Arquitetura
O Taj Mahal (em hindi ताज महल, persa تاج محل) é
um mausoléu situado em Agra, na Índia, sendo o mais conhecido dos
monumentos do país. Encontra-se
classificado pela UNESCO como Patrimônio
da Humanidade. Foi
há pouco tempo anunciado como uma das Novas
Sete Maravilhas do Mundo em uma celebração em Lisboa no dia 7 de Julho de 2007.
A obra foi feita entre 1632 e 1653 com a força de cerca de 20 mil homens, trazidos de várias
cidades do Oriente, para trabalhar no sumptuoso monumento de mármore branco que o imperador Shah
Jahan mandou construir em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam, a
quem chamava de Mumtaz Mahal ("A joia do palácio"). Ela morreu após
dar à luz o 14º filho, tendo o Taj Mahal sido construído sobre seu túmulo, junto ao rio
Yamuna.
Assim, o Taj Mahal é também conhecido
como a maior prova de amor do mundo, contendo inscrições retiradas do Corão. É incrustado com pedras semipreciosas,
tais como o lápis-lazúli entre outras. A sua cúpula é costurada com fios de ouro. O edifício é flanqueado
por duas mesquitas e cercado por quatro minaretes.
Supõe-se que o imperador pretendesse
fazer uma réplica do Taj Mahal original na outra margem do rio, em mármore
preto, mas acabou morto antes do início das obras por um de seus filhos.
O
imperador Shah Jahan foi um prolífero mecenas, com recursos praticamente ilimitados. Sob a sua
tutela construíram-se os palácios e jardins de Shalimarem Lahore, também em
honra da sua esposa.
Mumtaz
Mahal deu ao seu esposo 14 filhos, mas
faleceu no último parto e o imperador, desolado, iniciou quase em seguida a
construção do Taj como oferta póstuma. Todos os pormenores do edifício mostram
a sua natureza romântica e o conjunto promove uma estética esplêndida.
Aproveitando uma visita realizada em 1663, o
explorador francês François Bernier realizou o seguinte retrato do Taj Mahal e
dos motivos do imperador que levaram à sua edificação:
[...] Completarei
esta carta com
uma descrição dos maravilhosos mausoléus que
outorgam total superioridade a Agra sobre Deli. Um
destes foi erigido por Jehan-guyre em honra do seu pai Ekbar, e Shah Jahan
construiu outro de extraordinária e celebrada beleza, em memória da sua
esposa Tage Mehale, de quem de diz que o seu esposo estava tão apaixonado que
lhe foi fiel toda a sua vida e, após a sua morte, ficou tão afetado que não
tardou em segui-la para a morte.
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A pouco tempo do término da obra em 1657, Shah Jahan adoeceu gravemente e o seu filho Shah Shuja
declarou-se imperador em Bengala, enquanto Murad, com o apoio do seu irmão Aurangzeb, fazia o mesmo em Gujarat. Quando Shah Jahan, caído doente no seu leito, se rendeu aos
ataques dos seus filhos, Aurangzeb permitiu-lhe continuar a viver exilado no forte de
Agra. A lenda conta que passou o resto dos seus
dias observando pela janela o Taj Mahal e, depois da sua morte em 1666, Aurangzeb sepultou-o no mausoléu lado a lado com a esposa, gerando a única
ruptura da perfeita simetria do conjunto.
Em finais do século
XIX vários sectores do Taj Mahal estavam muito deteriorados por falta
de manutenção e durante a época da rebelião hindu, em1857, foi arrestado por soldados britânicos e oficiais do governo, que lhes arrancavam as pedras embutidas nas paredes e o lápis-lazúli dos seus muros. Em 1908 completou-se a restauração ordenada pelo vice-rei britânico, Lord Curzon, que também incluiu o grande candelabro da câmara interior segundo o modelo de um similar que se
encontrava numa mesquita no Cairo. Cruzona ordenou a remodelação dos jardins
ao estilo inglês que ainda hoje se conservam.
Durante o século
XX melhorou o cuidado com o monumento. Em 1942 o governo construiu um andaime gigantesco cobrindo a cúpula, prevendo um ataque aéreo da Luftwaffe e, posteriormente, da força aérea japonesa. Esta proteção voltou a erguer-se durante as guerras indo-paquistanesas, de1965 a 1971. As ameaças mais recentes provêm da poluição ambiental nas ribeiras do rio
Yamuna e da chuva
ácida causada pela refinaria de Mathura. Ambos os problemas são objeto de vários recursos ante a Corte
Suprema da Justiça da Índia.
Em 1993, foi eleito como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, e é hoje um importante destino turístico. Recentemente, alguns
sectores sunitas reclamaram para si a propriedade do edifício, baseando-se de que se trata do mausoléu de uma mulher desposada
por um membro deste culto islâmico. O governo indiano rejeitou a reclamação considerando-a mal-fundamentada, já que o
Taj Mahal é propriedade de toda a nação indiana.
O complexo encontra-se rodeado de um grande chahar
bagh que mede 320 x 300 metros e inclui canteiros de flores, caminhos
elevados, avenidas de árvores, fontes, cursos de água, e pilares que refletem a
imagem dos edifícios na água.
Cada secção do jardim é dividida por caminhos em 16 canteiros de
flores, com um tanque central de mármore a meio caminho entre a entrada e o
mausoléu, que devolve a imagem reflectida do edifício.
