para assinar o contrato do
projeto de engenharia. Trata-se de um primeiro passo, mas, sabe-se muito bem
como são lentas essas obras federais. O governador Jackson Barreto festejou a
iniciativa, a providência pela qual tanto tem lutado. O ideal seria que se
iniciassem, agora, as ações políticas em defesa do projeto de transposição do
Tocantins. Assim, seria possível que nos próximos 15 ou 20 anos as duas obras
viessem a ser concluídas.
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