Mundo: vício
A rota do
fumo a partir de Colombo
Charuto é uma forma de preparação do tabaco para
fumar. Pode ser feito à mão ou à máquina, geralmente fechado em uma das
extremidades, que após a remoção de parte da cabeça (parte fechada do charuto)
é aceso na outra extremidade e fumado a partir da abertura feita pelo corte.
Atualmente, os charutos
são produzidos em vários países, que inclui países americanos (Cuba e Brasil),
europeus (Itália, Suíça e Alemanha),
entre muitos outros.
Mas o país que possui o título de melhor produtor
de charutos do mundo, e o retém há décadas, é Cuba. Isto
acontece por diversos fatores, entre eles, as condições climáticas, horas de
iluminação solar, temperatura, umidade, condições do solo e outros. Uma região
especial é Pinar del Río, única região de Cuba que
produz os charutos chamados de "havanos" (qualquer charuto produzido fora dessa
região não recebe essa qualificação).
Tubo, charuto e cortador em
forma de guilhotina
Até hoje não há um
consenso quanto a origem das palavras charuto e tabaco. Alguns acham que tabaco vem de Tobago (a
ilha); outros que veio de Tabasco (México). Em 1535, Fernandez de Oviedo,
vice-rei da Espanha em São Domingos, escreveu que os nativos "usavam um tubo
em forma de Y" inserindo as extremidades da forquilha em suas narinas
e o tubo em si na planta e os que não encontravam a madeira certa puxavam a
fumaça por um galho oco e a isso chamavam "tobago",
entendendo-se que não se tratava da planta ou do seu efeito, mesmo que ainda
haja divergência na literatura.
Uma relíquia datada do século X,
descoberta no território da Guatemala,
mostra um maia fumando folhas de fumo juntas por um
fio de barbante, amarradas na forma de um rolo. O único problema com essa evidência
histórica sobre a invenção dos charutos, é que a civilização maia já
tinha surgido há mais de dois milênios, portanto, não é possível determinar com
precisão quando se fumou dessa forma pela primeira vez.
Nativos de outras áreas também fumavam tabaco por
diversos motivos. Os norte americanos nativos fumavam cachimbos como parte de suas celebrações espirituais;
habitantes antigos da América do Sul fumavam folhas de fumo moído envolto em
folhas de vegetais; e é conhecido o fato de que os astecas fumavam um caniço oco
com tabaco em
seu interior.
Raras são as evidências realmente precisas sobre os
charutos e outras formas de consumir tabaco, mas
pode-se dizer que o tabaco vem sido utilizado para fumar há
milênios, e o charuto como é conhecido hoje se originou disso.
A palavra
"charuto" deriva provavelmente da palavra Tamil "curuttu", que significa enrolar em espiral, e que deu
origem também à palavra "cheroot" em língua inglesa e "cheroute" em francês. É
comum em várias regiões do Oriente fumar tabaco ou outras ervas enrolados em
folhas. A palavra pode ter chegado à Europa com os navegadores portugueses.
O fumo e suas diversas
formas só começaram a se difundir após a chegada de Cristóvão Colombo na América, no ano
de 1492. Tentando encontrar um
novo caminho para chegar até a Índia, onde o comércio de especiarias gerava grandes fortunas, ele acabou por
desembarcar no dia 28 de Outubro em Cuba pensando
estar na China. Dois homens de sua tripulação - Rodrigo de Jerez e Luis de
Torres - foram enviados para explorar a região no mês de Novembro, e
retornando, fizeram relatos sobre os índios tainos que: "...tinham tochas
nas mãos e ervas das quais inalavam fumaça, ervas secas dentro de uma folha,
igualmente seca... acesas na ponta, eram chupadas ou aspiradas, o que lhes
entorpece a pele e é quase intoxicante, e dizem que dessa forma jamais sentem
fadiga". É provável que um desses homens tenha sido o primeiro europeu a
fumar um desses charutos rudimentares.
Décadas mais tarde, Gonzalo Fernandez escreveu
em A História Natural das Índias Ocidentais, publicado no ano de
1535, o seguinte relato: "Os habitantes locais utilizavam tubos ocos de
madeira em forma de Y pondo as pontas bifurcadas dentro do nariz e no tubo
ervas ardentes", demonstrando que o tabaco era consumido pelos mais
diversos motivos. Mas o verdadeiro ancestral do charuto era feito de folhas de
fumo envoltas em uma folha de outro tipo, tais como bananeira, milho ou
palmeira.
