por Manuela
O patuá é um objecto consagrado que traz em si o
axé, a força mágica do Orixá, do santo católico ou guia de luz, a quem ele é consagrado.
Entre os católicos já era hábito utilizar um objeto
ou fragmento que tivesse pertencido a um santo ou a um papa, até mesmo
fragmentos de ossos de um mártir ou lascas de uma suposta cruz que teria sido a
da crucificação de Jesus. Até mesmo terra, que era trazida pelos cruzados que
voltavam da Terra Santa que utilizavam nesses relicários, eram considerados
poderosos amuletos, que deveriam atrair bons fluidos e proteger dos
infortúnios. Estes eram chamados de relicários. O nome relicário é originário
do latim relicare-religar, que acabou por formar a palavra relíquia.
Logo o
clero percebeu que não poderia impedir o uso dos patuás pelos negros, que os
tiravam antes de entrar na igreja, mas voltavam a usá-los ao afastar-se dela.
Decidiram, então, substituir os patuás africanos, que traziam trechos do
Alcorão, por outro que trazia orações católicas, medalhas sagradas, agnus dei,
etc.
Com a formação dos primeiros terreiros de Candomblé
e depois de Umbanda e a possibilidade de um contato mais direto com diversas
entidades espirituais, as pessoas que procuravam proteção começaram a encontrar
nesses objetos sagrados um apoio (era algo material que continha a força mágica
vibratória sempre consigo). A partir de então, as entidades passaram a orientar
a sua elaboração, indicando que objetos seriam incluídos na confecção do patuá
e como se deveria proceder com eles para que recebessem o seu axé, ou seja, a
força mágica.
Na verdade, a procura do patuá ou talismã é feita
principalmente por quem se sente inseguro e consequentemente necessitado de
maior proteção.
Os componentes mais utilizados para a confecção dos
patuás são os seguintes:
· Figas de Guiné
· Cavalos-marinhos
· Olho de lobo
· Estrelas de Salomão
· Estrelas da guia
· Cruz de Caravaca
· Couro de lobo
· Pêlo de lobo
· Santo Antonio de Guiné
· Imagens de Exú e Pombagira
· Pontos diversos, orações
· Sementes variadas
· Imãs
Não podemos esquecer que esses componentes singelos
não têm valor se não forem preparados pelas entidades. Somente estas podem dar
o axé ao patuá.
Como
preparar um patuá?
A pessoa reúne os componentes solicitados pela
entidade e leva-os ao terreiro. Quando forem cantados os pontos para as
entidades e os de defumação, deve descobri-los, defumando-os.
Quando a entidade estiver incorporada, a pessoa
apresenta-lhe os objetos para que ela lhe dê a bênção.
Anexos, a pessoa deve levar o nome por extenso, a
data de nascimento e outras informações que digam respeito a quem vai usá-lo
que vai usá-lo (se possível, o nome do Orixá que rege o destino da pessoa,
etc.). A entidade manifestada fará então o chamado “cruzamento” dos objetos,
seguindo a ordem em que os pediu.
Após o cruzamento (ou bênção) da
entidade, os objetos são envolvidos num pequeno saquinho preparado para
recebê-los e entregues ao consulente, que deverá pegar nele pela primeira vez
com a mão direita e levá-lo à altura do coração por algum tempo. Se for possível,
deve transportá-lo sempre de preferência junto ao coração.
Fonte: Candomblé, o Mundo dos
Orixás.
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