Por Jayme Barbosa, do
livro Crônicas Recolhidas
Comei-vos uns aos
outros e
nos intervalos amai.
Palavras de Deus no
instante da criação
A infeliz
semana de trabalho, que depois de suadas conquistas fixou-se em cinco dias, já
não agrada ninguém. O empregador acha improdutiva e curta, e o pelejador longa
e monótona. Tal discordância gerou formulação capaz de unir oponentes: a
duplicação da semana.
Analisemos
os fatos. A semana atual começa com a ressaca da segunda-feira, quase nunca
aplacada ne terça. Por isso, nesses dois dias os resultados são baixos a a
insatisfação, elevada, tanto do lado patronal quanto do laboral. As quartas são
inofensivas, mas não permitem benefícios às partes litigantes, pois há ainda
uma certa indefinição de rumo. Já a quinta leva a vantagem de ser véspera da
sexta, quando, além do relaxante happy
hour, há perspectiva próxima de duplo descanso. Nesses dois últimos dias da
semana operativa, cresce, portanto, por arte destes deleites, a produção. Por
menor que seja.
Surgiu daí
uma solução: transformar-se a apática quarta-feira em dia virtual. Formam-se
imediatamente duas semanas a partir da atual: a sonhada duplicação. Digo mais:
duas semanas totais de três dias cada. A primeira começando pelo descanso de
domingo, capaz de conferir certo entusiasmo à segunda e à terça, sobretudo
porque estas passam vésperas da inexistente quarta. A outra, de quinta a
sábado, dois dias de trabalho compensados por um de justo repouso.
Com a
implantação deste sistema, que não mexe no calendário, surgirá uma natural
harmonia entre empregados e empregadores. Haverá evidente aumento de
produtividade para os patrões e de felicidade para todos. Junte-se a isso, a
considerável economia de energia e insumos outros para o País, em geral, e para
os Estados, em particular.
Para que
esta notável conquista entre em vigor, basta um decreto presidencial no estilo
do bem amado Thiago de Melo:
Fica decretado que
todas as quartas-feiras do ano configuram períodos virtuais, quando tudo será
permitido, exceto trabalhar.
Parágrafo único: as
semanas resultantes desta inserção duplicativa terão dois dias de trabalho por
um de descanso, que ninguém é de ferro.
Publique-se e
cumpra-se.
Duplicitários
de todo Brasil, uni-vos!
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