Segundo o folclorista
Câmara Cascudo
Santa do pau oco
Expressão que se refere à pessoa que se faz de
boazinha, mas não é. Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó,
moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O
santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.
Mais vale um pássaro na mão que dois
voando
Significa que é melhor ter pouco que ambicionar
muito e perder tudo. É tradição de antigos caçadores. Eles achavam melhor
apanhar logo a ave que tinham atingido de raspão, antes que ela fugisse, do que
tentar atirar nas que estavam voando e errar o alvo.
Apressado come cru
Quando não existia o forno micro-ondas, era preciso
muito tempo para a comida ficar pronta, ou então comê-la crua. Nessa época, a
culinária japonesa ainda não estava na moda e comida crua era vista com maus
olhos. Assim, a expressão passou a ser usada para significar afobamento,
precipitação.
Chorar as pitangas
Pitangas são deliciosas frutinhas cultivadas e
apreciadas em todo o país, especialmente nas regiões norte e nordeste do país.
A palavra deriva de pyrang, que, em tupi-guarani, significa vermelho. Sendo
assim, a provável relação da fruta com lágrimas, vem do fato de os olhos ficarem
vermelhos, parecendo duas pitangas, quando se chora muito.
Farinha do mesmo saco
“Homines sunt ejusdem farinae” esta frase em latim
(homens da mesma farinha) é a origem dessa expressão, utilizada para
generalizar um comportamento reprovável. Como a farinha boa é posta em sacos
diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação para insinuar que os bons
andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.
Aquela que matou o guarda
Tratava-se de uma mulher que trabalhava para D.
João VI e se chamava Canjebrina, que, como informam os dicionários, significa
pinga, cachaça. Ela teria matado um dos principais guardas da corte do Rei. O
fato não foi provado. Mas está no livro “Inconfidências da Real Família no
Brasil”, de Alberto Campos de Moraes.
Sangria desatada
Diz-se de qualquer coisa que requer uma solução ou
realização imediata. Esta expressão teve origem nas guerras, onde se verificava
a necessidade de cuidados especiais com os soldados feridos. É que, se por
qualquer motivo, se desprendesse a atadura posta sobre as feridas, o soldado
morreria, por perder muito sangue.
Colocar panos quentes
Significa favorecer ou acobertar coisa errada feita
por outro. Em termos terapêuticos, colocar panos quentes é uma receita, embora
paliativa, prescrita pela medicina popular desde tempos remotos. Recomenda-se
sobretudo nos estados febris, pois a temperatura muito elevada pode levar a
convulsões e a problemas daí decorrentes. Nesses casos, compressas de panos
encharcados com água quente são um santo remédio. A sudorese resultante faz
baixar a febre.
Cor de burro quando foge
A frase original era “Corra do burro quando ele
foge”. Tem sentido porque, o burro enraivecido, é muito perigoso. A tradição
oral foi modificando a frase e “corra” acabou virando “cor”.
Pagar o pato
A expressão deriva de um antigo jogo praticado em
Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria
passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que
pagava pelo animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a empregar a expressão
para representar situações onde se paga por algo sem ter qualquer benefício em
troca.
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