quarta-feira, 7 de maio de 2014

MÃE STELLA DE OXÓSSI


Feliz Aniversário (2 da maio)

Enfermeira, Iyalorixá, 1ª mulher negra e mãe de santo eleita imortal por uma academia de letras do Brasil.



Maria Stella de Azevedo SantosMãe Stella de OxóssiOdé Kayodê, nasceu no dia 2 de maio de 1925, em Salvador, Bahia. É a quarta filha de Esmeraldo Antigno dos Santos e Thomázia de Azevedo Santos. Seus irmãos, por ordem de nascimento são: Coryntha de Azevedo Santos (falecida), Bellanizia de Azevedo Santos (falecida), José de Azevedo Santos, Milta de Azevedo Santos e Adriano de Azevedo Santos.
Sua avó materna foi Theodora Cruz Fernandes, filha de Maria Konigbagbe, africana de etnia egbá. Aos nove anos de idade, Maria Konigbagbe estava na aldeia quando mandaram que ela entregasse uma encomenda em um navio, assim que chegou foi presa e trazida para o Brasil.
Sua tia, Dona Arcanja, também conhecida como Dona Menininha, tinha o posto de arobá no Gantois e de Sobalojú no Opô Afonjá nos tempos deMãe Aninha, de quem era afilhada. Por volta dos treze anos de idade, Mãe Stella apresentou um comportamento não esperado, o que fez com queDona Arcanja procura-se ajuda do oluô Pai Cosme de Oxum, o qual declarou que ela deveria ser iniciada e que seu caminho era de iyalorixá. Com isso Dona Arcanja decidiu procurar Mãe Menininha do GantoisDona Joaninha, que era governanta da casa, foi que acompanhou Mãe Stella na consulta. Depois de esperar muito para ser atendida, uma filha do Gantois apareceu na sala e avisou que ninguém mais seria atendido naquele dia. Aborrecida, Dona Joaninha seguiu para casa, e relatou o ocorrido à Dona Arcanja, que resolveu levar Mãe Stella ao Ilê Axé Opô Afonjá no dia 25 de Dezembro de 1937, quando foi apresentada à Mãe Aninha. Esta entregou Mãe Stella aos cuidados de Maria Bibiana do Espírito SantoMãe Senhora.
Mãe Stella a conta:
"Voltei para casa com a imagem de tia Aninha, imponente e misteriosa, que com um gesto meio mágico tirou uma fruta – uma maçã vermelha – de uma grande gamela que estava no altar de Xangô, e me entregou. Achei ótimo, esnobei meus irmãos, ainda mais quando me disseram: - Só você ganhou a fruta do pé do santo... Não me saía da cabeça a imagem da ossi dagã. Só falava nela e, então, fui informada de que ossi dagã era o cargo que ela ocupava no axé. Um ano depois, voltei com minha tia Arcanja, a Sobalojú do Opô Afonjá, e Joaninha, companheira de todas as horas. Tia Aninha já tinha falecido e a ossi dagã reinava como iyalorixá do Axé Opô Afonjá."
Em 12 de setembro de 1939, aos quatorze anos, Mãe Stella foi iniciada por Mãe Senhora e recebeu orukó (nome) de Odé KayodêMãe Stella conta que quando foi realizada sua iniciação, ela "não pensava em nada", "não tinha noção" do que estava acontecendo:
"É interessante o desígnio, a força dos orixás. Meu caminho era ser iyalorixá. Se tivesse ficado no Gantois, casa que guarda os santos de minha avó e meus tios, não poderia realizar meu caminho. Só em 1976, quando fui escolhida lá, entendi isso... é engraçado a força do odu, do destino. Era uma guerra de orixás. Minha herança era de Iansã – minha avó Theodora –, mas Odé me queria."
Mãe Stella sendo empossada na Academia da Letras da Bahia
Em 2001 ganhou o prêmio jornalístico Estadão na condição de fomentadora de cultura.
Em 2009, ao completar setenta anos de iniciação no Candomblé, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia. É detentora da comenda Maria Quitéria (Prefeitura do Salvador), Ordem do Cavaleiro (Governo da Bahia) e da comenda do Ministério da Cultura.
Em 2010, recebeu das mãos da vereadora Olívia Santana uma placa pelo centenário do terreiro Opó Afonjá ao lado do ministro da Cultura, Juca Ferreira e do secretário estadual da Cultura, Márcio Meirelles, no Plenário da Câmara de Salvador, Bahia. (fontes: Diário Oficial do Legislativo, 15 de Julho de 2010.)
Em 2013, foi eleita por unanimidade para a Academia de Letras da Bahia. Tomou posse da cadeira número 33 no dia 12 de Setembro de 2013.
"E Dai Aconteceu o Encanto", Maria Stella de Azevedo Santos e Cléo Martins, Salvador, 1988.



"Meu Tempo é Agora ", Maria Stella de Azevedo Santos. 1a Edição: Editora Oduduwa, São Paulo, 1993. 2a Edição: Vol.1. Salvador, BA: Assembléia Legislativa da Bahia, 2010.
"Lineamentos da Religião dos Orixás - Memória de ternura"- Cléo Martins, 2004; participação especial de Mâe Stella - Alaiandê Xirê- ISBN 8590467813.
"Òsósi - O Caçador de Alegrias", Mãe Stella de Òsósi, Secretaria da Cultura e Turismo, Salvador, 2006
"Owé - Provérbios" - Salvador - 2007.
"Epé Laiyé- terra viva", conta a história de uma árvore que ganha pernas e vai lutar pela construção de um mundo que respeita o meio-ambiente. Em sua trajetória o personagem ganha ajuda do orixá Ossain, divindade que domina o conhecimento sobre o mundo vegetal. Salvador - 2009.
"Opinião - Maria Stella de Azevedo Santos - Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá - Um presente de A TARDE para a história", reunião de textos publicados no jornal A TARDE na coluna "Opinião".
Hoje, aos 89 anos, completados no início deste mês, Mãe Stella continua plena de energia, guiando com passos seguros sua nação. Por sua vida e pelo aniversário, receba os parabéns do Blog do Facó.


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