Assim como a maior parte da história da invenção do
charuto é desconhecida, o seu introdutor no Velho Mundo também é. Cristóvão Colombo não estava interessado pelo fumo, pois
sua viagem tinha como objetivo encontrar uma nova rota para chegar até a Índia.
Existem vários candidatos ao cargo: o monge Ramon Pane, os navegadores
portugueses Fernão de Magalhães e Pedro Álvares Cabral, o conquistador espanhol Hernán Cortés, Francisco Hernandez Gonçalo, Hernandez de
Toledo, e até mesmo Américo Vespúcio (o florentino que deu nome a América).
Embora a origem do
introdutor seja obscura, pode-se afirmar que com o domínio europeu sobre o Novo Mundo, os
marinheiros, exploradores logo começaram a fumar, e após estes, os colonos e
conquistadores.
Quando os conquistadores retornaram para a sua terra natal, introduziram o
hábito na Espanha e Portugal por volta do século XVI.
Daí, provavelmente o fumo foi levado até a França pelo
embaixador francês em Portugal, Jean Nicot, que deu nome à planta (Nicotiana tabacum e à nicotina. Embora haja a versão do padre André Thievet, que
teria feito isto no ano 1556, segundo seus defensores. O fumo também foi
levado para a Itália e Grã-Bretanha, sendo que neste último país o introdutor foi um
dos homens de Sir Walter Raleigh, Thomas Hariot, após uma expedição (embora Raleigh
tenha contribuído muito na popularização do hábito na Grã-Bretanha).
No início, o tabaco foi utilizado com outros
propósitos, inclusive medicinais: Catarina de Médicis, rainha da França de
março de 1547 até julho de 1559, foi apresentada à planta por Nicot, e a tomava
em pó para combater enxaquecas, enquanto outros a tomavam para remediar
infecções de pele. Quando Catarina começou a utilizar a planta, esta se tornou
sinal de riqueza e ficou conhecida por um certo período de tempo como
"erva da rainha", e depois como "erva do embaixador", após
Nicot ter começado a cultivá-la.
Formatos
No início do século XVI, o tabaco era conhecido em todo o continente
europeu e cultivado por colonos na América. A esse ponto, o fumo já tinha
adquirido valor comercial e passou a ser negociado com as metrópoles. Mas a
produção em larga escala começou no ano de 1531 em Santo Domingo, Cuba, e em
1600 no Brasil. Na Europa o cultivo começou em 1558 em Portugal, 1559 na
Espanha, 1565 na Inglaterra e 1620 na França.
A partir do ano de 1676, a Espanha passou a
produzir os primeiros charutos usando fumo cubano em Sevilha, sendo instaladas
em 1731 as principais fábricas (após o monopólio estatal ser anunciado em
1717). Finalmente os charutos ganharam fama e outras formas de utilização do tabaco
passaram a ser menos utilizadas.
Mas o hábito só chegou até a América do Norte
depois que o coronel Israel Putnam retornou de Cuba,
aonde era um oficial do exército inglês e participou no cerco à Havana. Antes
de participar nas guerras contra os franceses e índios, Putnam era lavrador, e
quando retornou para sua casa em Connecticut, EUA, com charutos e tabaco
cubanos, fábricas foram abertas rapidamente na região de Hatford.
O FUMO E O CHARUTO BAIANO
O charuto baiano se
encontra internacionalizado e é havido entre os melhores do mundo. É de dar
inveja a Fidel
O fumo Brasil-Bahia é uma espécie original que tem uma cor castanha.
Mas, conforme a origem de produção e os processos de secagem e beneficiamento,
sua cor varia do marrom claro ao escuro, podendo até ser negra. Os grandes
consumidores dos artesanais brasileiros são os alemães que, apaixonados por seu
sabor adocicado e excelente aroma, não se incomodam nem mesmo com a capa escura
que assusta muitos americanos e mesmo brasileiros.(Lima, 2000) Os melhores
fumos situam-se no centro da região, em torno de Cruz das Almas, Conceição do
Almeida e São Gonçalo dos Campos. A região de São Gonçalo produz folhas grandes
de cor marrom uniforme e aroma forte. Na mata sul, as folhas são pequenas, de
cor amarelo-esverdeada clara, de sabor seco e aromático. Os fumos da mata norte
possuem um aroma doce, a cor é castanha avermelhada e de boa elasticidade. Toda
a produção baiana de charutos está distribuída em quatro grandes empresas: a
Menendez & Amerino, a Dannemann, a Chaba – Charutos da Bahia e a Le Cigar.
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