Galeria dos grandes pintores brasileiros
Biografia
Djanira da Motta e Silva (Avaré SP 1914 - Rio de Janeiro RJ 1979). Pintora, desenhista, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora. No final da década de 1930, passa a morar no Rio de Janeiro, onde
Comentário
Crítico
Djanira nasce
no interior de São Paulo, numa família de poucos recursos. Casa-se com um
maquinista da Marinha Mercante, e cedo fica viúva. Aos 23 anos, é internada com
tuberculose no Sanatório Dória, em São José dos Campos, onde faz seu primeiro
desenho: um Cristo no Gólgota. Com a melhora, continua o tratamento no Rio de
Janeiro, e reside em Santa Teresa, por causa de seu ar puro. Em 1930, aluga uma
pequena casa no bairro e instala uma pensão familiar. Um de seus hóspedes, o
pintor Emeric
Marcier (1916 - 1990), a incentiva e lhe dá aulas de pintura. Djanira também frequenta,
à noite, o curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios. Nesse período, trava
contato com o casal Arpad
Szenes (1897 - 1985) e Vieira
da Silva (1908 - 1992), com Milton
Dacosta (1915 - 1988),Carlos Scliar (1920 - 2001), e outros
que vivem em Santa Teresa e frequentam o meio artístico.
Em 1945, realiza uma viagem aos Estados Unidos, que foi decisiva
em sua formação: conhece pessoalmente Marc Chagall (1887 - 1985), Joan Miró
(1893 - 1983) e Fernand Léger (1881 - 1955) e é acolhida pela embaixatriz
brasileira, a escultora Maria
Martins (1900 - 1973). Em suas frequentes visitas a museus, Djanira interessa-se
especialmente pela obra do pintor flamengo Pieter Bruegel (ca.1525 - 1569). Em
1947, retorna ao Brasil. Sua produção volta-se para temas populares, como em Parque de Diversões (1948),
ou para a representação de trabalhadores como os colhedores de café nas
fazendas paulistas, batedores de arroz, vaqueiros, pescadores, tecelões,
oleiros e operários. A artista pinta também, a óleo ou têmpera, retratos,
autorretratos, obras de temática religiosa e paisagens.
A sua pintura dos anos 1940 é geralmente sombria, utiliza tons
rebaixados, como cinza, marrom e negro, mas já apresenta o gosto pela
disciplina geométrica das formas. Na década seguinte, sua palheta se
diversifica, com uso de cores vibrantes, e em algumas obras trabalha com
gradações tonais que vão do branco ao cinza-claro. Apresenta em seus tipos
humanos uma expressão de solene dignidade.
A artista sempre busca aproximar-se dos temas de suas obras: no
fim da década de 1950, após convivência de seis meses, pinta os índios canela,
do Maranhão. Na década de 1970, desce às minas de carvão de Santa Catarina para
sentir de perto a vida dos mineiros e viaja para Itabira para conhecer o
serviço de extração de ferro.
Djanira trabalha ainda com a xilogravura, gravura em metal, e faz
desenhos para tapeçaria e azulejaria. Em sua produção, destaca-se o painel
monumental de azulejos para a capela do túnel de Santa Bárbara (1958), no Rio
de Janeiro. Inicialmente nomeada como "primitiva", gradualmente sua
obra alcança maior reconhecimento da crítica. Como aponta o crítico de arte
Mário Pedrosa (1900 - 1981), Djanira é uma artista que não improvisa, não se
deixa arrebatar, e, embora possuam uma aparência ingênua e instintiva, seus
trabalhos são consequência de cuidadosa elaboração para chegar à solução final.
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural – Artes
Visuais
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