quarta-feira, 14 de setembro de 2016

MERCADO DE TRABALHO E O DISCURSO PARA MEDÍOCRES

Cultura: crônica





Publicado por Ryano Mack
Historiador, Professor, Músico, compositor, vocalista e guitarrista da banda Bendito Mal, amante de café, leitura e música, Quero muitos inícios e poucos finais...



Os discursos de R.H impõem uma série de padrões ao mesmo tempo em que exigem um diferencial, o caminho de quem se modela a todas essas imposições são fabricados e perpetuam a mediocridade.





É cada vez mais comum um discurso que enaltece o mercado de trabalho competitivo, exigente e a importância da qualificação profissional, com essa redundante análise somos bombardeados por informações e regras de comportamento impostas que condicionam a grande maioria à procura da vantagem competitiva. Nesse cenário surge o sujeito em busca do sucesso financeiro, alienado e com sangue no olho, que nem ao menos se dá ao trabalho de refletir o porquê da disputa ou como definir o que é sucesso, colocando assim as oportunidades, os clichês de RH e os altos salários na frente do básico: a personalidade, caráter e ética.
A inserção ao mercado propõe ampliar as características competitivas do profissional, que por sua vez, é doutrinado à caça ao dinheiro, poder e status social. Com pressa de ser bem-sucedido, ele deverá seguir adestrado e superficial, com a finalidade de potencializar seus comportamentos e se adaptar ao perfil do mercado, sem levar em consideração a diversidade de fatores particulares e complexos, tais como valores pessoais e desejos intrínsecos. O mercado de trabalho é um paradoxo constante, ele classifica um monte de características as quais os candidatos devem se sujeitar, ao mesmo tempo em que exige um "diferencial".
Essa conjectura de padrões comportamentais idealizados, simpáticos a tudo que é lucrativo, leva esse sujeito a ambição como balizador do comportamento, sendo assim, prioriza o conforto mundano como filosofia de vida em detrimento da realização pessoal. Obstinado no rastro do objetivo cego de encontrar um amplo mercado profissional e grandes ganhos, procura em sua perseguição os mecanismos de qualificação para o mesmo, não se importa com o conhecimento adquirido e sim com sua meta.
Ao invés do bem sucedido ser aquele que ama o que faz, é mais compensador discursos de sucesso que fabriquem idiotas amorfos dispostos a modelar seu comportamento apenas para subir de cargo e ganhar mais.
Seja um vencedor diz o discurso, e o fantoche obsessivo por um estilo de vida, especula informações financeiras, investiga o tempo mais curto, pois para ele, basta ter um currículo cheio do que a ‘idiocracia’ corporativa pede, para poder escolher o emprego em que se trabalhe menos e ganhe mais, ou na emergência de ter que se mostrar "pró-ativo" faz se valer estratégias com melhor custo-benefício. A entrevista é um jogo de cartas marcadas, depois de ter lido algo como “10 coisas para se dar bem na entrevista de emprego”, regurgita a fala ensaiada, um fugaz e superficial conhecimento da empresa, com sua postura robótica e o sorriso falso, lá está, mais um cargo ocupado por quem confunde demagogia com sustentabilidade, e o individuo um pouco melhor adaptado ao momento, com sua personalidade ajustada, exibe sua vitória deslumbrado em sua fachada estética, o seu código de barras e uma mesa perto do chefe.
E então o discurso influência o caminho de suas crias, que ainda na faculdade não ousam, se adaptam ao clichê da mediocridade, se manifestam por moldes cheio de regras e nada criativo, não questionam, pelo contrario amam a acomodação, pois precisam apenas adotar determinados comportamentos e não ganhos intelectuais, afinal só estão ali mesmo para conseguir a nota mínima para a aprovação.




Nenhum comentário:

Postar um comentário