Série: Grandes pintores brasileiros
“Não há um ideal de
beleza, mas o ideal de uma verdade pungente e sofrida que é a minha vida, é tua
vida, é nossa vida, nesse caminhar no mundo.”
A trajetória de
Iberê Camargo foi marcada por uma grande dedicação à arte. Pintor, desenhista e
gravador, um dos mais importantes artistas brasileiros do século.
Artista de rigor e
sensibilidade únicos, Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte brasileira
do século 20. Autor de uma obra extensa, que inclui pinturas, desenhos, guaches
e gravuras.
Iberê
Camargo – Foto artista
Desde a juventude,
mostrou-se atraído por personalidades independentes, como Guignard e Goeldi. Na
Europa, estudou com mestres como Giorgio de Chirico, Carlos Alberto Petrucci,
Antônio Achille e André Lothe. Ao longo de sua vida, Iberê Camargo sempre exerceu
forte liderança no meio artístico e intelectual. Teve sua obra reverenciada em
exposições de renome internacional, como a Bienal de São Paulo, a Bienal de
Veneza, a Bienal de Tóquio e a Bienal de Madri, e integrou inúmeras mostras no
Brasil e em países como França, Inglaterra, Estados Unidos, Escócia, Espanha e
Itália.
Iberê Camargo
nasceu em Restinga Seca, interior do Rio Grande do Sul em 1914.
Em 1927, iniciou seu aprendizado em pintura na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria.
Em 1927, iniciou seu aprendizado em pintura na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria.
Em 1936, mudou- se para Porto Alegre, onde conheceu Maria Coussirat Camargo. E foi com tela e tintas dela, então estudante do Instituto de Belas Artes, que Iberê Camargo pintou seu primeiro quadro, às margens do Riacho, na Cidade Baixa. Em 1939, Iberê Camargo e Maria se casaram. Em 1942, ano de sua primeira exposição, o artista e sua esposa mudaram-se para o Rio de Janeiro.
Logo no primeiro
dia no Rio foi procurar um dos grandes nomes do modernismo, Cândido Portinari.
“Gosta?”, perguntou Portinari ao visitante, após mostrar as telas em que
trabalhava no ateliê. Não, Iberê não gostara, o que Portinari achou natural:
aquele rapaz do Sul ainda precisava, a seu ver, se acostumar com as deformações
das figuras promovidas pelos modernistas. Paisagens de becos e ruelas habitam
suas telas cariocas dos anos 40. Com uma delas, o óleo Lapa (1947), venceu o
prêmio do Salão de Arte Moderna e ganhou uma viagem à Europa. Foi lá,
dividindo-se entre Roma e Paris, que fortaleceu a formação. Na Itália estudou
com o surrealista De Chirico, de quem admirava a pegada metafísica, e na França
teve aulas com André Lhote.
De volta ao Brasil,
em 1950, Iberê Camargo conquistou inúmeros prêmios e participou de
diversas exposições internacionais, tais como Bienal de São Paulo, Bienal de
Arte Hispano-Americana em Madri, Bienal de Veneza, Bienal de Gravuras em
Tóquio, entre outras exposições importantes. Foi no final dos anos 1950 que,
devido a uma hérnia de disco que o obrigou a pintar no interior de seu ateliê,
o artista desenvolveu um dos temas mais recorrentes em sua pintura: os
Carretéis.
São estes
brinquedos de sua infância que o levaram, mais tarde, à abstração, e que
estiveram presentes em sua obra até a fase final.
Na década de 1980, retomou a figuração. Mas, ao longo de toda sua produção, nunca se filiou a correntes ou movimentos.
Em 1982, retornou a
Porto Alegre, onde começa sua fase mais soturna da carreira. Figuras espectrais
e disformes permeiam séries como As Idiotas, Fantasmagorias, Ciclistas e Tudo
Te é Falso e Inútil (título inspirado em um verso de Fernando Pessoa). Grande
parte dos trabalhos tardios de Iberê está exibida na Fundação Iberê Camargo, em
Porto Alegre. “Além de lamentar os rumos do mundo e voltar-se para os desejos e
angústias da humanidade, ele produzia para apalpar a eternidade e dominar o
tempo, para continuar conosco por mais tempo”, afirma o escritor Paulo Ribeiro,
que conviveu com Iberê nos últimos anos de vida.
Iberê Camargo
faleceu em agosto de 1994, aos 79 anos, deixando
um grande acervo de mais de 7 mil obras, entre desenhos, gravuras e pinturas.
Grande parte desta
produção foi
deixada a Maria, sua esposa e companheira inseparável, cuja coleção compõe hoje
o acervo da Fundação Iberê Camargo.
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