Crônica de
Consuelo Pondé
Comecemos
essas observações com a figura emblemática do Dr. Jonatas Abott. Nasceu em Londres, no dia 6 de agosto de 1796, e
morreu em Caminho Novo, em 8 de março de 1868. Naturalizou-se brasileiro por
decreto de 31 de outubro de1821. Filho de John e Sara Abbot. Veio para Salvador
como cavalariço de um médico baiano. Ingressou na Faculdade de Medicina, como
servente, nela estudou, tendo-se formado na terceira turma, em 1820, alcançando
a regência da cadeira de Anatomia. Pertenceu a diferentes entidades
científicas. Escreveu vários trabalhos sobre anatomia, em português, tendo
publicado uma tradução do Tartufo, de Moliére, assim como outras composições
literárias.
Uma das
personalidades inglesas mais conhecidas dentre nós è Thomás Lindley, que veio a aportar na costa baiana, depois de ter
vencido forte tempestade. Após ter avaliado a precariedade do seu navio a
necessitar de reparos urgentes, sem dispor de condições financeiras para fazer
esses consertos não prosseguiu viagem.
Era seu
propósito seguir para o Rio de Janeiro, onde esperava realizar um negócio
rentável com os espanhóis do Prata. Malogrado nas suas intenções, porquanto no
meio do caminho, em Porto Seguro, sofreu outra tempestade, e ali deteve-se
abrigado por causa de novo cataclismo. Foi muito bem recebido na cidade pelo
juiz José Dantas Coelho, procedente de Portugal, de onde chegara dois anos
antes e seu filho Gaspar, que funcionava como escrivão.
Segundo o
historiador Affonso de E Taunay, no livro: “Na Bahia de D. João VI foi o jovem
Gaspar quem lhe “propôs trocar pau-brasil pelas mercadorias que ele tinha a
bordo”.
Depois de
denúncias e contratempos de toda natureza foi Lindley e sua mulher encarcerados
no infecto calabouço da prisão de Porto Seguro. Dez dias decorridos da detenção
e os presos foram submetidos a novo interrogatório sobre o pau-brasil, tendo
sua senhora adoecido. Em vista disso, o viajante inglês implorou melhoria de
condições da prisão, sendo ambos alojados num quartinho mais arejado, embora
seu teto estivesse cheio de morcegos. Ali passaram noites endormidas por causa
da algazarra da prisão e da jogatina dos oficiais.
Impressionou
muitíssimo ao inglês a enorme quantidade de pedintes nos meses em que esteve na
Bahia de 1802 e 1803. Pedintes que, segundo ele, esmolavam pelas ruas em favor
das irmandades, capelas, ordens religiosas, votos pessoais.
Dado
curioso que Lindley anota diz respeito ao desejo dos baianos aspirarem a
independência do país e o pendor republicano (1802).
Sobre os
ingleses e a abertura dos Portos do Brasil Wanderley Pinho escreve sobre a
ideia muito difundida de que a abertura dos portos foi “uma dádiva dos
Ingleses”, juízo injusto, porquanto aos britânicos não interessava a Abertura
dos Portos às nações amigas”. É verdade que, continua o Mestre, houvera uma
convenção secreta entre Portugal e a Inglaterra, quando se cogitou de enviar o
Príncipe da Beira ao Brasil (futuro D. Pedro I), de cujo acordo constava uma cláusula
nesse sentido. Entretanto (outubro de 1807) esse acordo não prosperou, não
tendo Portugal ratificado semelhante cláusula do aludido acordo.
Darwin
Brandão & Mutta e Silva, no livro Cidade do Salvador, de 1958, ao escrever
sobre Campo Grande informa que, no local, houve um acampamento dos holandeses.
Sua feição atual é devida ao Reverendo Edouard
Parker, da Igreja Anglicana, ao lado do Clube Inglês. Os britânicos tiveram
prestígio para ali erguer o seu templo, àquela altura já adquiria feição de
principal praça da cidade.
Aquele
local era uma zona de profundos desníveis topográficos. A área só foi
terraplanada no século XIX graças ao poder público que contratou o empreiteiro
Edouard Parker. A colônia inglesa quase inteira ali se concentrava. Ali vivia o
líder da colônia inglesa Eduard
Peloinwilson, no local em que se encontra hoje o Palácio dos Cardeais. No
local onde hoje se encontra o Hotel da Bahia existia a casa do jornalista
Augusto Guimarães, homem poderoso em Salvador do seu tempo. Em outra casa vivia
o doutor Pacífico Pereira, professor da Faculdade de Medicina e líder político
de nomeada. Sua casa que, nos anos 30 e 40 foi sede da Pinacoteca, se
encontrava onde hoje é o Teatro Castro Alves.
Sobre este
Cemitério dos Ingleses, está no Indicador e Guia Prático da Cidade do
Salvador-Bahia de 1928. Inexistindo carneiros e mausoléus, muito menos capela,
os sepultamentos dos súditos dessa nacionalidade eram feitos no chão.
John Ligerfod Paterson
(1820-1822) nasceu na Escócia a 14 de setembro de 1820 e doutorou-se em
medicina, em 1841. Veio para Salvador no ano seguinte, na Faculdade de Medicina
da Bahia, situado no Terreiro de Jesus, fazendo exame de suficiência e
verificação de título, com aprovação em 7 de novembro de 1842. Ao lado de Otto
Wucherer (1820- 1882) e José Francisco da Silva Lima foram precursores da
medicina, no âmbito das moléstias tropicais, sendo membro da Escola
Tropicalista da Bahia. Em 1842 solicitou às autoridades policiais, o título de
residência da Capital da província da Bahia. Esses são, entre outros, cidadãos
ingleses que viveram experiências diversas na Bahia.
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