sábado, 25 de outubro de 2014

SILVINO SIMÕES SANTOS SILVA

O cineasta da selva amazônica


Silvino Santos (Cernache do Bonjardim1886 — Manaus14 de maio de 1970) foi um fotógrafo e cinegrafista luso-brasileiro que se estabeleceu em Manaus, tendo sido o autor, juntamente com Agesilau Araújo (filho do Comendador J.G. Araújo), do clássico documentário em branco-e-preto sobre a Amazônia, intitulado No Paiz das Amazonas (Brasil1921). O diretor cinematográfico Aurélio Michiles, em 1997, lançou o filme O cineasta da selva, sobre a vida e a obra cinematográfica de Silvino Santos.



Filho de António Simões Santos Silva, um professor de música e de Vírginia Silva, Silvino Santos, ainda muito jovem, partiu para tentar a vida na lendária Amazônia. Chegando a Belém do Pará foi trabalhar no comércio.


Santos aprendeu a fotografar nesta época já demonstrando enorme talento, foi descoberto por Júlio Cezar Araña, um dos mais poderosos seringalistas da Amazónia no Peru. Araña era responsável pela Peruvian Amazon Co. e queria sensibilizar os acionistas ingleses, que estavam indignados pelas acusações de Hardenburg, um missionário americano. Este afirmava que no rio Putumayo, Araña escravizava e assassinava nativos. Este foi defender-se no Tribunal dos Comuns em Londres e percebeu que havia uma novidade sensacional que poderia servir como veículo de propaganda: o cinema.
Araña financiou uma viagem de Silvino Santos a Paris. As instalações da casa Pathé e os laboratórios dos irmãos Lumière foram assim frequentados pelo rapaz que procurava películas resistentes ao calor dos trópicos. Retornando ao rio Putumayo, onde se havia estabelecido, Silvino Santos rodou o filme que mostrava os seringais de Araña em 1912.


Silvino Santos casou com Anna Maria Schermuly, uma descendente de alemães órfã, que era tutelada por Araña.
Em 1914, o filme rodado no Peru foi copiado nos Estados Unidos, mas o filme perdeu-se porque o navio onde se encontravam os negativos foi afundado.


Silvino Santos estabeleceu-se em Manaus. O seu segundo filme também se perdeu: Em 1918, o comerciante Manoel Gonçalves resolveu fundar a Amazônia Cine Film e foi realizada a película documental Amazonas, o Maior Rio do Mundo. O empresário Avelino Cardoso participava do empreendimento. O noivo de sua filha, Propércio Saraiva, a título de copiar o filme em Londres, desapareceu com os originais deixando assim o cineasta em difícil situacão financeira. A firma se dissolveu e o material cinematográfico foi arrematado pelo Comendador Joaquim Gonçalves de Araújo.


Em 1921 filmou No Paiz das Amazonas, filme de rara beleza fotográfica, exibido no Cinema Pathé do Boulevard des Italiens, em Paris, e nos principais centros da Europa. O lançamento comercial no Rio de Janeiro, foi em 2 de abril de 1923 no cinema Palais. O Paiz comentou: “Chama-se No Paiz das Amazonas e é uma estupenda licão de coisas. Paisagens, maravilhas phisicas, riquezas naturaes, progressos economicos, typos, costumes, cidades, tudo se projecta nessa empolgante pellicula, que o Sr. Presidente da República teve ensejo de admirar, com todos os Ministros de Estado, no Palácio do Cattete e a que não poupou honrosos encomios”.
Esse filme foi produzido inicialmente para ser exibido na Exposicão Comemorativa do Centenário da Independência. No Rio de laneiro, Silvino Santos filmou a Exposicão, na qual seu filme fez enorme sucesso, e rodou o documentário Terra Encantada, focalizando os mais variados aspectos da Capital Federal.
Em 1924/25 realizou No Rasto do EI-Dourado, documentação cinematográfica da Expedicão Alexander Hamilton Rice, outro sucesso estrondoso.
Produziu ainda Terra Portuguesa e O Comilão Da Estácio, focalizando aspectos de Portugal, onde permaneceu de 1925 a 1930 com a família Araújo. Trabalhou até o fim de sua vida na firma do Comendador Araújo. Teve dois filhos, Guilherme (1914) e Lilia (1916, com a curiosidade de ter também ter nascido em Cernachje do Bonjardim, para onde Silvino havia enviado sua filha).


Quando já não produzia longa-metragens, Silvino Santos fez curtas-metragens para exibição na Fábrica de Cerveja e Gelo de Miranda Corrêa e Cia. Era um ambiente refinado onde a sociedade amazonense ia se admirar na tela do cinematógrafo.
Em 1970, os cineastas Roberto Kahané, Domingos Demasi Filho e Paulo Sérgio Muniz realizaram o curta-metragem Silvino Santos, o Fim de um Pioneiro.


Em novembro e dezembro de 1981 realizou-se na Galeria de Arte Afrânio de Castro, em Manaus, uma exposição fotográfica comemorativa dos 95 anos de nascimento do cineasta.
1912 - Filme rodado no Rio Putumayo
1918 - Amazonas, O Maior Rio do Mundo
1921 - No Paiz das Amazonas
1922 - Documentação cinematográfica da Exposição da Independência
1923 - Terra Encantada
1924 - Documentação cinematográfica da Intervenção Federal no Estado do Amazonas, no episódio do golpe de Ribeiro Júnior
1924/25 - No Rasto do El-Dorado
1925/27 - Terra Portuguesa
1929/30 - O Comilão da Estácio 

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