segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A MANDIOCA

A base da alimentação dos brasileiros


Manihot esculenta é uma espécie de planta tuberosa da família das Euforbiáceas. A mandioca é a terceira maior fonte de carboidratos nos trópicos, depois de arroz e milho, é ainda um dos principais alimentos básicos no mundo em desenvolvimento, existindo na dieta básica de mais de meio bilhão de pessoas.

O valor da mandioca ainda não foi devidamente mensurado pelos nossos pesquisadores, o que se constitui numa lástima.




Na década de 60, conheci um cientista alemão que ensinava na Faculdade de Medicina da Bahia, então motor da medicina brasileira, cujo nome não me recordo, confidenciava-me, que o tubérculo que estudara, exaustivamente, era a maior riqueza brasileira. Dizia, de forma entusiástica, através do seu sotaque arrevesado: “dela (mandioca), desde as folhas, tudo se aproveita”.
É verdade. A mandioca fornece a base da nossa alimentação: o feijão com farinha (de mandioca), o pirão, a tapioca das panquecas (doces e salgadas), a manniçoba (espécie de feijoada feita das folhas da mandioca), feijoada sem feijão do norte e nordeste brasileiro, a sopa de mandioca das parturientes, o alimento das boiadas em tempo de seca, com sua contribuição à atividade textil e a outras átras industriais. 


No período discricionário de 1964, descobriu-se que a nossa produção de trigo era insuficiente para prover a demanda do mercado. O Ministério da Agricultura, após estudos confiáveis, baixou portaria para que se adicionasse na elaboração dos pães 5% de fécula de mandioca. Os resultados foram surpreendentes. Os pães ganharam mais sabor, sobretudo adquiriram mais propriedades alimentícias. O país fez divisas deixando de importar trigo da Argentina, Canadá e Estados Unidos.
Infelizmente as boas ações, por aqui, duram pouco. Os lobbies tanto fizeram que a medida foi suspensa. Assim, o cultivo da mandioca entrou em decadência. As fabriqutas de polvilho, fécula e raspa de mandioca, que até se aventuraram em exportar, foram abruptamente fechadas, trazendo enormes prejuízos aos pequenos agricultores que daquelas produções viviam.
Quando será que o Brasil tomará jeito?


A raiz de mandioca (cassava) é plantada em mais de 80 países, sendo os maiores produtores a Nigéria, a Tailândia, o Brasil, a Indonésia e a República Democrática do Congo, respectivamente.
E segundo a FAO em 2008 foi produzido aproximadamente no Brasil 25,9 milhões de toneladas, em Angola 8,9 milhões, em Moçambique 5 milhões, em Timor-Leste 50 mil, em Guiné-Bissau 48 mil e em São Tomé e Príncipe 6,3 mil toneladas.
Pode-se dividir em nove fases a fabricação: plantação; colheita; transportes; limpeza; ralação; prensagem; esfarelamento; peneiração; torragem.
A melhor época para o plantio é o início da época mais chuvosa. Na maioria da região sudeste brasileiro deve-se plantar a muda no início do mês de janeiro;
Segundo as pesquisas do CEP, para o melhor rendimento e para a melhor qualidade da mandioca, a colheita deve ocorrer entre 1 ano e 4 meses até 1 ano e 8 meses após o plantio.
A mandioca fermenta com grande facilidade em temperatura ambiente após a colheita e sendo usado a torragem ou a refrigeração para evitar a fermentação. O prazo limite para evitar o início da fermentação é de 48 horas, pois em condições de maior calor ou umidade o prazo pode ser reduzido, e a mandioca escurece (início da fermentação).
Sendo que este prazo tem grande peso nos cálculos de logística, necessitando uma reflexão mais profunda sobre as distâncias entre o local da colheita, o local da distribuição (feira livre) e do processamento (casa de torragem).
higiene do local de trabalho, das ferramentas e implementos, dos trabalhadores e do local de armazenamento e transporte são necessários para obter uma farinha de qualidade, lembrando que em áreas rurais deve-se redobrar a preocupação com os roedores e insetos.


A raiz necessita de limpeza por dois motivos principais, para a diminuição dos agentes produtores de ácido cianídrico (HCN) e para a retirada de terra.
A lavagem com água corrente e limpa é necessária para a retirada da terra encrostada na raiz e de possíveis contaminações vinda do solo.
Após a lavagem, deve-se descascar a mandioca, para a retirada das fibras da casca e de parte do veneno. A linamarina e etil-metil-cetona-cianidrina encontrados na principalmente na casca da raiz e na folha da mandioca, sofrem hidrólise durante a digestão, transformando-se no veneno ácido cianídrico.
Após a limpeza, as raízes são raladas, formando muitas vezes uma massa empapada.
A massa depois de ralada é comprimida, geralmente com o uso de um tipiti ou com uma prensa de madeira. Nesta fase, o líquido extraído da massa (manipuera ou manipueira ou manipeira), é altamente poluente e tóxico.
Para evitar a fermentação e o escurecimento da farinha, a prensagem deve ocorrer o mais rápido possível após a ralação, e em seguida deve-se, pelo mesmo motivo, esfarelar a massa compactada o mais rápido possível.
A peneiração separa os fragmentos menores dos maiores, homogenizando a gramatura da farinha, assim proporcionando melhor qualidade. Os fragmentos retidos na peneira são chamados de crueira.

