Por JONES MATOS
O filme sociedade dos poetas mortos, dirigido por
Peter Weir é um drama vivido na Academia Welton no ano 1959, nos Estados
Unidos,. Uma escola tradicional de segundo grau, que aplica um ensino rígido
como na academia militar e adota uma concepção didática racionalizada com
prospecção para formação superior.
No início do filme, uma solenidade de abertura do ano letivo, onde os alunos adentram o auditório com trajes formais exibindo os brasões, a farda e o comportamento sisudo exigido pela escola. Na plateia, os pais e funcionários acompanham o hino exaltando a herança histórica e os legados da colonização. O discurso formal do diretor Nolan (Norman Lloyd), enfatizando os cem anos da escola e o orgulho estribado nos quatro pilares, que ainda garantiam o sucesso daquela instituição: Tradição; Honra; Disciplina; Excelência. A menção desses princípios empolga muito os pais de alunos no auditório, pois sabem que ali as chances são bem maiores de seus filhos ingressarem em curso superior e a garantia de um futuro promissor.
A apresentação do novo professor John Keating (Robin Williams) que já fora aluno dessa escola.
“Pegue seus botões de rosas enquanto podem...”. O professor explica que o termo em latim para esse termo é Carpe Diem - Aproveite o dia. Viver cada dia intensamente como se fosse o último.
Na aula seguinte, solicita a leitura da introdução do livro: “Entendendo a Poesia”. O texto diz que a poesia pode ser demonstrada com gráfico matemático, não parece ser aplicação da interdisciplinaridade, mas apenas um método antiquado de olhar a poesia. Keating pede que arranquem essa e outras páginas semelhantes. Diz ele: “Poesia é para ser vivida e não calculada”. Que não pensem como são mandados, mas pensem por si mesmos. Com certa dificuldade consegue convencê-los. O professor sobe na mesa, pede aos alunos que subam também e vejam de forma diferente. Ver de outro ângulo, por si mesmos e não apenas como são induzidos.
O professor Keating é do tipo que entra na sala assoviando; Descontrai os alunos; Leva-os para aulas ao ar livre; Pede que façam poesias espontâneas; Incute neles o desejo de viver cada momento intensamente. Adota um estilo divergente da escola tradicional. Leva os alunos a uma nova forma de ver as coisas.
Os alunos começam a tomar gosto pela literatura e a perceberem a sensação de viver a poesia. Sentem o ambiente, que aliás é propício para aulas ao ar livre. O ambiente evoca a tradição inglesa: Árvores altas, extensos jardins, a exuberância da natureza,espaços bem definidos. Os alunos se sentem à vontade com o professor Keating, deixam fluir suas inspirações. As aulas começam a produzir efeitos.
Neil Perry (Robert Sean) um dos alunos, descobre o anuário do professor Keating e o questiona sobre o que seria a Sociedade dos Poetas Mortos, da qual ele fazia parte. O professor hesita, mas fala dos hábitos e do local secreto onde costumavam se reunir para ler poesia. Isso foi o bastante para aguçar a curiosidade no grupo, que nas horas de folga com facilidade conseguiam chegar até a caverna onde principiaram suas primeiras leituras ainda tímidas. Tomaram gosto e as idas até lá viraram o hobby preferido deles, às vezes até as garotas também participavam.
Essa nova sensação despertou em Neil o gosto pela
dramatização e resolveu se inscrever para uma peça de teatro, onde concorreu e
conseguiu o papel principal. Empolgado contou aos colegas, mas não conseguiu o
apoio do pai. Ficou muito triste. Pediu a opinião do professor Keating, que o
aconselhou a ser aberto com seu pai. Neil não tem liberdade para se expressar.
Seu pai, é um linha dura, que não abre mão dos seus princípios e lhe nega o
consentimento. Neil forja uma autorização da escola com assinatura falsa do
diretor. Saiu-se bem na peça. Festejou o sucesso da apresentação. Recebeu os
aplausos do auditório. O abraço dos colegas e amigos, mas teve de suportar a
dura chamada do pai. A gota d’água para sua decepção com relação à futura
carreira. Desanimou totalmente. Desistiu de viver. A arma do próprio pai foi
seu carrasco. Aquela noite de glória foi também de caos. Entrou definitivamente
para a sociedade dos poetas mortos, mas de forma trágica. O tão entusiasmado
Neil, agora deixa tristeza na família, na escola, nos colegas e amigos. É a
notícia do momento. Assunto dos corredores. A escola não iria perder sua
reputação. O diretor tem de punir alguém. Não poderia ser outro: O professor
Keating, seria demitido. Convoca os alunos do professor Keating e interroga-os,
quer saber quem faz parte da sociedade. Terão de renunciar e assinar o termo de
responsabilidade. Os pais estão presentes e certificam-se de que tal professor
não lecionará mais ali. Os jovens não têm escolha. Grande é a sua dor em ter de
separar-se do professor. As aulas voltarão a ser com antes dele. O diretor
assume a sala. Todos terão de pagar as matérias atrasadas. Rever o assunto
antes refutado.
O professor Keating entra na sala para pegar suas coisas no armário. Será o último encontro com aqueles alunos. Ao sair, mesmo sem se despedir, Anderson um dos alunos, com uma atitude inusitada, sobe na carteira, e exclama: Meu capitão! Esse era o apelido carinhoso que lhe deram. Os outros imitam. O diretor que está lecionando perde o domínio da sala. O professor Keating agradece, pois sabe, mesmo não podendo mais continuar ali, leva a certeza de que algo ficou marcado naqueles garotos.
A conclusão desse episódio é que o filme Sociedade dos Poetas Mortos mostra uma crítica à educação tradicional, onde o aprendizado acontece de forma mecânica: O professor fala, o aluno ouve. O discente não inclui suas experiências do dia-a-dia no processo de aprendizagem. O professor Keating rompe com o tradicional e mostra um novo ideal pedagógico no qual a relação entre professor e aluno deve ter uma vivência democrática e interativa de forma espontânea, permitindo ao aluno poder extrair o melhor de si.
Fonte:
Jones Matos fazendo história
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