Por
Edivaldo M.
Boaventura
Pela sexta vez o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro reúne os
Institutos Históricos Brasileiros. É salutar o conhecimento colaborativo e
institucional de organizações nascidas em momentos e lugares diferentes e que
se encontram reunidas em torno da discussão do patrimônio. Patrimônio que foi o
conceito chave em torno do qual iniciamos a política cultural brasileira nos
anos trinta. A proteção do patrimônio na Constituição Federal de 1934 e na de
1988 foi pauta da fala congratulatória do presidente Arno Wehling, ao abrir o
VI Colóquio.
A reunião dos institutos foi um momento de congraçamento de confrades.
Uma feliz oportunidade de conhecer suas organizações, programas, projetos, realizações
e, sobretudo, publicações. Os institutos não formam uma federação, mas mantém
um liame de sentimentos, cooperação e de atenção pelo que mostraram. O tema do
patrimônio possibilitou a demonstração dos acervos e dos serviços mantidos
pelos institutos estaduais.
Acompanhando a estrutura da federação brasileira, em União, estados e
municípios, temos em nível nacional, o IHGB, que nasceu com a Regência, em 1838
e possui o mais antigo periódico em circulação, indexado A-1 Internacional pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Dos
institutos estaduais em funcionamento, compareceram: Amazonas, Maranhão, Piauí,
Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Do mesmo modo, contamos com
a presença de dois institutos históricos municipais de Santarém (PA) e de
Campina Grande (PB). O surgimento dos institutos históricos no período imperial
possibilitou a sua generalização na República. É louvável a determinação do
IHGB em reuni-los periodicamente, possibilitando o entrosamento e a proximidade
de entidades com as mesmas finalidades.
Amplo espectro de realizações foi aberto com as exposições pelos
respectivos presidentes. O presidente Antônio José Souto Loureiro, do Instituto
Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), por exemplo, enfatizou a importância
dos impostos sobre a borracha na construção de portos e estradas. Por sua vez,
Augusto Cesar Zeferino, presidente do Instituto de Santa Catarina (IHGSC),
relatou as muitas realizações a começar pela importância da guerra do
Contestado, o uso do Fundo dos Bens Lesados, os geomonumentos, os desastres
naturais, e o protocolo com a Universidade dos Açores para cursos sobre o
Atlântico. Por sua vez, Armando Alexandre dos Santos, do Instituto de São Paulo
(IHGSP), apresentou dois projetos: o mapa das capitanias hereditárias com
linhas divisórias ao sul e ao norte, do pesquisador Jorge Pimentel Cintra; e a
exumação inédita de Dom Pedro I e suas duas mulheres reconta detalhes da
história, projeto da historiadora Valdirene do Carmo Ambiel.
O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia participou deste encontro na
pessoa do seu orador oficial, Edivaldo Boaventura, e dos associados Alfredo
Matta e Bruno Lopes do Rosário. Nessa ocasião, foi apresentada uma informação
geral sobre o Instituto baiano, com o auxilio de visuais.
Fundada em 13 de maio de 1894, a Casa da Bahia, comemora 120 anos de atividades
ininterruptas. A situação presente do Instituto é de pleno vigor e
determinação, sob o comando da presidente Consuelo Pondé de Sena. Na previsão
de significativas realizações, projeta-se a criação do Memorial do Dois de
Julho com os caboclos, símbolos patrióticos e indianistas, misticamente
consagrados.
Os objetivos da instituição estão nos seus atos constitutivos. Mas o
desempenho dos seus papéis se efetiva no cotidiano. Casa democrática, que
seleciona pela eleição as personalidades diferenciadas pelo currículo, pelas
obras escritas, pelas obras de pedra e cal e pelas lideranças profissionais.
Na defesa e preservação do patrimônio, o Instituto da Bahia tem lutado
pela conservação de seus próprios bens materiais e imateriais, como também pelo
patrimônio da Bahia, em face da perda irreparável de alguns monumentos, como a
destruição da Sé Primacial. No momento, junta-se a outras lideranças para
restaurar o Palácio da Sé, imponente construção colonial do tempo do arcebispo
Dom Sebastião Monteiro da Vide.
Em suma, o VI Colóquio dos Institutos Históricos Brasileiros
possibilitou mais uma vez a aproximação e conhecimento de suas realizações.
Estamos, portanto, a caminho de uma interação crescente com a participação do
IHGB, bem situado e melhor instalado na cidade do Rio de Janeiro. Pelas
relações mantidas, estamos na senda de um desejável sistema nacional dos
institutos históricos brasileiros.
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