Concluída a escola, o jovem
Vincent van Gogh vai trabalhar na compra e venda de objetos de arte, primeiro
em Haia, depois em Londres. A infelicidade no amor o lança na primeira
depressão grave. Seus pensamentos voltam-se para a religião. Passa quatro anos na
Bélgica trabalhando como pastor. Ali, ajuda no que pode e luta pelos direitos
das pessoas. Contudo, isso desagrada a Igreja, da qual é expulso, fazendo-o
mergulhar em nova crise. "Minha
única angústia é descobrir como posso ser útil ao mundo", escreve ao
irmão Theo, seu mais íntimo confidente.
Somente
aos 27 anos, Vincent decide ser pintor.
Lança-se ao trabalho com enorme intensidade. Em 1886, vai viver com Theo em
Paris, onde sua saúde piora. Começa a sofrer de cãibras na mão esquerda.
Passados os acessos, fica perturbado e a memória falha por breves períodos -
primeiro indício da epilepsia diagnosticada mais tarde. O gosto do pintor pelo
absinto contribui para o agravamento de seu estado. Sabe-se hoje que a bebida
contém uma substância que favorece ataques epilépticos e psicoses. Seu temperamento explosivo e as oscilações
de humor o tornam persona non grata para vários de seus conhecidos. "É como se fossem duas pessoas: uma delas,
de grande talento, culta e sensível; a outra, egoísta e fria de
sentimentos", descreve Theo.
No início de 1888, Vincent vai para o Sul da
França, "cansado e desesperado", como ele próprio diz. Ali, sintomas
de um grave transtorno psíquico manifestam-se com crescente nitidez. Períodos
de atividade febril alternam-se com apatia e esgotamento total - sinais típicos
de depressão maníaca. Sentindo-se só, pede ao amigo Paul Gauguin que se junte a
ele. Juntos, os dois pintores fundam o "Estúdio do Sul". Mas este relacionamento deteriora,
culminando numa catástrofe: em dezembro de 1888, van Gogh o ameaça com uma
navalha e termina por amputar a própria orelha.
No hospital, o primeiro diagnóstico: psicose
grave. O médico Felix Rey também suspeita de epilepsia larvada, em que os
acessos convulsivos têm forma bastante amena. Em compensação, imperam outras ocorrências psíquicas e o paciente
oscila entre euforia extrema e depressão profunda, acompanhadas de angústia e
insônia. Alucinações e mania de perseguição integram o quadro dos sintomas, bem
como pronunciada emotividade, que, com frequência, culmina em solicitude
exagerada ou religiosidade extrema.
A epilepsia de lobo temporal é tida como a
explicação mais provável para o perturbado estado mental de van Gogh. Rey o
trata com brometo de potássio. Passados alguns dias, o artista se recupera.
Embora o médico chame sua atenção para os perigos do absinto, o pintor o
ignora. Essa é uma das razões para as várias recaídas, que requerem repetidas
internações. Seu estado psíquico é tão instável que, em maio de 1889,
interna-se espontaneamente no sanatório de Saint Rémy.
O médico da instituição confirma a epilepsia,
mas suspende o tratamento com brometo de potássio. Apesar dos episódios de uma grave psicose, van Gogh produz no ano
seguinte mais de 300 obras. Depois, muda-se para Auvers-sur-Oise, nas
proximidades de Paris. Nos campos ao
redor de Auvers, pinta algumas de suas grandiosas paisagens. Em carta a Theo, menciona que gostaria de
aumentar sua paleta de cores e pede apoio ao irmão. Três dias depois, o grande
artista se mata com um tiro no peito.
GALERIA DE FOTOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário