Arte do engenho humano
O Canal
de Suez (árabe, قناة السويس, Qanā al-Suways) é um canal inaugurado em 1869 que liga Porto Said,
porto egípcio no Mar Mediterrâneo, a Suez,
no Mar Vermelho.
Com
a extensão de 195 quilômetros, permite que embarcações naveguem da Europa à Ásia sem terem que contornar a África pelo cabo da Boa Esperança. Antes da sua construção, as mercadorias tinham que ser transportadas
por terra entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho.
Possivelmente
no começo da XII Dinastia o faraó Sesóstris III (1878
a.C. - 1839 a.C.) deve ter construído um canal oeste-leste escavado através do
Wadi Tumilat, unindo o Rio
Nilo ao Mar Vermelho,
para o comércio direto com Punt. Evidências indicam sua existência pelo menos
no século XIII a.C. durante o reinado de Ramsés II. Mais
tarde entrou em decadência, e de acordo com a História do historiador grego Heródoto, o canal foi escavado por volta de 600 a.C.
por Necho II,
embora Necho II não tenha completado seu projeto.
O
canal foi finalmente completado em cerca de 500
a.C. pelo rei Dario I, o conquistador persa do
Egito. Dario comemorou seu feito com inúmeras estelas de granito que ele ergue
às margens do Nilo, incluindo uma próximo a Kabret, a 130 km de Suez, onde
se lê:
Diz
o rei Dario: Eu sou um persa. Partindo da Pérsia, conquistei o Egito. Eu
ordenei que esse canal fosse escavado a partir do rio chamado Nilo que corre no
Egito, até o mar que começa na Pérsia. Quando o canal foi escavado como eu
ordenei, navios vieram do Egito através deste canal para a Pérsia, como era a
minha intenção.
O
canal foi novamente restaurado por Ptolomeu II Filadelfo por volta de 250 a.C. Nos 1000 anos seguintes ele seria
sucessivamente modificado, destruído, e reconstruído, até ter sido totalmente
abandonado no século VIII pelo califa abássida Al-Mansur.
Litografia retratando a construção do Canal de Suez.
A
companhia Suez de Ferdinand de Lesseps construiu o canal entre 1859 e 1869. No final dos trabalhos, o Egito e a França eram os proprietários do canal.
Estima-se
que 1,5 milhão de egípcios tenham participado da construção do canal e que
120 000 morreram, principalmente de cólera.
Em 17 de fevereiro de 1867, o primeiro navio atravessou o canal, mas a
inauguração oficial foi em 17 de novembro de 1869. O imperador da FrançaNapoleão III,
não estava presente, estando enfermo, sendo representado pela sua esposa a
Imperatriz Eugenia, sobrinha do próprio Lesseps. Ao contrário da crença
popular, a ópera Aida não
foi encomendada ao compositor italiano Verdi para ser apresentada na
inauguração, que só foi concluída e apresentada dois anos depois. Também
presente como jornalista convidado, o escritor português Eça de Queiroz escreveu
uma reportagem para o Diário de Notícias de Lisboa.
A dívida externa do
Egito obrigou o país a vender sua parte do canal ao Reino Unido,
que garantia assim sua rota para as Índias. Essa compra, conduzida pelo
primeiro-ministro Disraeli,
foi financiada por um empréstimo do banco Rotschild. As tropas britânicas instalaram-se às margens
do canal para protegê-lo em 1882.
A Convenção
de Constantinopla (1888) estabeleceu a neutralidade do Canal que, mesmo
em tempos de guerra, deveria servir a qualquer nação.
Mais
tarde, durante a Primeira
Guerra Mundial, os britânicos negociaram
o Acordo Sykes-Picot, que dividia o Oriente Médio de
modo a afastar a influência francesa do canal.
Em 26 de julho de 1956, Gamal Abdel Nasser nacionaliza a companhia do canal com o intuito de financiar a
construção da Barragem de Assuã, após a recusa
dos Estados Unidos de
fornecer os fundos necessários. Em represália, os bens egípcios foram
congelados e a ajuda alimentar suprimida. Os principais acionários do canal
eram, então, os britânicos e os franceses. Além disso, Nasser denuncia
a presença colonial do Reino Unido no Oriente Médio e apoia os nacionalistas
na Guerra da Argélia. O Reino Unido, a França e Israel se lançam então numa operação militar,
batizadaoperação mosqueteiro, em 29 de outubro de 1956.
A Crise
do canal de Suez durou uma semana.
A ONU confirmou a legitimidade egípcia e
condenou a expedição franco-israelo-britânica com uma resolução.
Com
a Guerra dos Seis Dias em 1967,
o canal permaneceu fechado até 1975, com uma força de manutenção da paz da ONU, a
qual permaneceu lá estacionada até 1974. Quando por ocasião da Guerra do Yom Kipur em 1973 foi recuperado o canal, bem como foram destruidas as fortificações do
exército israelense ao longo do canal.
O
canal não possui eclusas,
pois todo o trajeto está ao nível do mar, contrariamente ao canal do Panamá.
O seu traçado apoia-se em três planos d'água, os lagos Manzala, Timsah e Lagos Amargos.
O
canal permite a passagem de navios de 15 m de calado, mas trabalhos são previstos a fim de permitir a
passagem de supertankers com até 22 m até 2010. Atualmente, esses enormes navios devem
distribuir parte da carga em outro tipo
A
largura média do canal é de 365 metros, dos quais 190 m são navegáveis.
Inicialmente, esses dois valores eram de 52 e 44 m. Situados dos dois
lados do canal, os canais de derivação levam o comprimento total da obra a
195 km.
Aproximadamente
15 000 navios por ano atravessam o canal, representando 14% do transporte
mundial de mercadorias. Uma travessia demora de 11 a 16 horas.
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