Pintura
Vida e a sua arte
Autorretrato
Filha de emigrantes portugueses
no Brasil e no Chile, Aurélia de Sousa nasceu em Valparaíso,
filha de António Martins de Sousa e de Olinda Peres. Era a quarta de sete
filhos do casal. Mudou-se para Portugal,
juntamente com os pais, com apenas três anos. Passou a habitar a Quinta da China, junto
ao rio Douro, no Porto,
comprada por seu pai, que veio a falecer em 1874, quando Aurélia
tinha apenas oito anos.
Aos dezesseis anos, ela começou a ter lições
de desenho e
pintura com António da Costa Lima e
pintou o seu primeiro autorretrato. Em 1893, entrou
para a Academia de Belas-Artes do Porto, onde foi
aluna de João Marques de Oliveira, o qual muito
influenciou a sua obra. Em 1898, Aurélia
mudou-se para Paris onde
frequentou, na Academia Julian, os cursos
de Jean-Paul Laurens e de Jean-Joseph Benjamin-Constant.
Realizou as primeiras exposições e, durante os três
anos seguintes, viajou e visitou os museus de Bruxelas, Antuérpia, Berlim, Roma, Florença,Veneza, Madrid e Sevilha. Tendo
regressado a Portugal em 1901,
desenvolveu intensa atividade como ilustradora e
participou regularmente na vida artística portuense, expondo na Sociedade de Belas-Artes do
Porto, na Galeria da Misericórdia e,
anualmente, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa.
Passou a última fase de sua vida residindo na
Quinta da China, onde faleceu em 1922 com cinquenta e cinco anos.
A sua obra denota influência dos estilos de pintura
mais inovadores do seu tempo. Pintou num estilo naturalista muito pessoal, às vezes com influências realistas, impressionistas e pós-impressionistas.
Nas palavras da biógrafa Raquel Henriques da Silva, a obra de Aurélia
de Sousa "regista a silenciosa narrativa da casa: a
presença da velha mãe, os afazeres das mulheres e das crianças, os cantos
escuros da cozinha e
do atelier, as tardes
em que a luz se
confunde com os fatos de verão, os
caminhos campestres ou as vistas do rio. Pratica uma pintura vigorosa,
raramente volumétrica, detida na análise das sombras para
nelas captar a luz”.
Entre as suas principais obras, caracterizadas pela
força da expressão técnica e artística, encontram-se "Santo António",
"Cabeça de italiano",
"Cena familiar", "Moinho-Granja",
"Porcelanas antigas",
"Cristo ressuscitando e a filha de Jairo", "Rio Douro-Areinho" e o
seu "Auto-retrato"
(c. 1900), uma das
obras-primas da pintura portuguesa de todos os tempos.
Parte da sua obra encontra-se hoje no Museu Nacional de Soares dos Reis e
na Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio, ambos no
Porto.
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