sexta-feira, 24 de outubro de 2014

QUEM VENCERÁ?

 JOACI GÓES


 Em todos os lares e bares do Brasil, a pergunta ouvida até o próximo domingo à noite é: Quem vencerá estas eleições presidenciais, Dilma ou Aécio?

Com margem tão diminuta de vantagem com que os dois candidatos se alternam na liderança da preferência popular, só nos resta aguardar a contagem dos sufrágios que, graças à computação eletrônica, nos dará o resultado final por volta das vinte horas de Brasília, tempo suficiente para abranger os votos apurados nos estados que obedecem a fusos horários distintos do da Capital Federal.

O mapa das pesquisas revela que a votação de Dilma ocorrerá, de modo acentuadamente preponderante, entre os eleitores de mais baixo nível de conhecimento, habitantes dos grotões dos estados mais atrasados da Federação e da periferia dos grandes centros urbanos do País, fato que, por si só, contém uma advertência de caráter sócio-político-cultural, nada negligenciável.


Aécio, por outro lado, conta com a maioria esmagadora do eleitorado politicamente esclarecido, independentemente do seu nível de renda.

Fere-se, portanto, como vem sendo sustentado dentro e fora do Brasil, uma luta entre a consciência ocidental e o radicalismo primitivo, de inspiração bolivariana, que tem como mentores o sanguinário ditador cubano Fidel Castro, o cocaleiro Evo Morales, o morto venezuelano fronteiriço Hugo Chavez e seu sucessor, o motorista de caminhão Nicholas Maduro, a presidente da Argentina Cristina Kirschner, o presidente do Equador Rafael Corrêa, e Daniel Ortega, presidente da Nicarágua. Trata-se, de fato, de um time capaz de fazer escurecer as trevas.

Se Aécio Neves for o vencedor, caber-lhe-á manter as atuais conquistas da população mais pobre, iniciadas com Fernando Henrique Cardoso e continuadas nos governos petistas. Trata-se, portanto, de conquistas que podem e devem ser aperfeiçoadas, a exemplo de bônus adicionais aos beneficiários do Bolsa Família que, por si e ou por seus dependentes, implementarem práticas destinadas ao aumento dos seus atuais níveis de conhecimento. Afinal de contas, o Bolsa Família não foi concebido para ser um fim em si mesmo, mas como uma medida de caráter assistencialista, destinada a durar o tempo necessário para permitir o avanço dos recipiendários que operam muito abaixo de suas potencialidades, por força de insuficiente educação, sendo o objetivo final preparar cada um de todos os cidadãos para tornar dispensável qualquer medida ancilar compensatória de suas deficiências no aproveitamento das benesses de uma cidadania plena. Inquestionavelmente, é núcleo do mais baixo populismo atuar no sentido de eternizar políticas assistencialistas que resultam da incompetência gerencial do setor público, a maior de todas sendo a distribuição desigual do acesso a uma educação de qualidade.

As preocupações maiores do povo brasileiro, nesta encruzilhada, advêm de uma eventual reeleição de Dilma, fato que, segundo as pesquisas, tem 50% de possibilidades de ocorrer. Nessa hipótese, a oposição a Dilma, por ser constituída pelos segmentos mais esclarecidos da sociedade, não suportará a continuidade do ambiente de impunidade reinante relativamente aos que vivem de assaltar o Erário, destruir as grandes empresas públicas nacionais e hostilizar os setores produtivos da sociedade, em nome de uma fajuta prática revolucionária malandramente alegada de inspiração gramciana, quando, na verdade, se trata de locupletamento primário e voraz.

A sofrida tolerância com tão graves desvios de conduta só tem sido possível graças ao catártico, regular e democrático comparecimento às urnas que dá ao povo a possibilidade de mudar os rumos de seu destino, pela eleição de novos protagonistas políticos.

Não é mais possível retesar a corda da paciência nacional.

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