terça-feira, 16 de setembro de 2014

ROBERTO MARINHO

Série: gigantes do jornalismo


Roberto Pisani Marinho (Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 1904 — Rio de Janeiro, 6 de agosto de 2003) foi um jornalista e empresário brasileiro. Proprietário das Organizações Globo de 1925 a 2003, foi um dos homens mais poderosos e influentes do país no século XX. Seu empreendedorismo levou à constituição de um dos maiores império de comunicação do planeta e o fez figurar diversas vezes entre os homens mais ricos do mundo. Com sua família atrelada ao jornalismo, herdou ainda jovem o jornal O Globo, fundado pelo pai Irineu Marinho, em 1925. Começou a formar o conglomerado de veículos de comunicação, mais tarde chamado de Organizações Globo, com a inauguração da Rádio Globo em 1944, e a primeira concessão pública de TV no Rio de Janeiro, a TV Globo, em 1957.



Conservador na política, liberal na economia, Marinho fazia com que seus veículos de comunicação sempre tomassem posição política alinhada com seu pensamento e harmonizada com seus interesses. Aproximou-se inicialmente do regime de Getúlio Vargas durante o Estado Novo, inaugurando um convívio com todos os presidentes da República pelo anos seguintes que o transformaria no grande interlocutor dos principais políticos brasileiros do século XX. Nos anos seguintes, passou a apoiar a UDN, opondo-se aos governos de Vargas e Juscelino Kubitschek, e com a renúncia de Jânio Quadros, presidente que teve o apoio irrestrito de Marinho, fez oposição ferrenha contra João Goulart e apoiou o Golpe Militar de 1964. Com seu apoio a ditadura militar brasileira, Roberto Marinho pôde expandir ainda mais seu conglomerado durante o regime autoritário com a inauguração da TV Globo em 1965, que se tornou o principal canal de televisão do Brasil e uma das maiores do mundo, e a ampliação do Sistema Globo de Rádio nos anos seguintes. Embora tenha ignorado inicialmente o movimento popular de Diretas-Já, apoiou mais tarde Tancredo Neves e José Sarney na Nova República. Na eleição presidencial de 1989, Marinho apoiou Fernando Collor de Mello.


Roberto e Costa e Silva

Fã de esportes, praticou automobilismo, hipismo e caça submarina ao longo da vida. Também ligado às artes, foi um grande colecionador de obras, tendo patrocinado algumas exposições com seu grande acervo. Publicou seu único livro, "Uma Trajetória Liberal", em 1992, e em 1993, candidatou-se e foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras. O magnata dedicou-se ainda a Fundação Roberto Marinho, organização de apoio a iniciativas educacionais criada por ele em 1977.


Roberto e gen. Figueiredo

Com empenho pessoal e firme de Roberto Marinho, as Organizações Globo não apenas apoiaram o golpe de Estado contra Jango, como também deram seu total apoio aos governos militares que se estabeleceram ao longo da ditadura militar brasileira. Em 1965, preocupado que a restauração de eleições diretas para sua sucessão em 1966 pudesse favorecer políticos da oposição, Roberto Marinho participou de um grupo formado pelo então general Ernesto Geisel (chefe da Casa Militar), o general Golbery do Couto e Silva (chefe do Serviço Nacional de Informações) e Luis Vianna (chefe da Casa Civil), que tentava convencer o ditador Castelo Branco a prorrogar ou renovar seu mandato presidencial pós-1966.



Foi sob o regime militar que Roberto Marinho deu um salto decisivo na transformação do conglomerado de Marinho no maior grupo midiático do país, quando o empresário, aos 60 anos, deu início das transmissões do Canal 4 do Rio, a TV Globo, em 26 de abril de 1965. No ano seguinte, ele adquiriu uma nova concessão, o Canal 5 de São Paulo, a TV Paulista, e começou a formar a Rede Globo de Televisão. Como na época não possuía o capital necessário para o novo empreendimento, Roberto Marinho se uniu ao grupo norte-americano Time-Life, para quem deu 49% de participação acordo com o grupo Time-Life representou uma injeção do equivalente hoje a US$ 25 milhões e mais assessoria técnica e comercial avançadas, que mais tarde seria transformada no chamado "Padrão Globo de Qualidade". Embora o artigo 160 da Constituição brasileira de 1946 vetasse a participação acionária de estrangeiros em empresas de comunicação do país e um relatório de uma Comissão Parlamentar de Inquérito criada para investigar o acordo concluiu que a Constituição fora de fato desrespeitada, tanto o procurador-geral da República, em 1967, quanto o presidente Costa e Silva, em 1968, avalizaram a operação como legal. Com o declínio das concorrentes Tupi e Excelsior e a colaboração com a ditadura militar, a Rede Globo ganhou rapidamente projeção nacional e se tornou líder de audiência. Além da força da emissora de Televisão e de ter "O Globo" entre os jornais mais vendidos do Rio e a Rádio Globo líder de audiência carioca, Roberto Marinho diversificou suas atividades empresarias com fazendas de gado, centros comerciais e uma das maiores coleções de arte na América do Sul.


Roberto e Sarney

O apoio de Marinho ao regime militar prosseguiu ao longo da década de 1970.



Marinho foi criticado no documentário britânico, Beyond Citizen Kane (Muito Além do Cidadão Kane), por seu poder e papel na fundação da Rede Globo e vínculos com a ditadura militar no período. A Globo foi à Justiça para impedir a liberação e exibição do filme no Brasil, mas que se tornou viral na internet após a virada do século 21. Em 2009, a Rede Record comprou o documentário e passou a divulgar trechos do mesmo na emissora.

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