O PODER DA FUMAÇA
O CHARUTO DE CHURCHILL,
Stephen McGinty, Ed. Record, 2010, 207 p. (tradução de Marcia Frazão).
Sempre que se fala em charutos, logo
vem à lembrança a imagem de Fidel Castro e Che Guevara, porém, de todos os
apreciadores, ninguém se identificou tanto com ele como Winston Churchill.
Divertido e de ótima presença de
espírito, Churchill foi o comandante das forças aliadas contra o eixo durante a
II Guerra Mundial. Sua postura firme e inteligência privilegiada lhe renderam
as glórias de ter derrotado o Führer. Brilhante político, escritor (recebeu o
prêmio Nobel), jornalista e pintor, era sempre visto com o seu inseparável
charuto.
Através de “O Charuto de Churchill”, o
jornalista britânico Stephen McGinty traça a vida desse estadista de um posto
de vista inusitado. Em uma linguagem clara e objetiva, inicia o livro falando
sobre a história do charuto - sua forma de colheita, os tipos de tabaco, a
produção artesanal - para, lentamente, interligá-lo a biografia de
Churchill.
Como diz o autor, “guerra, charutos e
uma cochilada à tarde estavam para se tornar elementos fundamentais na vida de
Churchill”, estando o democrata inglês sempre envolvido com batalhas políticas
e fumaça. Nesse particular, McGinty relata em seu livro: “O charuto funcionava
como uma espécie de cata-vento; com seu temperamento intempestivo, podia ser
casualmente retirado da boca e ondulado no ar para amenizar o clima ou, quando
ele estava particularmente enfurecido, usado para dar uma ordem ou comando
berrado com o charuto ainda preso entre os dentes. Nos encontros políticos ele
os utilizava como uma forma eficaz de não prestar atenção no interlocutor com o
qual não concordava. Nessas ocasiões Churchil se valia de toda sua habilidade
no preparo de charutos, acendia seguidamente fósforos e depois soltava uma
baforada, às vezes forçando o interlocutor a fazer uma pausa até acabar o
ritual.”
Não se sabe ao certo quantos charutos
fumaça por dia, mas se acredita que variavam de 5 a 10 unidades. Não fumava
apenas de uma marca, porém preferia os cubanos da empresa Romeo y Julieta, hoje
conhecida mundialmente e produtora de um tipo de charuto grande que leva o seu
nome.
Falando em Cuba, por diversas vezes
Churchill esteve na ilha caribenha, sendo presenteado por todas as marcas de
charutos, ansiosas por ter sua imagem vinculada ao primeiro ministro inglês.
Churchill nunca deixou de promover os charutos cubanos, tendo dito a um
jornalista que “Cuba sempre estará em meus lábios.”
Na condição de estrela e sempre bem
recebido por onde passava, era frequentemente presenteado com charutos, sendo
que durante a II Guerra Mundial o temor de que fosse envenenado levou o governo
britânico a solicitar os serviços de um especialista bacteriológico da
Inteligência Militar, Dr. Roche Lynch, a fim de verificar se os diversos
charutos recebidos continham ou não substâncias nocivas ou letais. Esse fato
levou Churchill a ter fornecedores de confiança dos charutos cubanos, sendo
Antonio Giraudier o maior deles.
O livro ainda relata diferenças
existentes entre Hitler e Churchill, o primeiro vegetariano, antitabagista,
“que via o próprio corpo como um templo sagrado ao mesmo tempo que reduzia o
dos outros a cinzas”, cuja imagem contrasta com a do segundo, que, em resposta
ao general Montgomery, que compartilhava de idéias e hábitos naturais, disse:
“Bebo demais, durmo muito pouco e fumo um charuto atrás do outro. É por isso
que estou 200% saudável.”
Churchill não fumava cigarros, apenas
charutos. Durou até os 90 anos de idade, privilegiado por uma
excelente saúde que lhe permitiu fumar durante aproximadamente 75 anos.
Viveu em um tempo onde se podia fumar
em qualquer lugar. Se vivesse hoje não poderia gozar impunemente de seu prazer!
Origem: Blog Literário mantido e atualizado por Cristian Luis
Hruschka
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