Folclore brasileiro
Amazonas
"São muito alvas e altas, com o cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na cabeça. São muito membrudas e andam nuas em pêlo, tapadas as suas vergonhas, com os seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra com dez índios"... "lutavam tão corajosamente que os índios não ousavam mostrar as espáduas, e ao que fugia diante de nós, o matavam a pauladas". "...residiam no interior, a sete jornadas da costa. Eram sem marido. Dividiam-se, numerosas, em setenta aldeamentos de pedra, com porta, ligadas as povoacões por estradas amparadas, dum e doutro lado, com cercas, exigindo pedágio aos transeuntes. Quando lhes vinha o desejo, faziam guerra a um chefe vizinho, trazendo prisioneiros, que libertavam depois de algum tempo de coabitação. As crianças masculinas eram mortas e enviadas aos pais e as meninas criadas nas coisas da guerra. A rainha se chamava Conhori. Há riqueza imensa de ouro, prata, serviços domésticos em ouro para fidalgas e de pau para as plebéias. Na cidade principal havia 5 casas grandes, com adoratórios dedicados ao Sol. As casas de devoção são os Caranai. Têm assoalho no solo e até meia-altura, os tetos forrados de pinturas coloridas. Nesses templos estão ídolos de ouro e prata em figuras femininas e muitos objetos preciosos para o serviço do Astro-Rei. Vestem finíssima lã de ovelha do Peru. Usam mantas apertadas, dos peitos para baixo, o busto descoberto, e um como manto, atado adiante com uns cordões. Trazem cabelos soltos até o chão e na cabeça coroas de ouro, da largura de dois dedos".
Acutipupu
Era uma mulher-homem que habitava entre a gente da Serra do Japó. "Acutipuru paria crianças fêmeas, bonitas como as estrelas do céu. Quando emprenhava as mulheres - na sua função de homem -, estas pariam crianças machos bonitos como o sol. Teve um filha, Erem, gerada por Uaiú que então andava na Serra do Japó impondo a lei de Jurupari. Um dia Uaiú quis fazer amor com a filha Erem. Ela recusou-se, fugiu. Casou-se com um chefe, Cancelri, originou uma guerra que terminou com o extermínio de sua gente".
Boitatá ou Santelmo
É a versão brasileira do mito do fogo-fátuo ou de saltelmo existente em quase todas as culturas. Seria uma cobra-de-fogo que vagava pelos campos protejendo-os contra aqueles que os incendeiam. Às vezes, transformava-se em grosso madeiro em brasa que fazia morrer, por combustão, aquele que queima inutilmente os campos. É um mito dos mais antigos e quase totalmente de origem indígina. O mito do Boitatá recebe, no Nordeste, a denominação de fogo-corredor, baitatá, jã-de-la-foice (Sergipe),
Caipora
Um dos gênios da floresta na mitologia tupi. É representado como um pequeno índio, negro, ágil, que fuma cachimbo e reina sobre tudo o que existe na mata. Quem o encontra fica infeliz nos negócios e em tudo o que empreende. No estado do Ceará, o Caipora tem cabeleira hirta (N. do Webmaster: "Hirta", ereta) e olhos de brasa. Calvaga porco ou caititu (N. do Webmaster: "Caititu", porco do mato, espécie de javali) e agitando um galho de japecanga. Pode ser um caboclinho da mata, com poderes encantadores e rastro redondo e um olho só no meio da testa. O Caipora, através do contato do focinho do porco que cavalga, da vara de ferrão, do galho de japecanga ou de uma simples ordem verbal, pode ressuscitar os animais mortos sem sua permissão, apavorando assim os caçadores. Os indíginas e também os sertanejos defendiam-se dle andando com um tição flamejante durante as jornadas noturnas. O Caipora foge instintivamente da claridade. É um gênio da floresta quase igual ao Curupira e ao Saci Pererê. Assemelha-se a outros personagens míticos como ao Yastay argentino que guiava as manadas de guanacos e vicunhas, defendendo-as da dizimação.
Fonte: criptopage
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