sábado, 12 de abril de 2014

RESENHA: “O CHARUTO DE CHURCHILL”, STEPHEN McGINTY

O PODER DA FUMAÇA


O CHARUTO DE CHURCHILL, Stephen McGinty, Ed. Record, 2010, 207 p. (tradução de Marcia Frazão).

 
Sempre que se fala em charutos, logo vem à lembrança a imagem de Fidel Castro e Che Guevara, porém, de todos os apreciadores, ninguém se identificou tanto com ele como Winston Churchill.

Divertido e de ótima presença de espírito, Churchill foi o comandante das forças aliadas contra o eixo durante a II Guerra Mundial. Sua postura firme e inteligência privilegiada lhe renderam as glórias de ter derrotado o Führer. Brilhante político, escritor (recebeu o prêmio Nobel), jornalista e pintor, era sempre visto com o seu inseparável charuto. 
Através de “O Charuto de Churchill”, o jornalista britânico Stephen McGinty traça a vida desse estadista de um posto de vista inusitado. Em uma linguagem clara e objetiva, inicia o livro falando sobre a história do charuto - sua forma de colheita, os tipos de tabaco, a produção artesanal - para, lentamente, interligá-lo a biografia de Churchill.

Como diz o autor, “guerra, charutos e uma cochilada à tarde estavam para se tornar elementos fundamentais na vida de Churchill”, estando o democrata inglês sempre envolvido com batalhas políticas e fumaça. Nesse particular, McGinty relata em seu livro: “O charuto funcionava como uma espécie de cata-vento; com seu temperamento intempestivo, podia ser casualmente retirado da boca e ondulado no ar para amenizar o clima ou, quando ele estava particularmente enfurecido, usado para dar uma ordem ou comando berrado com o charuto ainda preso entre os dentes. Nos encontros políticos ele os utilizava como uma forma eficaz de não prestar atenção no interlocutor com o qual não concordava. Nessas ocasiões Churchil se valia de toda sua habilidade no preparo de charutos, acendia seguidamente fósforos e depois soltava uma baforada, às vezes forçando o interlocutor a fazer uma pausa até acabar o ritual.”

Não se sabe ao certo quantos charutos fumaça por dia, mas se acredita que variavam de 5 a 10 unidades. Não fumava apenas de uma marca, porém preferia os cubanos da empresa Romeo y Julieta, hoje conhecida mundialmente e produtora de um tipo de charuto grande que leva o seu nome.

Falando em Cuba, por diversas vezes Churchill esteve na ilha caribenha, sendo presenteado por todas as marcas de charutos, ansiosas por ter sua imagem vinculada ao primeiro ministro inglês. Churchill nunca deixou de promover os charutos cubanos, tendo dito a um jornalista que “Cuba sempre estará em meus lábios.”

Na condição de estrela e sempre bem recebido por onde passava, era frequentemente presenteado com charutos, sendo que durante a II Guerra Mundial o temor de que fosse envenenado levou o governo britânico a solicitar os serviços de um especialista bacteriológico da Inteligência Militar, Dr. Roche Lynch, a fim de verificar se os diversos charutos recebidos continham ou não substâncias nocivas ou letais. Esse fato levou Churchill a ter fornecedores de confiança dos charutos cubanos, sendo Antonio Giraudier o maior deles.

O livro ainda relata diferenças existentes entre Hitler e Churchill, o primeiro vegetariano, antitabagista, “que via o próprio corpo como um templo sagrado ao mesmo tempo que reduzia o dos outros a cinzas”, cuja imagem contrasta com a do segundo, que, em resposta ao general Montgomery, que compartilhava de idéias e hábitos naturais, disse: “Bebo demais, durmo muito pouco e fumo um charuto atrás do outro. É por isso que estou 200% saudável.”

Churchill não fumava cigarros, apenas charutos. Durou até os 90 anos de idade, privilegiado por uma excelente saúde que lhe permitiu fumar durante aproximadamente 75 anos.

Viveu em um tempo onde se podia fumar em qualquer lugar. Se vivesse hoje não poderia gozar impunemente de seu prazer!

Origem: Blog Literário mantido e atualizado por Cristian Luis Hruschka 


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