História
Extraído do Livro: Encilhamento Na
história do Brasil
- crise financeira no governo
provisório da república
Joaquim L. de Souza
é escritor e historiógrafo
No período compreendido entre 1500 e
1530, o Brasil seria explorado apenas superficialmente, pois os lusitanos
estavam concentrando todos os seus esforços na conquista das Índias; até porque
Portugal conseguira apossar-se do monopólio sobre o comércio asiático, o que
lhes proporcionava lucros imediatos, perspectiva ainda inexistente de relação
ao Brasil. Mesmo assim, o governo de Lisboa enviou algumas expedições ao
litoral brasileiro, tanto para fins de reconhecimento como para combater os
contrabandistas do pau-brasil, razão pela qual os trinta anos que se seguem à
viagem de Cabral são conhecidos em nossa História como Período Pré-Colonial.
O pau-brasil, assim chamado por
lembrar a cor de brasa, foi a riqueza natural explorada nos anos que se
seguiram ao descobrimento, graças às notáveis propriedades corantes dessa
madeira, já conhecida na Europa, e que também se prestava à fabricação de
móveis. Daí que os nossos primeiros historiadores tivessem estranhado que o
nome de um “pau de tingir panos” substituísse o símbolo cristão traduzido na
denominação de Terra de Santa Cruz. Na condição da única riqueza de imediato aproveitamento, a extração e a
comercialização do pau-brasil passaram a se constituir monopólio real; só podia
ser explorado diretamente pela Coroa ou mediante o sistema de contratos.
No século XVI o Tesouro português
obteve lucros fabulosos com a venda dessa madeira, não obstante a concorrência
desses piratas de várias origens, sempre presentes no território brasileiro. Nem
mesmo a introdução do cultivo da cana-de-açúcar no período afetou o comércio do
pau-brasil, que se prolongou pelos séculos XVII até o XIX. Entretanto, no
começo do século XVIII, a exploração intensiva, sem o recurso compensador do
replantio, já havia liquidado a maior parte das reservas florestais de onde se
extraíra a preciosa madeira. O absurdo devastamento das matas brasileiras pelos
comerciante de pau-brasil continuaria até o século XIX.
As primeiras tentativas de ocupação
efetiva do território brasileiro, poucos anos depois do descobrimento,
traduziram-se no estabelecimento de algumas feitorias, que não passavam de
pequenos conjuntos habitacionais fortificados e aptos, não só para cuidar da
defesa local, mas, também, para manter relações com os indígenas, dar
acolhimento aos navios que viajavam para a Índia, armazenar o pau-brasil e
outros produtos naturais e, muito provavelmente, aclimatar plantas europeias
vindas nas frotas exploradoras.
Com o tempo, essas feitorias foram
sucedidas por vilas e, por volta de 1534, assumiram a categoria de Capitânias
Hereditárias, regime já aplicado trinta anos antes na Ilha de Fernando Noronha,
que dividiam as terras entre os diversos delegados dos reis. Assim, de acordo
com os critério estabelecido na carta de doação, os donatários poderiam fundar,
como de fato, vilas com termo jurídico e insígnias, ao longo da costa e rios
navegáveis, entre essas, na Bahia, a vila Pereira, citada por Vilhena e por ele
considerada a povoação de maior importância que a Bahia teve.
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