O principal alimento dos índios

A massa após passar pela peneiração é colocada no forno para a retirada da umidade, sendo mexida constantemente pelo forneiro (farinheiro). A granulação da farinha, a temperatura do forno, o tempo de exposição da farinha no forno, e a técnica de mexer a farinha são os principais fatores que influenciam o tipo produzido.
O sabor e a consistência de cada tipo variam principalmente pela granulação da farinha, pela quantidade de amido e pelo estado de secagem (torração) da farinha
Data-se de 2 mil anos atrás os primeiros vestígios de pilões para moagem de mandioca no Brasil.

Casa de farinha

Aconselha-se para evitar a contaminação e para evitar a fermentação que as fases de limpezaralaçãoprensagemesfarelamentopeneiração e torragem sejam no mesmo ambiente.
Os equipamentos mais comuns são:
Caçuá: são cestos de vime ou de cipó usados para carregar a mandioca da plantação até a casa de farinha;
Caititu: equipamento com um cilindro com pequenas dentes para a ralação da mandioca. Geralmente a massa ralada cai diretamente no cocho;
cangalha ou cambito:, anteparo de madeira usado no lombo de animais de carga para fixar os caçuás;
Cocho: pedaço de madeira cavada como uma canoa, usada para guardar raízes descascadas, para esmagar a massa antes de passá-la pela prensagem, para guardar a massa ralada e para colocar a farinha torrada.
Paneiros: são cestos de vime ou de cipó usados para guardar a massa ralada;
Pilão: tipo de cuia grande de madeira onde se coloca a mandioca para ser socada até completar o processo de ralação;
Prensas: são também utilizadas no processo de prensagem, sendo geralmente de madeira, sendo acionadas por alavanca ou parafuso;
Raspador e facas: são instrumentos usados para descascar a mandioca;
Tacho para torragem: são grandes pratos ou alguidares de barro ou de ferro colocados dentro do forno para a secagem da massa;
Tipiti: tipo de cesto comprido, trançado em fibras vegetais, usado para espremer, ao ser fortemente esticado, a massa;
O manejo da manipuera deve ser feito com responsabilidade e técnica adequada. A manipuera representa de 25% a 35% da raiz de mandioca, e é usada como defensivo agrícolavinagre eadubo. Ela é rica em cálcio (Ca), em cobre (Cu), em enxofre (S), em ferro, em fósforo (P), em magnésio (Mg), em nitrogênio (N), em potássio (K) e em zinco (Zn).


Deve-se guardá-la em local refrigerado, já que em temperatura ambiente a manipuera perde suas características defensivas em até três dias por causa da fermentação. Se utilizado antes do plantio, deve-se pluverizar uma semana antes, e repetindo a pluverização de 5 a 10 vezes, 1 vez por semana. Para matar formigueiros e cupinzeiros, deve-se aplicar preferencialmente na época da seca, já que as chuvas atrapalham a eficiência. Despejar de 1 a 3 litros de manipuera pura dentro do formigueiro ou do cupinzeiro, tampando os olheiros (saídas) para evitar a fuga das rainhas e facilitar a sufocação.
A eficiência foi de 70% para manipuera produzida após 24 horas da ralação e de 100% para manipuera produzida após 2 horas da ralação.
Para fabricar vinagre passe a manipuera pelo coador de pano três vezes.
Deixar o líquido coado descansando ao sol por duas semanas para decantar os sólidos e fermentar o líquido. O decantador não deve ficar fechado. Alguns produtores acrescentam no início do processo de decantação ervas ou frutas picadas para modificar o sabor do vinagre.

Tapioca

O líquido fermentado deve-se ser retido cuidadosamente para evitar a mistura com os sólidos decantados. Filtrar com um coador de pano novamente e armazenar o vinagre em local seco e arejado.

Pão de queijo

Uma sugestão de decantador simples.
Material necessário:
1 garrafa PET limpa, 1 torneira plástica de 1/2" e 1 rosca de 1/2". Caso necessite para maiores volumes, use canos e peças de PVC.
Modo de Montagem:
Recorte o topo da garrafa;
Recorte um buraco para encaixar a torneira a 20% da altura aproximadamente;
Encaixe a torneira e rosqueie a rosca.

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