sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O ENCONTRO DOS INSTITUTOS HISTÓRICOS

 Por
Edivaldo M. Boaventura


Pela sexta vez o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro reúne os Institutos Históricos Brasileiros. É salutar o conhecimento colaborativo e institucional de organizações nascidas em momentos e lugares diferentes e que se encontram reunidas em torno da discussão do patrimônio. Patrimônio que foi o conceito chave em torno do qual iniciamos a política cultural brasileira nos anos trinta. A proteção do patrimônio na Constituição Federal de 1934 e na de 1988 foi pauta da fala congratulatória do presidente Arno Wehling, ao abrir o VI Colóquio.

A reunião dos institutos foi um momento de congraçamento de confrades. Uma feliz oportunidade de conhecer suas organizações, programas, projetos, realizações e, sobretudo, publicações. Os institutos não formam uma federação, mas mantém um liame de sentimentos, cooperação e de atenção pelo que mostraram. O tema do patrimônio possibilitou a demonstração dos acervos e dos serviços mantidos pelos institutos estaduais.
Acompanhando a estrutura da federação brasileira, em União, estados e municípios, temos em nível nacional, o IHGB, que nasceu com a Regência, em 1838 e possui o mais antigo periódico em circulação, indexado A-1 Internacional pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Dos institutos estaduais em funcionamento, compareceram: Amazonas, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Do mesmo modo, contamos com a presença de dois institutos históricos municipais de Santarém (PA) e de Campina Grande (PB). O surgimento dos institutos históricos no período imperial possibilitou a sua generalização na República. É louvável a determinação do IHGB em reuni-los periodicamente, possibilitando o entrosamento e a proximidade de entidades com as mesmas finalidades.
Amplo espectro de realizações foi aberto com as exposições pelos respectivos presidentes. O presidente Antônio José Souto Loureiro, do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), por exemplo, enfatizou a importância dos impostos sobre a borracha na construção de portos e estradas. Por sua vez, Augusto Cesar Zeferino, presidente do Instituto de Santa Catarina (IHGSC), relatou as muitas realizações a começar pela importância da guerra do Contestado, o uso do Fundo dos Bens Lesados, os geomonumentos, os desastres naturais, e o protocolo com a Universidade dos Açores para cursos sobre o Atlântico. Por sua vez, Armando Alexandre dos Santos, do Instituto de São Paulo (IHGSP), apresentou dois projetos: o mapa das capitanias hereditárias com linhas divisórias ao sul e ao norte, do pesquisador Jorge Pimentel Cintra; e a exumação inédita de Dom Pedro I e suas duas mulheres reconta detalhes da história, projeto da historiadora Valdirene do Carmo Ambiel.
O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia participou deste encontro na pessoa do seu orador oficial, Edivaldo Boaventura, e dos associados Alfredo Matta e Bruno Lopes do Rosário. Nessa ocasião, foi apresentada uma informação geral sobre o Instituto baiano, com o auxilio de visuais.
Fundada em 13 de maio de 1894, a Casa da Bahia, comemora 120 anos de atividades ininterruptas. A situação presente do Instituto é de pleno vigor e determinação, sob o comando da presidente Consuelo Pondé de Sena. Na previsão de significativas realizações, projeta-se a criação do Memorial do Dois de Julho com os caboclos, símbolos patrióticos e indianistas, misticamente consagrados.
Os objetivos da instituição estão nos seus atos constitutivos. Mas o desempenho dos seus papéis se efetiva no cotidiano. Casa democrática, que seleciona pela eleição as personalidades diferenciadas pelo currículo, pelas obras escritas, pelas obras de pedra e cal e pelas lideranças profissionais.
Na defesa e preservação do patrimônio, o Instituto da Bahia tem lutado pela conservação de seus próprios bens materiais e imateriais, como também pelo patrimônio da Bahia, em face da perda irreparável de alguns monumentos, como a destruição da Sé Primacial. No momento, junta-se a outras lideranças para restaurar o Palácio da Sé, imponente construção colonial do tempo do arcebispo Dom Sebastião Monteiro da Vide.
Em suma, o VI Colóquio dos Institutos Históricos Brasileiros possibilitou mais uma vez a aproximação e conhecimento de suas realizações. Estamos, portanto, a caminho de uma interação crescente com a participação do IHGB, bem situado e melhor instalado na cidade do Rio de Janeiro. Pelas relações mantidas, estamos na senda de um desejável sistema nacional dos institutos históricos brasileiros.

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