Política brasileira
Blog do
Josias
Por Josias de Souza
10/11/2016 03:48
Em ato programado para as 18h30
desta quinta-feira (10), em São Paulo, o Partido dos Trabalhadores e seus
aliados lançarão um movimento que tem o seguinte slogan: ''Por um Brasil justo
pra todos e pra Lula.''
Na
explicação oficial, o evento servirá para inaugurar uma “campanha em defesa da
democracia, do Estado de direito e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”
Na prática, trata-se de uma reação antecipada à provável condenação e à
eventual prisão de Lula na Operação Lava Jato. Tenta-se convertê-lo em mártir.
Participam
do movimento capitaneado pelo PT legendas e entidades companheiras —PCdoB, CUT
e MST, por exemplo—, além de artistas e intelectuais. Será divulgado um
manifesto seguido de abaixo-assinado. Nele, a Lava Jato é apresentada como uma
iniciativa deletéria.
Insinua-se
no texto que, “sob o pretexto de combater a corrupção”, a maior e mais
bem-sucedida operação contra o assalto sistêmico aos cofres do Estado promove
“ataques aos direitos e garantias” individuais.
Depois
de apontar alegados “excessos e desvios” da força-tarefa de Curitiba contra
Lula, o documento sustenta: ''Esse conjunto de ameaças e retrocessos exige uma
resposta firme por parte de todos os democratas, acima de posições
partidárias.”
Acrescenta:
“Quando um cidadão é injustiçado – seja ele um ex-presidente ou um trabalhador
braçal – cada um de nós é vítima da injustiça, pois somos todos iguais perante
a lei. Hoje no Brasil, defender o direito de Lula à presunção da inocência, à
ampla defesa e a um juízo imparcial é defender a democracia e o Estado de
direito…”
Confrontado
com a realidade, o manifesto de vitimização de Lula torna-se uma peça de
ficção. Na vida real, a Lava Jato não ameaça nenhum trabalhador braçal. Mas já
derreteu a presidência de Dilma Rousseff; prendeu empreiteiros do porte de
Marcelo Odebrecht; mantém atrás das grades petistas como José Dirceu, Antonio
Palocci e João Vaccari; arrastou Eduardo Cunha da presidência da Câmara para a
carceragem de Curitiba; enrolou a corda no pescoço de peemedebistas como Renan
Calheiros e Romero Jucá; transformou em protagonistas de inquéritos e delações
tucanos com a plumagem de Aécio Neves e José Serra; subiu a rampa do Planalto e
bate à porta de ministros palacianos e de Michel Temer.
Ao
alcançar Lula, a faxina da Lava Jato perturba a oligarquia que cultivava a
fantasia de que um dia seria possível “estancar a sangria”. Pela primeira vez
desde as caravelas uma operação anticorrupção deixa impotentes os poderosos que
se julgavam acima da lei. Faz isso coma o respaldo de tribunais superiores. No
caso de Lula, os procedimentos vêm sendo saneados e ratificados pelo Supremo
Tribunal Federal. Ou seja, longe de estar ameaçada, a democracia brasileira
revela-se vigorosa.
A
campanha a ser deflagrada nesta quinta-feira prevê a organização de atos em
defesa de Lula no Brasil e no exterior. Entretanto, as únicas defesas que podem
ajudar o personagem são as petições que seus advogados enfiam dentro das três
ações penais em que Lula figura como réu. Até aqui, essas petições têm se
revelado insubsistentes. Ainda assim, Lula sustenta que não tem nada a ver com
a corrupção. Quem ousaria discutir com um especialista?
Independente do partido, quem rouba tem que ir para a cadeia!
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