segunda-feira, 4 de agosto de 2014

NORBERTO ODEBRECHT

Por JOACI GÓES

 


A parte ruim de fazer amigos consiste na dor de perdê-los. Nessa perspectiva, a segunda quinzena deste agonizante mês de julho foi excepcionalmente aziaga, quando o Brasil perdeu personalidades excepcionais como Plínio de Arruda Sampaio, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves, Norberto Odebrecht e Ariano Suassuna, aqui mencionados por ordem cronológica dos respectivos desaparecimentos, ocorridos entre os dias 18 e 23. Há quem sustente que esta foi a mais intensa perda da história brasileira, em tão curto espaço de tempo.
  
Nesse funesto contexto, a Bahia suportou a dor maior ao perder, de um dia para o outro, o maior escritor, João Ubaldo, e o maior empresário brasileiro, Norberto Odebrecht.
  
Norberto Odebrecht, baiano nascido em Pernambuco, não legou ao Brasil, apenas, um vigoroso império empresarial, já presente em dezenas de países, com perspectivas de crescimento ainda mais acentuado, doravante, em razão da solidez de sua estrutura operacional, bem como das promissoras perspectivas de cada um dos diferentes segmentos econômicos em que opera, sob a liderança de filhos e netos, à frente dos quais desponta como sucessor pleno o primogênito Emílio Odebrecht.
  
Schumpeteriano no plano da superação de modelos gerenciais arcaicos, Norberto era espartano na vida privada, um tanto na linha do comedimento existencial preconizado por Benjamin Franklin, para quem “um tostão poupado é um tostão ganhado”. 

Sua postura gerencial, porém, desenvolveu-se, confessadamente, sob a inspiração do austríaco-americano, Peter Drucker, o grande Lutero da administração moderna.  Avesso a qualquer tipo de pompa, Norberto ensinou com o discurso e com o exemplo, mais com o exemplo do que com o discurso. Daí nasceu a Tecnologia Empresarial Odebrecht, adotada Brasil e mundo afora. 
A singeleza de sua conduta tornava difícil encontrar entre as centenas de milhares dos seus colaboradores quem se colocasse mais distante do que ele da pompa, da pretensão ou da arrogância que tão facilmente inebriam os detentores de poder.
 Tornou-se legendária sua aversão a convescotes sociais ou a qualquer tipo de reunião destituída de sentido utilitário, de caráter econômico, pedagógico ou simplesmente filantrópico de que é exemplo maior sua relação de parceria com as Obras Sociais Irmã Dulce, tão publicamente reconhecida pelo Anjo Bom da Bahia. Companheiros de Rotary, com almoços regulares às quintas-feiras, (ele chegava, distribuía o boletim do clube, bebia água, mas não comia) marcamos para almoçar em conhecido restaurante, para tratar de assunto particular. Corria a década de 1980. Lá chegando, ele me confidenciou:- Você acredita que esta é a primeira vez que saio para almoçar fora?
  
De outra feita, extremamente gentil que era, deu-me carona do Clube Baiano de Tênis ao meu escritório, na Av. Luis Viana Filho. Em resposta à minha observação sobre a singeleza do seu carro, por ele dirigido, observou que só os funcionários menos graduados da Odebrecht possuíam veículo semelhante.
  
Exemplo modelar de cidadão, líder e construtor de riquezas, Norberto Odebrecht passa a integrar o Panteão dos grandes da Pátria, objeto de estudo de biógrafos e historiadores, a inspirar as gerações de hoje e de sempre.    

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