Cultura: crônica
Publicado
por Ryano Mack
Historiador,
Professor, Músico, compositor, vocalista e guitarrista da banda Bendito Mal,
amante de café, leitura e música, Quero muitos inícios e poucos finais...
Os discursos de R.H
impõem uma série de padrões ao mesmo tempo em que exigem um diferencial, o
caminho de quem se modela a todas essas imposições são fabricados e perpetuam a
mediocridade.
É cada vez mais comum um discurso que
enaltece o mercado de trabalho competitivo, exigente e a importância da
qualificação profissional, com essa redundante análise somos bombardeados por
informações e regras de comportamento impostas que condicionam a grande maioria
à procura da vantagem competitiva. Nesse cenário surge o sujeito em busca do
sucesso financeiro, alienado e com sangue no olho, que nem ao menos se dá ao
trabalho de refletir o porquê da disputa ou como definir o que é sucesso,
colocando assim as oportunidades, os clichês de RH e os altos salários na
frente do básico: a personalidade, caráter e ética.
A inserção ao mercado propõe ampliar as
características competitivas do profissional, que por sua vez, é doutrinado à
caça ao dinheiro, poder e status social. Com pressa de ser bem-sucedido, ele
deverá seguir adestrado e superficial, com a finalidade de potencializar seus
comportamentos e se adaptar ao perfil do mercado, sem levar em consideração a
diversidade de fatores particulares e complexos, tais como valores pessoais e
desejos intrínsecos. O mercado de trabalho é um paradoxo constante, ele
classifica um monte de características as quais os candidatos devem se
sujeitar, ao mesmo tempo em que exige um "diferencial".
Essa conjectura de padrões comportamentais
idealizados, simpáticos a tudo que é lucrativo, leva esse sujeito a ambição
como balizador do comportamento, sendo assim, prioriza o conforto mundano como
filosofia de vida em detrimento da realização pessoal. Obstinado no rastro do
objetivo cego de encontrar um amplo mercado profissional e grandes ganhos,
procura em sua perseguição os mecanismos de qualificação para o mesmo, não se
importa com o conhecimento adquirido e sim com sua meta.
Ao invés do bem sucedido ser aquele que ama o
que faz, é mais compensador discursos de sucesso que fabriquem idiotas amorfos
dispostos a modelar seu comportamento apenas para subir de cargo e ganhar mais.
Seja um vencedor diz o discurso, e
o fantoche obsessivo por um estilo de vida, especula informações financeiras,
investiga o tempo mais curto, pois para ele, basta ter um currículo cheio do
que a ‘idiocracia’ corporativa pede, para poder escolher o emprego em que se
trabalhe menos e ganhe mais, ou na emergência de ter que se mostrar
"pró-ativo" faz se valer estratégias com melhor custo-benefício. A
entrevista é um jogo de cartas marcadas, depois de ter lido algo como “10
coisas para se dar bem na entrevista de emprego”, regurgita a fala ensaiada, um
fugaz e superficial conhecimento da empresa, com sua postura robótica e o
sorriso falso, lá está, mais um cargo ocupado por quem confunde demagogia com
sustentabilidade, e o individuo um pouco melhor adaptado ao momento, com sua
personalidade ajustada, exibe sua vitória deslumbrado em sua fachada estética,
o seu código de barras e uma mesa perto do chefe.
E então o discurso influência o caminho de
suas crias, que ainda na faculdade não ousam, se adaptam ao clichê da
mediocridade, se manifestam por moldes cheio de regras e nada criativo, não
questionam, pelo contrario amam a acomodação, pois precisam apenas adotar
determinados comportamentos e não ganhos intelectuais, afinal só estão ali
mesmo para conseguir a nota mínima para a aprovação.
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