quinta-feira, 25 de setembro de 2014

SEM OURO E SEM CORRUPÇÃO

Por
Luiz Augusto Amoedo

Este ano que está se perdendo em mil e uma explicações, dúvidas, certezas, promessas, euforia e pessimismo, encerra também um fato histórico relevante. Faz 50 anos que os brasileiros deram “Ouro para o bem do Brasil”. Foi uma campanha midiática de largue alcance, envolvendo principalmente jornais, rádio e a incipiente televisão.

Alianças e anéis pulseiras e correntes foram queimadas em prol de conter a alta do dólar, porque o país estava de cofre vazio, com as tais reservas cambiais no fundo do tacho, em pleno 1964 dos militares assumindo o poder. Quem comandou o mote foi o grupo Diários Associados. A ditadura recém-instalada não se envolveu no negócio e até hoje ninguém sabe onde foi parar o ouro arrecadado.


De lá para cá outras campanhas se fizeram presentes, a do “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”, embalada pelo ideia de que havia a turma que torcia contra o país e aqueles que estavam desfrutando de uma vida maravilhosa, um Brasil pungente, que “ninguém segura este país”.

E ninguém segurou mesmo, porque tempo depois convivemos com moratória e, claro, até desembocarmos no Plano Cruzado e seus congêneres. Desde 1986 foram seis planos econômicos, registrando média de um a cada 14 meses. O primeiro foi o Plano Cruzado, depois vieram o Bresser, em 1987, Verão, em 1989. Em 1990 entra no ar o Plano Collor I e depois o Collor II. Em 1993 Itamar lança o Plano Real, quando Fernando Henrique Cardoso era o Ministro da Fazenda. O plano tinha três vertentes: ajuste fiscal, desindexação da economia e política monetária restritiva.
Com o Real, o Brasil ganhou uma moeda, mas ela só é conversível na América Latina. Se você for fazer aquelas compras em Nova Iorque e levar real no bolso vai passar vexame. Mas os brasileiros deixaram a inflação para trás, que chegou a mais de mil por cento ao ano.
Mas vinte e um anos depois do lançamento do Plano Real, o Brasil convive com uma inflação renitente, juros altos, dólar explodindo na vizinhança dos R$2,40 desemprego assustando trabalhadores e uma economia que a cada dia mingua um pouco. Além disso, há ainda os assombrosos casos de corrupção se multiplicando velozmente.
Faltando apenas 11 dias para a escolha de um novo presidente e no mais tardar 31 dias, no caso do segundo turno, as promessas são muitas, o ufanismo oficial chega a soar patético, ante as dificuldades que a economia enfrenta, e o setor produtivo vendo o consumidor cada vez mais arredio, seja no comércio, na indústria, no serviço ou no setor imobiliário.
Restaurar a confiança do empresariado e do consumidor é um tarefa primordial, para que a economia volte a caminhar em direção ao trilho. A velha fórmula já se mostrou desgastada, outras que vêm surgindo carecem de maior clareza, porém são mais realistas. Como fazer a transição para um ambiente de confiança, sem que a sociedade doe ouro ou seja submetida a mais um plano, é um desafio a ser vencido. Mas se faz necessário, imprescindível e urgente, não podemos nos dar ao luxo de deixar sangrar.
No caso da corrupção, se o aparelho judiciário for insuficiente, chame o ladrão.   

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