italiana da região do Vêneto, província de Veneza no nordeste deItália. Tem cerca de 271 009 habitantes e é conhecida pela sua história, canais, museus e monumentos. A comuna de Veneza estende-se por uma área de 412 km², incluindo as ilhas de Murano, Burano e outras na lagoa de Veneza, tendo uma densidade populacional de 646 hab/km². Faz fronteira com Campagna Lupia, Cavallino-Treporti, Chioggia, Jesolo, Marcon, Martellago, Mira, Mogliano Veneto (TV), Musile di Piave, Quarto d'Altino, Scorzè, Spinea. A parte de Veneza em terra firme é a fração comunal de Mestre.
A
cidade foi formada num arquipélago da laguna de Veneza, no golfo de Veneza,
no noroeste do mar Adriático.
Por
mais de um milênio, foi capital da Sereníssima República de Veneza, cujo território, no ano da sua queda (1797), incluía grande parte do nordeste
da atual Itália e da costa oriental
da península,
bem como das ilhas do Adriático.
Tornou-se uma potência comercial a partir do século X,
quando sua frota já era uma das maiores da Europa. Foi uma das cidades mais importantes da
Europa, com uma história rica e complexa e um império de influência mundial
comandado pelos doges,
os líderes da cidade. Como cidade comercial, tinha várias feitorias (Stato da Mar),
como o Senhorio
de Negroponte e a cidade de Dirráquio (atual
Durrës),
assim como ilhas inteiras: Creta, Rodes, Cefalônia e Zante, por exemplo, e controlava várias rotas
comerciais no Levante. O
historiador Fernand
Braudel classificou Veneza como a primeira capital econômica do capitalismo.
O
patrono da cidade é São Marcos (festa
em 25 de abril).
A festa do povo do Véneto é celebrada em 25 de março,
data da fundação da cidade.
É
classificada como Património
da Humanidade pela UNESCO. Dos muitos monumentos e locais turísticos
existentes, destacam-se a imponente Basílica
de São Marcos, na adjacente Praça de São Marcos, a famosa Ponte de Rialto sobre
o Grande
Canal, construída em 1588 segundo projeto de Antonio da Ponte,
aCa' d'Oro e
numerosas igrejas e museus.
Veneza
é ainda famosa pelos seus certames internacionais, como o Festival de Cinema e a Bienal de Artes, pela Regata Histórica, que ocorre no primeiro
domingo de setembro, pelo fabrico de vidro, pelo Carnaval de Veneza, pelos cassinos e pelos seus passeios românticos, levando muitos casais
a passarem suas luas-de-mel.
Nesta
cidade nasceram os Papas Gregório XII, Eugênio IV, Paulo II, Alexandre VIII, Clemente XIII e Pio X,
além de numerosos artistas e arquitetos como Antonio Vivarini (1440-1480),
Antonio da Ponte (1512-1595), Tintoretto (1518-1594) e Canaletto (1697-1768). No campo da música, foi aqui
que nasceu e viveuAntonio Vivaldi (1678-1741).
Começando
em 166-168, os Quados e os Marcomanos destruíram a atual Oderzo. As defesas romanas foram derrubadas no início
do século V pelos Visigodose,
cerca de 50 anos depois, pelos hunos liderados por Átila.
A mais duradoura invasão foi a dos lombardos em 568. A leste, o Império Bizantino estava estabelecendo domínios na região do atual Vêneto e as principais entidades administrativas
e religiosas do império na Península Itálica foram transferidas para este
domínio. Foram construídos novos portos nos domínios, incluindo Malamocco e
Torcello na lagoa de Veneza.
O
domínio bizantino na Itália Central e Setentrional posteriormente foi eliminado
em grande medida pela conquista do Exarcado de Ravena em 715 por Astolfo. Durante este período, a sede local do governo
bizantino (a residência do "duque/doux", depois chamado de doge), foi situada em Malamocco.
Em 775-776, a sede do bispado de Olivolo (Helipolis) foi
criada. Durante o reinado do doge Agnello Participazio (811-827), a sede ducal foi movida de Malomocco para a
ilha protegida de Rialto (de
"rivoalto", isto é, costa alta).
O
doge era o primeiro magistrado da República de Veneza. Os seus atributos simbólicos eram ainda reminiscências do Império Bizantino.
