terça-feira, 15 de novembro de 2016

A FILMOGRAFIA DE ANDREI TARKOVSKY

 Arte cinematográfica












Publicado por Bruno Knott
Bruno Knott escreve aqui sobre o seu assunto preferido: cinema. Acredita que o bom cinema está acima de qualquer gênero.



O diretor russo Andrei Tarkovsky foi um dos grandes diretores que o cinema já viu. São apenas 7 filmes, mas todos possuem vários aspectos marcantes. Gênio, poeta visual, artista!



Filho do poeta Arseny Tarkovsky, o russo Andrei Tarkovsky é um cineasta com marca própria. Adotando um ritmo peculiar, o diretor preferia utilizar longas tomadas e conseguia explorar a beleza da fotografia como poucos. Seus filmes não terminam com a última cena, pois ele praticamente nos obriga a pensar e muito sobre o que acabamos de ver. Podemos dizer que alguns dos seus filmes exigem uma certa paciência, mas assim que você se acostuma com o estilo dele, vai entender os motivos que o fazem ser considerado um dos grandes nomes do cinema
Que tal um passeio pela filmografia de um dos mestres da Sétima Arte?
A Infância de Ivan (Ivanovo detstvo, 1962) 



 O trabalho mais acessível do diretor mostra a participação do garoto Ivan na Segunda Guerra. É uma reafirmação da crueldade e imbecilidade da guerra, que serve apenas para destroçar famílias e sonhos. A Infância de Ivan é sobre a perda precoce da inocência, sobre uma criança que ao invés de brincar de esconde-esconde e admirar a beleza de uma borboleta, ajuda o exército a reconhecer o território inimigo. É um material bem forte, que ainda conta com uma cena extremamente tensa e cheia de suspense que envolve uma travessia de barco em uma escuridão sufocante.
Andrei Roublev - O Artista Maldito (Andrey Rublyov, 1966) 



 Esta é a visão de Tarkovsky sobre a vida de Andrei Roublev, um pintor de ícones religiosos que viveu no fim da idade média. Eis um verdadeiro épico medieval com 3 horas e meia de duração, dividido em 8 capítulos. Cada capítulo mostra situações e acontecimentos que influenciaram Roublev e que também são retratos da História da Rússia. A fotografia em preto e branco reforça ainda mais a beleza da obra.
Solaris (Solyaris, 1972) 



 Considerado um filme preparatório para a realização de Stalker, Solaris é uma ficção científica contemplativa e de ritmo lento. O mistério está presente do começo ao fim. Ele levanta algumas questões filosóficas, mas não as responde. Um personagem fala que felizes são aqueles que não se questionam sobre coisas importantes, o que dá uma boa ideia do clima do filme. De qualquer forma, ele exige bastante atenção, pois não é fácil de ser absorvido.
O Espelho (Zerkalo, 1975) 



 Imagens fortes, poderosas e cheias de simbolismos são usadas para contar a história de um homem que relembra toda a sua vida. Salta aos olhos o teor autobiográfico do filme, que muitas vezes é bem confuso graças a uma mistura um tanto caótica de flashbacks, filmes históricos e poesias recitadas. Este é daqueles que pede mais do que uma assistida. É considerado por muitos o trabalho mais impenetrável do diretor, algo que concordo.
Stalker (Сталкер, 1979) 



 Tarkovsky faz da Zona um local com uma atmosfera perigosa. É uma área natural gigante que possui alguns objetos que a tornam assustadora, como tanques enferrujados, seringas, símbolos religiosos na água e assim por diante. O diretor russo cria imagens de beleza extrema. É possível apertar o pause em qualquer cena que você terá uma verdadeira obra de arte. As longas tomadas e os movimentos de câmera peculiares de Tarkovsky nos passam a ideia de que estamos vendo um sonho. Somos hipnotizados por aquele mundo. Antes de tentar compreender o filme, devemos senti-lo. Mas o que é A Zona? O resultado de um meteorito? Algo feito por seres alienígenas? E o que leva as pessoas a se arriscarem lá dentro? Autoconhecimento, desejo de aventura ou a simples ambição de ter seus desejos realizados? As conversas dos personagens parecem sem propósito, porém estão repletas de significado. Um deles se pergunta sobre a arte, sobre a música, sobre o altruísmo e sobre a fé. Enfim, é uma reflexão sobre o ser humano e sua relação com o mundo.
Nostalgia (Nostalghia, 1983) 



 Não é uma experiência fácil de ser compreendia. É sobre um poeta que viaja até a Itália para pesquisar a vida de um compositor russo do século 18. O destaque aqui também são as imagens e o grande teor metafórico de algumas cenas, mas é o único filme do diretor que não me comoveu tanto, apesar do trágico final.
O Sacrifício (Offret, 1986) 


 Há um clima de melancolia reforçado pela fotografia espetacular do habitual colaborador de Bergman, Sven Nykvist. O personagem principal tem longos monólogos em que discorre sobre o medo da morte, sobre o fato de passar a vida esperando algo acontecer e sobre o sentimento de que existe algo de errado com a civilização, tão errado que não há mais tempo para consertar. Assim como os personagens, somos surpreendidos pelo início de uma provável terceira Guerra Mundial e a única maneira de evitar o fim do mundo é o tal sacrifício do título, que não revelarei, apenas digo que envolve uma feiticeira local.





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