O chahar bagh foi introduzido na Índia por Babur, o primeiro imperador
mogol, segundo um desenho inspirado na tradição persa a fim de representar os jardins do paraíso. Nos
textos místicos do Islão no período mogol, o paraíso é descrito como um jardim
ideal, pleno de abundância. A água tem um papel-chave nestas descrições, já que
se referem quatro rios que surgem de uma fonte central, constituída por
montanhas, que dividem o Éden em quatro partes segundo os pontos cardeais
(norte, sul, leste e oeste).
A maioria destes jardins mogóis são de forma
retangular, com um pavilhão central. O Taj Mahal é
invulgar neste sentido, já que situa o edifício principal, o mausoléu, num dos extremos. Mas a recente descoberta da existência do "Mahtab bagh" (Jardim da Lua) na ribeira oposta do rio
Yamuna permite uma interpretação distinta, incorporando o vale no desenho
global de tal forma que se converta em um dos rios do paraíso.
O traçado dos jardins e as características arquitetônicas
principais, como as fontes, caminhos de mármore e azulejo, e canteiros lineares
do mesmo material — similares ao jardim de Shalimar — sugerem que podem ter
sido desenhados pelo mesmo engenheiro, Ali
Mardan.
As descrições mais antigas do jardim mencionam sua profunda
vegetação, com abundância de rosas, narcisos e árvores frutíferas. Com a declinação do império mogol também
decresceu o mantimento, e quando os britânicos assumem o controle do Taj Mahal,
introduzem modificações paisagísticas para refletir melhor o estilo dos jardins
de Londres.
No entanto, os visitantes poderão admirar-se ao ver os jardineiros
cortar a relva com uma máquina puxada por bois.
O foco
visual do Taj Mahal, ainda que não se localize no centro do conjunto, é o
mausoléu de mármore branco. Como a maioria dos edifícios funerários
mogóis, os elementos básicos são de origem persa. Um
edifício simétrico com um iwan e coroado por uma grande cúpula.
A tumba descansa sobre um pedestal quadrado. O edifício consiste numa
grande superfície dividida em múltiplas salas, das quais
a central alberga o cenotáfio de
Shah Jahan e Muntaz. Na realidade, as tumbas reais encontram-se num nível
inferior.
A base é
essencialmente um cubo com vértices cortados,
de 55 metros de lado. Sobre cada lado, uma grande pishtaq ou arcada rodeia
o iwan, com um nível superior similar de balcões.
Estes arco principais elevam-se até ao teto da base,
gerando uma fachada integrada.
A cada lado da arcada principal,
há arcadas menores em cima e em baixo. Este motivo repete-se nas esquinas. O projeto
é completamente uniforme e consistente nos quatro lados da base. Em cada
esquina do pedestal base,
um minarete complementa
o conjunto.
A cúpula de mármore branco
sobre o mausoléu é visivelmente o mais espectacular elemento do conjunto. A sua
altura é quase igual à da base, em torno de 35 metros, dimensão que se acentua
por estar apoiada num tambor circular de sete metros de altura.
A cúpula tem uma forma de cebola. Os árabes chamam a esta tipologia da cúpula amrud, ou seja, com
forma de maçã. O terço
superior da cúpula está decorado com um anel de flores de lótus em relevo, e no
remate uma agulha ou final dourada combina tradições islâmicas e
hindus. Esta agulha termina numa lua crescente,
motivo típico islâmico, com os seus extremos apontando para o céu. Pela sua
colocação sobre a agulha, o topo
desta e os extremos da lua combinados formam uma figura semelhante a um tridente, exacerbo
do símbolo tradicional hindu para
a divindade de Shiva.
O corpo final contém, aliás, uma série de formas bulbosas.
Base, cúpula e minarete
A figura central mostra um forte parecido com o kalash ou kumbh,
o barco sagrado
da tradição hindu.
A forma da cúpula enfatiza-se também pelos quatro chattris em cada
esquina. As cúpulas destes replicam a forma da central. As suas bases decoradas
com colunas abrem através do teto do mausoléu um espaço para a entrada de luz
natural no interior do espaço fechado. Os chattris também
estão rematados por finiais.
Nas parede laterais, as estilizadas espirais decoradas
em relevo ajudam a aumentar a sensação de altura do
edifício, e repetem-se os motivos de lótus ao
longo desta e das restantes, assim como em todos os chattris.
Em cada esquina do pedestal eleva-se um minarete: quatro
grandes torres de mais de 40 m de altura que novamente mostram a atração do Taj
pelo desenho simétrico e repetitivo, criando em parte vários padrões. As torres estão
desenhadas como minaretes funcionais, elemento tradicional das mesquitas onde
o almuadem chama os fiéis islâmicos à oração. Cada
minarete está dividido em três partes iguais por dois balcões que o rodeiam com
anéis. No topo da torre, um terraço coberto
por um chattri repete o desenho do mausoléu.
Estes chattris têm
todos os mesmos detalhes de acabamento: o desenho de flor de lótus e o
finial dourado sobre a cúpula. Cada
minarete foi construído levemente inclinado para fora do conjunto. Desta
maneira, em caso de queda, algo não tão improvável nesse tempo para construções
de semelhante altura, o material iria cair longe do templo.
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