terça-feira, 30 de dezembro de 2014

COLONIZAÇÃO (DO BRASIL)

História

Extraído do Livro: Encilhamento Na história do Brasil
- crise financeira no governo provisório da república


Joaquim L. de Souza
é escritor e historiógrafo

No período compreendido entre 1500 e 1530, o Brasil seria explorado apenas superficialmente, pois os lusitanos estavam concentrando todos os seus esforços na conquista das Índias; até porque Portugal conseguira apossar-se do monopólio sobre o comércio asiático, o que lhes proporcionava lucros imediatos, perspectiva ainda inexistente de relação ao Brasil. Mesmo assim, o governo de Lisboa enviou algumas expedições ao litoral brasileiro, tanto para fins de reconhecimento como para combater os contrabandistas do pau-brasil, razão pela qual os trinta anos que se seguem à viagem de Cabral são conhecidos em nossa História como Período Pré-Colonial.




O pau-brasil, assim chamado por lembrar a cor de brasa, foi a riqueza natural explorada nos anos que se seguiram ao descobrimento, graças às notáveis propriedades corantes dessa madeira, já conhecida na Europa, e que também se prestava à fabricação de móveis. Daí que os nossos primeiros historiadores tivessem estranhado que o nome de um “pau de tingir panos” substituísse o símbolo cristão traduzido na denominação de Terra de Santa Cruz. Na condição da única riqueza  de imediato aproveitamento, a extração e a comercialização do pau-brasil passaram a se constituir monopólio real; só podia ser explorado diretamente pela Coroa ou mediante o sistema de contratos.


No século XVI o Tesouro português obteve lucros fabulosos com a venda dessa madeira, não obstante a concorrência desses piratas de várias origens, sempre presentes no território brasileiro. Nem mesmo a introdução do cultivo da cana-de-açúcar no período afetou o comércio do pau-brasil, que se prolongou pelos séculos XVII até o XIX. Entretanto, no começo do século XVIII, a exploração intensiva, sem o recurso compensador do replantio, já havia liquidado a maior parte das reservas florestais de onde se extraíra a preciosa madeira. O absurdo devastamento das matas brasileiras pelos comerciante de pau-brasil continuaria até o século XIX.


As primeiras tentativas de ocupação efetiva do território brasileiro, poucos anos depois do descobrimento, traduziram-se no estabelecimento de algumas feitorias, que não passavam de pequenos conjuntos habitacionais fortificados e aptos, não só para cuidar da defesa local, mas, também, para manter relações com os indígenas, dar acolhimento aos navios que viajavam para a Índia, armazenar o pau-brasil e outros produtos naturais e, muito provavelmente, aclimatar plantas europeias vindas nas frotas exploradoras.

Com o tempo, essas feitorias foram sucedidas por vilas e, por volta de 1534, assumiram a categoria de Capitânias Hereditárias, regime já aplicado trinta anos antes na Ilha de Fernando Noronha, que dividiam as terras entre os diversos delegados dos reis. Assim, de acordo com os critério estabelecido na carta de doação, os donatários poderiam fundar, como de fato, vilas com termo jurídico e insígnias, ao longo da costa e rios navegáveis, entre essas, na Bahia, a vila Pereira, citada por Vilhena e por ele considerada a povoação de maior importância que a Bahia teve.

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