O
poder dos doges foi sempre limitado pelos venezianos, através, por exemplo, do promissio
ducalis, uma carta de princípios e promessas que deviam jurar na data de
entrada em funções. O texto foi fixado em 1172, quando foi eleitoEnrico Dandolo,
e foi alvo de alterações em 1192 e 1229. A partir deste último ano, a eleição do doge
ficou submetida ao exame do Conselho dos Cinco Correctores. A partir de 1501, a promissio foi lida todos os
anos ao doge em funções. Em 1646, a dogeza (a mulher do doge)
foi interdita à coroação. Durante o século XVII,
os membros da família do doge eram impedidos (cassados) na magistratura e
embaixadas venezianas.
O
primeiro título de doge em Veneza foi dado no século IX como dux
Veneciarum ("chefe dos Venezianos"), título que se manteve
durante toda a existência do cargo.
Do
século IX ao século XII,
os doges juntaram ao título os de dux Croatorum ("chefe
dos croatas"), dux
Dalmatinorum (chefes dos dálmatas), totius Istriæ dominator ("soberano
de toda a Ístria"), dominator
Marchiæ ("soberano das Marcas"), traduzindo assim o domínio veneziano
no mar Adriático. Em 1095,
o epitáfio do doge Vitale
Faliero de Doni proclamava-o mesmo rex
et corrector legum ("rei e promulgador das leis").
Enrico
Dandolo, no fim do século XII, intitulava-se dominator quarte et
dimidie partis totius Imperii Romanie ("soberano de um quarto e
meio de todo o Império Romano"). O título prolongou-se até 1356 e foi abandonado por Giovanni Delfino.
A
influência política de Veneza foi marcante na história da
Europa, sobretudo quando a partir da Alta Idade Média se expandiu graças ao controlo do comércio com o Oriente e aos
benefícios que daí vinham. Essa expansão deu-se na zona do mar Adriático e
do Mar Egeu.
Veneza alcançou o apogeu na primeira metade do século XV,
quando os venezianos começaram a expandir-se pela Itália oriental, como
resposta ao ameaçador avanço de Gian
Galeazzo Visconti, duque de Milão.
Veneza
soube aproveitar todas as mudanças que ocorreram no mundo ocidental:
Aliou-se com os francos contra os longobardos.
Aliou-se com o Império Bizantino contra os normandos.
Foi benevolente e tolerante com
o Islã,
de tal modo que ao estar o Império Bizantino em guerra com os árabes este não
podia comerciar sem grandes riscos, e foi nessa ocasião que os navios
venezianos partiram para Alexandria, Beirute e Jaffa, monopolizando aquele comércio.
A queda de
Constantinopla em 1453 marcou o princípio da decadência. A descoberta
do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama (1498) e a descoberta da América por Cristóvão Colombo (1492)
deslocaram as rotas de comércio e Veneza viu-se obrigada a sustentar uma luta
esgotante contra os turcos otomanos.
Em 1797,
foi invadida pelas tropas de Napoleão Bonaparte. Com a assinatura do tratado de
Campofórmio, dividiu-se o seu território
entre França e Império Habsburgo.
Veneza
está rodeada de lagoas de pouco profundidade, e isso lhe valeu sempre como
excelente defesa. Nas suas águas encalhavam facilmente os navios que não
conheciam os fundos. Era também uma cidade entrincheirada protegida por grandes
muralhas. As "muralhas" de Veneza são os perigosos bancos de areia que
ficam quase a descoberto na baixa-mar. Para chegar a Veneza vindo do mar Adriático,
é preciso conhecer as passagens, que em tempos de paz eram assinaladas com
fileiras de estacas com luzes à noite.
Veneza
ocupa uma localização excepcional numa lagoa do Mar Adriático,
a lagoa de Veneza.
O
principal núcleo da cidade, o seu centro histórico, é constituído por um
conjunto de ilhas no
centro da lagoa, com um total de 60 0533 habitantes. A estas ilhas no centro da
lagoa há que juntar outras no estuário (30 2953 residentes) e também na parte continental
(180 661 residentes), que com os seus 130,03 km², representam
cerca 83% da área emersa do território.
A
cidade está coberta por 177 canais, 400 pontes e 118 ilhas, estando localizada entre a foz do rio Ádige (a
sul) e do rio Piave (a
norte). O centro histórico é totalmente pedonal, atuando como canais
rodoviários, bem como os diferentes barcos, que são os únicos meios de transporte na zona.
O centro histórico sempre esteve isolado de terra firme (algo que em numerosas
ocasiões representou um eficiente sistema de defesa) até 1846, quando foi construída a ponte ferroviária.
Em 1933,
a Ponte della Libertà, com 4 km trouxe para a entrada da cidade o tráfego rodoviário,
ligando Mestre à Piazzale
Roma. A cidade dista cerca de
37 km de Treviso e
40 km de Pádua.
