quinta-feira, 27 de março de 2014

A COMUNIDADE JUDAICA DA BAHIA



Foto Ilustrativa


A memória e história dos imigrantes, antes mergulhadas na apatia e desinteresse, estão sendo resgatadas por novos estudos. Personagens que numa vinda temerária atravessaram um oceano, deixando para trás sua língua, seus hábitos, seu cotidiano e até a própria família.





Essa mudança, por vezes traumática, sua acomodação nem sempre suave, devem ser objeto de estudos e de uma historiografia compatível com a procura das raízes das minorias brasileiras e da diversidade dos grupos que formaram o que chamamos, de forma ampla, o povo brasileiro.


Sabe-se de cristãos-novos que viveram na Bahia em diversos períodos: entre os degredados e colonos durante as Capitanias e Governo Geral. Anita Novinsky escreve que constituíam 10% a 20% da população branca na capital colonial, Salvador (Cristãos Novos na Bahia, p 67). Judeus vieram para o litoral do nordeste, durante o domínio dos flamengos, na Bahia (1624-25) e Pernambuco (1630-54), quando constituíram uma comunidade com atividade intensa em diversos setores, tendo fundado a primeira sinagoga das Américas em Recife, em 1641. (* Judeus no domínio holandês, p. 10 Esther R. Largman). Depois da derrota dos holandeses, a maioria preferiu sair do Brasil, retornando para Amsterdã ou migrando para a Guiana, Antilhas ou Nova Amsterdam (hoje Nova York).

Os réus dos tribunais da Inquisição são testemunhos preciosos. Quando a Carta de Lei, de 25/05/1773 do Marquês de Pombal decretou a distinção entre cristãos-novos e velhos, no reinado de D. José II, os remanescentes já haviam esquecido suas origens – pois se haviam tornado bons católicos.

O levantamento da presença judaica no Brasil e particularmente na Bahia, depois da Independência, ainda está para ser realizado.

Em 1821, nas Cortes Portuguesas, o deputado pela Bahia, Carvalho de Melo, defendeu a liberdade para os judeus, alegando que ela já existia em Roma e na França. Nesse mesmo ano, Alexandre Gomes Ferrão, também representando a Bahia, apresentou um projeto de plena restituição aos judeus e mouros expulsos de Portugal em 1497.

Proclamada a Independência, a Constituição de 1824 consignou princípios da liberdade religiosa.

Em 1838, dois irmãos da nação hebraica, Arão e Isaac Sabag, fundaram um empório em Feira de Santana.  A presença de alguns judeus, ainda no século XIX, é na maioria de origem sefardita e foram estudados pelos Wolff: José Abraham e Aron Saback foram registrados como viajantes em 1837, assim como Jountal Serfaty.

Joseph Alkaim foi dispensado da função de gerente na Companhia de Minas de Assuruhá em 1887. A figura mais importante foi, sem dúvida, o rabino Isaac Amzalak que, chegando em 1829, criou um círculo de relações em sua casa, frequentado “pela melhor gente do tempo”, inclusive pelo poeta Castro Alves que dedicou alguns poemas às suas filhas, em quem se inspirou.

No início do século XX, encontramos pela imprensa sobrenomes com clara origem judaica, mas já aculturados e absorvidos pela sociedade baiana: José Abrão Cohim, criador de gado e senador; juiz Antonio Bensabat, coronel José David Fuchs.

A Primeira Grande Guerra foi uma explosão que dilacerou a comunidade dos países europeus. Os heimatlossen ou apátridas e as minorias, como corolários às guerras civis e migrações, perderam os direitos antes inalienáveis, isto é, os Direitos do Homem. Os efeitos da guerra, a fome e a penúria subsequente, a mudança da carta política da Europa, o desemprego e a inflação, foram causas substanciais para a retomada do fluxo migratório para fora do Velho Mundo

A vida para muitos judeus na Europa, após a Primeira Guerra Mundial, tornou-se incompatível com suas perspectivas de vida e ideário humanos. Pressionados econômica, política e moralmente, desnacionalizados, sem perspectivas, puseram-se a abandonar o velho continente. Entretanto, a maioria procurava, desde o século XIX, emigrar para os Estados Unidos. Este grande polo de atração, contudo, ofereceu dificuldades, quando a votação da lei em 1921, fixou o número dos imigrantes: 3% de cada nacionalidade que habitava em 1910. Restavam assim, no Novo Mundo, o Canadá, a Argentina e o remoto e pouco conhecido Brasil. Aqui vigoravam, a partir da Lei de Imigração de 1919, os tipos de visto de estada permanente, o que possibilitava uma ocupação e subsistência em pouco tempo.

Fonte: http://www.morasha.com.br/conteudo/ed36/com_bahia.htm
Descrição: http://www.morasha.com.br/imagens/vazio.gif


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