terça-feira, 12 de agosto de 2014

LÉGUA E LÉGUA DE BEIÇO

Expressões nordestinas


 Légua era a denominação de várias unidades de medidas de itinerários (de comprimentos longos) utilizadas em PortugalBrasil e em outros países até à introdução do Sistema Métrico Decimal. As várias unidades com esta denominação tinham valores que variavam entre os atuais 2 a 7quilômetros.
De acordo com os dados informados por Iraci del Nero da Costa, e admitindo-se que a "polegada" em questão era equivalente a 2,54 cm, pode-se construir a seguinte relação:
légua = 3000 braças = 6.000 varas = 30.000 palmos = 666.000 centímetros = 6.660 metros
légua imperial é a maior unidade do sistema imperial de medidas. Esta é a única légua que tem uma definição e equivalência exatas, pois equivale cabalmente a 4,828032 quilômetros.
Em Portugal, durante o período de transição das antigas unidades de medida para o sistema métrico, por Decreto de 2 de Maio de 1855, foi estabelecida a Légua métrica, equivalente a 5.000 metros.

O caipira paulista denomina "légua" à distância percorrida a pé (caminhada) por uma hora, aproximadamente 2 quilômetros.
No nordeste brasileiro já foi uma unidade de medida muito utilizada, que equivalia a 6 
km. Atualmente encontra-se em desuso. Porém, há algumas pessoas (principalmente as "mais antigas" do nordeste) que ainda utilizam essa denominação para referir-se ao comprimento de 7 km.

LÉGUA DE BEIÇO

É uma antiga expressão nordestina ainda muito usada na Bahia que alcança até o Ceará. Até hoje é muita utilizada.
Emprega-se, quando a pessoa consultada para informar a distância de um ponto a outro, estica o beiço (lábio inferior) e diz: - É logo ali. Esse ali pode ser indefinido, ou definido pelo beiço esticado, casualmente pode ser uma distância mediana, mas, muito provavelmente, será indicativamente maior que uma légua, tida e havida pelo sertanejo, tabaréu, como pra lá sete quilômetros.
Portanto, acautele-se quando algum nordestino lhe disser: - É logo ali. Procure certificar-se se ele não esticou o beiço inferior para frente.  
Na literatura nordestina a expressão légua de beiço é muito usada. Veja como ela se encaixou nestas orações:

"O ruzagá (pessoa loura ou muito ruiva) Tetéu enxergava de noite como  se fosse dia quilaro (claro) e conduziu o grupo pelo meio da caatinga fechada, o que exigiu encouramento (roupa de couro) completo. No início da madrugada, duas ou três léguas de beiço da porteira, ouviu-se um piano a soar levemente." 

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