As
outras principais ilhas da lagoa são: Lido, Murano, Burano e Torcello. Outras ilhas menores são São Miguel (a ilha do cemitério da cidade), Santo
Erasmo, Mazzorbo, La Vignole, Certosa São
Francisco do Deserto, São
Giacomo em Paludo, São
Servolo, São
Lazzaro degli Armeni e Giudecca.
Veneza
é mundialmente famosa pelos seus canais. A cidade foi construída sobre um arquipélago de
118 ilhas formadas por cerca de 150 canais numa lagoa rasa. As ilhas em que a cidade é
construída são ligadas por cerca de 400 pontes. No velho centro, os canais
servem a função de estradas, e de qualquer forma detransporte sobre a água ou a pé. No século XX,
um aterro permitiu uma ligação ao continente, a construção da estação
ferroviária de Venezia Santa Lucia em
Veneza, uma estrada para automóveis e um estacionamento. Para além destas
ligações para o continente no extremo norte da cidade, o transporte dentro da
cidade continua a ser, como foi em séculos passados, inteiramente na água ou em
pé. Veneza é a maior urbe da Europa com áreas
livres para carros, única na Europa,
permanecendo um considerável funcionamento da cidade no século XXI totalmente
sem carros ou caminhões.
Azienda
Trasporti Consorzio Veneziano (ACTV)
é o nome do sistema de transporte público em Veneza. Ele combina tanto o
transporte terrestre, com autocarro, e o canal de viagens, com
barcos-autocarros (vaporetti). No total, existem 25 rotas que ligam vários pontos na cidade.
O
barco clássico veneziano é a gôndola, mas agora é mais utilizado por turistas, ou
para casamentos, funerais ou outras cerimónias. A maioria dos venezianos agora
viaja em barcos motorizados (vaporetti) que fazem viagens regulares ao
longo das rotas principais dos canais da cidade e entre ilhas. A cidade também
tem muitas embarcações privadas. As únicas gôndolas ainda de uso comum pelos
venezianos são os Traghetti, onde os passageiros atravessam o Grande
Canal em determinados
momentos, sem pontes. Os visitantes podem ainda tomar os barcos-táxis entre
áreas da cidade.
Veneza
é servida pelo recentemente reconstruído Aeroporto
Internacional Marco Polo,
ou Aeroporto de Veneza Marco Polo, nomeado em homenagem ao seu
famoso cidadão. O aeroporto está situado no continente e foi reconstruído um
pouco longe da costa, no entanto, os barcos-táxis ou os barcos da Alilaguna
para Veneza servem os terminais a cada sete minutos.
Algumas
companhias do mercado, como o Aeroporto
de Treviso em Treviso, a 20 km de Veneza, servem como entrada
para Veneza. Alguns voos simplesmente anunciam "Veneza", sem nomear o
aeroporto, exceto no papel dos bilhetes.
Veneza
é praticamente uma zona sem carros, por ser construída sobre a água. Os
veículos podem atingir o terminal para carros/autocarros através da Ponte della Libertà (SR11). A ponte inicia-se a oeste do Mestre. Existem dois parques
de estacionamento que servem a cidade: Tronchetto e Piazzale Roma. os carros
podem ser estacionados ali 24 horas por dia, em que o preço a pagar é de cerca de
25 euros por dia. Um ferry para Lido serve
o parque de estacionamento de Tronchetto e é servido por autocarros e vaporetti,
como transportes públicos.
A
influência de Veneza estendeu-se naturalmente ao nível cultural ao longo da
História. Exemplos disso são as telas para pintura, inventadas na cidade,
inovações no fabrico do vidro,
o papel dominante da Escola
Veneziana na música europeia do
século XVI, o grande número de impressores das cidades, ou as palavras de
origem veneziana, relacionadas com a toponímia local ou características
próprias da cidade, e que entraram no vocabulário de muitas línguas europeias: arsenal, ciao, gueto, gôndola, lazareto, laguna, lido,quarentena, Montenegro ou regata. O diminutivo de Veneza deu ainda lugar à
designação da Venezuela,
que significa "pequena Veneza".
Veneza
é na atualidade uma cidade de artes por excelência, devendo a sua fama mundial
à simples condição de ser uma cidade construída sobre a água, com canais em vez
de ruas, e é tomada como modelo de comparação com todas as cidades com canais,
como por exemplo Amesterdão (A
Veneza do Norte)6 ou na China, onde Suzhou é dita Veneza do Oriente,7 ou Aveiro (A Veneza de Portugal), ou a Little
Venice de Londres, assim chamada por causa dos canais. Há um estado
que tem o seu nome etimologicamente ligado a Veneza: a Venezuela, assim chamada pelo navegador florentino Américo Vespucci por causa das aldeias palafitas que viu.
