Residência oficial dos governadores da Bahia entre 1912 a 1967
O Palácio
da Aclamação está situado em Salvador, no largo
de mesmo nome, e é anexado ao Passeio Público da cidade. Foi durante 55 anos a residência oficial dos governadores da Bahia.
O “Palacete dos Moraes”, localizado na Praça da Aclamação sob o nº 211,
defronte do Forte de São Pedro e ao lado do Passeio Público, pertencia a Miguel Francisco Rodrigues de Moraes,
comerciante bem sucedido, originário da cidade de Ponte de Lima. Ele o
comprara, em 1894, da viúva
Anna Carolina Ribeiro Miranda. Morto, em 1895, sua
viúva, Clara César de Moraes (filha de Horácio César, figura de marcada
presença na vida política da Bahia)
permaneceu no Palacete até o ano de 1911, quando
entendeu-se em negócios com o governo do Estado que adquiriu o imóvel por
“trinta contos de reis”. No ato da venda, 11 de setembro de 1911, o governo do
Estado se fez representar pelo seu Secretário-Geral de Estado, José Carlos
Junqueira Ayres de Almeida. Na época, a residência oficial dos governadores,
desde 1908, era o
“Palacete das Mercês” (atual Palácio Rio Branco).
A Bahia vivia o
final do governo de João Ferreira de Araújo Pinho (22 de
dezembro de 1911). Dois meses após a aquisição da casa dos Moraes, o
governador Araújo Pinho, pressionado pelas injunções políticas, alega
"condições de saúde" e renuncia, cinco meses antes do término do seu
mandato.
À crise política
que se instalou pela posse do governo - de um lado, o substituto constitucional
de Araújo Pinho, o presidente da Câmara dos Deputados, Aurélio Rodrigues Viana, e, de outro, a
maioria da Câmara, que seguia a orientação de José Joaquim Seabra -, sobreveio
o episódio do bombardeio de
Salvador, em 10 de janeiro de 1912, cujos disparos, vindos do Forte do Mar (Forte de São Marcelo) atingiram também o Palácio
Rio Branco, residência oficial do governo. Com o incêndio, que destruiu
inclusive o acervo da Biblioteca
Pública que
lá funcionava, as repartições governamentais foram transferidas
para o Palácio da Aclamação, tempos depois elevado à condição de residência
oficial dos governadores.
Empossado em 29 de
março de 1912, J. J. Seabra, com baixos índices de popularidade - sobretudo
depois de a cidade ter sido bombardeada para que se desse a sua posse -,
transfere-se para o Palácio da Aclamação, em 7 de julho do mesmo ano,
encontrando-o
tal como era no tempo dos Moraes. Para a ampliação do prédio, Seabra utilizou uma parte do Passeio Público, fato considerado por políticos e intelectuais da época uma usurpação, além de violação da Lei Orgânica dos Municípios.
tal como era no tempo dos Moraes. Para a ampliação do prédio, Seabra utilizou uma parte do Passeio Público, fato considerado por políticos e intelectuais da época uma usurpação, além de violação da Lei Orgânica dos Municípios.
Seabra cumpriu seu
governo (29 de março de 1912 a 28 de março de 1916) sem terminar as obras do
Palácio da Aclamação, deixando para o seu sucessor, Antônio Muniz Sodré de Aragão a sua
continuação. Em razão disso, Moniz de Aragão transfere temporariamente a
residência oficial para o Palácio da Piedade, onde mais
tarde foi construída a sede da Secretaria da Segurança Pública
do Estado da Bahia, segundo o jornal O Democrata (Salvador,
23 de abril de 1917). Em 3 de novembro do mesmo ano,
Muniz de Aragão
retorna ao Palácio da Aclamação. Não há registro da ocorrência de sua inauguração
oficial, porém, na fachada do Palácio, à direita da porta principal, está a
seguinte inscrição: “A construção deste Palácio foi concluída em 1917,
no Governo do Exmo. Sr. Dr. Antônio F. Muniz de Aragão, sendo secretário da
Agricultura, Indústria, Comércio, Viação e Obras Públicas, o dr. J. A. Pedreira
Franco, diretor da Secretaria da Agricultura, o dr. F. Pontes e fiscal das
obras o engenheiro Custódio R. Príncipe Júnior”.
Na transmissão do
cargo ao seu sucessor, J.J. Seabra, Moniz de Aragão registra na sua exposição a
reconstrução e remodelação do Aclamação.
O Palácio da
Aclamação foi residência oficial dos governadores baianos por 55 anos. Nesse
período governaram a Bahia:
No decorrer desse
tempo, o Aclamação foi palco de inúmeros acontecimentos históricos e de
importantes decisões políticas. Nele foram recepcionadas personalidades
diversas em visitas oficiais ao Estado da Bahia. No hall de
entrada, à esquerda, está registrada em placa de prata a visita da Rainha
da Inglaterra, Isabel II e do
príncipe Filipe, Duque de Edimburgo, em 3 de novembro
de 1968.
Em 1967, o
governador Antônio Lomanto Júnior transfere a
residência oficial para um imóvel de propriedade do Estado, no Alto de Ondina,
antiga residência do administrador do Campo de Experiências Botânicas que ali
havia e que passou a ser chamado de Palácio de Ondina. Com a mudança, o Palácio da Aclamação passou a
ser utilizado esporadicamente pelo governador para despachos, solenidades e
atos oficiais - grandes recepções, velórios de ex-governadores e outras
personalidades baianas. Conservou-se, no entanto, a tradição do governador receber
no Aclamação os cumprimentos no dia 2 de julho, data
comemorativa da Independência da Bahia, e no fim de cada
ano.
Segundo o
historiador e professor de história da Universidade Federal da Bahia, Cid Teixeira, a República estava,
ali, homenageada: "Um palácio para o governador com o nome de
Aclamação, no local da implantação da República, colocava a casa da viúva Clara
César de Moraes como a única e insubstituível para este destino"..
O palácio exibe uma
bela fachada em estilo neoclássico.
Interiormente é decorado com belos painéis emoldurados, guirlandas, laços e
medalhões, pintados por Prisciliano Silva. Seu
acervo é composto de mobiliários nos estilos Dom José e Luís XV,
porcelanas, cristais, bronzes, tapetes persas e franceses e telas de pintores
famosos.
Contam, alguns historiadores baianos, que grande parte da prataria e
cristais do acervo do palácio da Aclamação, foi despachado pelo Governador Renato Onofre
Pinto Aleixo, então destituído do cargo, para a sua residência no Rio de
Janeiro.
Perguntaram-no: - o por que da decisão de levar consigo um patrimônio do
estado?
- Do estado meu caro? Nada disso. Tais peças eram todas minhas. Tinha em
cada uma delas meu monograma gravado com as iniciais PA, Pinto Aleixo. Resta
provado, são minhas.
A verdade é que as iniciais (o monograma suscitado) referiam-se ao
Palácio da Aclamação (P. A.).
Sobre o tema, surgiram críticas, protestos, discussões, mas uma delas
ficou na memória dos baianos. Um epigrama de autor anônimo:
RENATO
ONOFRE PINTO ALEIXO
Renato é
nome de gente,
Onofre nome
de santo é.
Pinto é
nome de bicho
Aleixo, que
diabo é?
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