O
terreno sobre o qual se ergue Veneza fez com que ideias engenhosas permitissem
a construção de edifícios e espaços públicos sobre fundações muito difíceis. É
necessária a consolidação e a colocação de estacas.
O
delicado equilíbrio da lagoa, que se ressente com o aporto de sedimentos e de
água doce dos rios, da invasão da água do mar e da presença do vento, tornam
necessário o controlo do regime das águas ao longo do tempo. Veneza tem
intervenções hidráulicas de monta, que pretendem equilibrar o regime de subida
das águas, mas frequentemente dá-se o fenómeno da acqua alta,
quando as zonas mais baixas da cidade ficam totalmente cobertas por
água. O projeto MoSE foi lançado pelo governo italiano para proteger a
cidade, com diques e controlo das águas da lagoa vizinha9 mas é contestado por alguns
ambientalistas.
A
arquitetura típica veneziana tem um elemento facilmente reconhecível,
designado patera, e que é um baixo-relevo ornamental
de forma circular.
A
pintura veneziana teve influência da decoração bizantina e da pintura do norte
da Europa, especialmente na pintura a óleo.
Entre os pintores venezianos de maior importância encontram-se Antonello da Messina (1430-1479), Giovanni Bellini (1430-1516), Giorgione (1476/78-1510) - que introduziu uma série de pinturas
representativas de temas esotéricos e pastorais oníricas, Tiziano (1487/90-1576), considerado o maior dos pintores
venezianos, Jacopo Tintoretto (1518-1594) e Veronese (1528-1588).
O Carnaval de Veneza é uma festa carnavalesca que dura dez dias e em que os
participantes costumam usar trajes típicos do século XVIII e
máscaras. Nesses dias há em geral um acréscimo na já normal grande afluência de
turistas à cidade. Interrompido em 1797, foi somente retomado na década de 1980.
Veneza
é a pátria do célebre compositor barroco Antonio Vivaldi (1678-1741), do compositor Luigi Nono (1924-1990)
e do compositor e diretor de orquestra Giuseppe Sinopoli (1946-2001). Claudio Monteverdi, chamado a San Marco pela corte de Mântua reorganizou o coro local e completou os
seus madrigais em
Veneza.Giovanni Gabrieli (1557-1612) era veneziano. A Benedetto Marcello (1686-1739) foi dedicado o Conservatório
de Veneza. A tradição é antiga também
no Ospedale della Pietà, escola de música para órfãos onde Vivaldi ensinou. Em 1636, foi aberto
o primeiro teatro público pago do mundo, o San Cassiano. O teatro de ópera da
cidade é o La Fenice reconstruído
após o violento incêndio que o destruiu completamente em 1996. A Bienal de Veneza organiza
o Festival de música contemporânea.
O Festival Internacional de Cinema de Veneza (Mostra Internazionale d'Arte
Cinematografica) é um festival internacional de cinema que é realizado
anualmente desde 1932.
O festival acontece no Palazzo del Cinema.
Embora
o festival seja anual, ele está englobado no que se designa como Bienal de Veneza,
uma exposição internacional de artes de grande projecção internacional.
Veneza
é uma cidade rica em museus, galerias de arte e eventos relacionados. Entre
eles incluem-se: a Accademia,
museu e galeria de arte especializada em arte até ao século XIX, que fica na
margem sul do Grande Canal; o Museu Correr, museu municipal que ocupa parte da Ala
Napoleónica; a Ca' d'Oro;
e a mais recente Coleção
Peggy Guggenheim.
Veneza
é um importante centro do Catolicismo na Itália. A cidade é sede do patriarcado de Veneza (em latim:Patriarchatus Venetiarum) e sede metropolitana da Igreja Católica, pertencente à região
eclesiástica de Triveneto. Em 2004 contava 365 332 batizados entre
370 895 habitantes. No presente é regida pelo Cardeal Patriarca Angelo Scola.
A catedral é a Basílica de São Marcos, e a
co-catedral é a Basílica
de São Pedro de Castello.
A Biblioteca Marciana é a mais importante biblioteca de Veneza e uma das maiores de
Itália. Contém uma das mais ricas colecções de manuscritos do mundo, bem como
obras impressas, mapas, e outros documentos que totalizam milhares de
raridades. Ocupa parte dos edifícios da praça de São Marcos na piazzetta dei
Leoncini, na margem do Grande Canal.
Outro
ponto turístico é, no sestiere de Castello,
o Arsenal de Veneza, estaleiro onde eram construídos os grandes navios comerciais e de
guerra da Sereníssima República.
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