Fato ou farsa?
Conselheiro do Rei Artur da Távola
Redonda
Merlim ou Merlin é
um mago, profeta e conselheiro do rei Artur nas
lendas e histórias do Ciclo Arturiano. Surgido
pela primeira vez em obras do século XII, o
personagem tornou-se um dos mais populares das lendas arturianas.
Merlim é
derivado de "Merlinus", denominação latina utilizada
por Godofredo de Monmouth na sua obra. O nome é por sua vez uma
adaptação de Myrddin, um bardo de
origem lendária da mitologia galesa, o qual
tinha o dom da profecia. Acredita-se que Godofredo latinizou
"Myrddin" como "Merlinus" ao invés de "Merdinus"
para que sua audiência de origem anglo-normanda não associasse o nome do mago à
palavra vulgar francesa "merde".
Como
personagem literário, Merlim é criação do cronista medieval Godofredo de Monmouth. A primeira obra escrita por Godofredo sobre
o mago foi uma série de Profecias de Merlim (Prophetiae Merlini),
cujo texto foi incorporado mais tarde pelo próprio Godofredo na sua História dos Reis da Bretanha (Historia
Regum Britanniae), em que Merlim é
transformado pelo autor numa figura pseudo-histórica. Godofredo
misturou as lendas galesas sobre o bardo Myrddin com a
história de Ambrósio (Ambrosius), contada por Nênio na Historia Brittonum, com origem no
século IX. Segundo a Historia
Brittonum, Ambrósio era uma criança com poderes proféticos, que não tinha
pai humano e que fora trazida pelo rei britânico Vortigerno para
ser sacrificada na base de um edifício em construção. Ambrósio escapa da morte
ao mostrar ter mais poderes que os magos do rei. Já na História
dos Reis da Bretanha, Godofredo diz que Ambrósio é outro nome para Merlim e
que o mago era filho de um íncubo, o que
explica porque seu pai não era humano.
Na obra de
Godofredo, Merlim é conselheiro de Uter Pendragão, sendo o
artífice do encontro amoroso entre Uter e Igraine, no qual é
concebido Artur. Godofredo também descreve Merlim como responsável pelo
transporte desde a Irlanda das
pedras usadas na construção de Stonehenge. Na obra
de Godofredo, porém, Merlim não tem uma relação com o rei Artur, como teria em
obras de escritores posteriores. Por volta de 1150, Godofredo voltou a
escrever um livro sobre o profeta, denominado Vida de Merlim (Vita
Merlini).
Robert de Boron, escritor
francês do século XII, foi um dos que mais desenvolveu o personagem de Merlim.
Em sua obra, Robert diz que o pai de Merlim era um demônio, e que o bebê era
destinado a ser um profeta do mal. Porém, graças à
virtude da mãe os planos do demônio são frustrados, e os poderes de Merlim
passaram a servir boas causas. Como Godofredo, Robert também dá
importância à relação de Merlim com Vortigerno e Uter, mas o papel do
personagem é expandido. Merlim é o
criador da Távola Redonda de
Uter e é o responsável pela Espada na Pedra, que ao
ser retirada por Artur lhe dá o direito de ser rei.
Merlim teve grande popularidade na Idade Média e foi personagem importante de muitos romances escritos
em francês e inglês, como o ciclo do Lancelote-Graal (ou Vulgata)
do século XIII. Merlim torna-se conselheiro de Artur no início do seu
reinado, e guia o rei para que obtenha Excalibur da Dama do Lago. Porém, antes do episódio da busca do Santo Graal, Merlim
apaixona-se por Viviana, que aprende magia como ele e termina aprisionando
o mestre numa prisão encantada. Thomas Malory, na sua
famosa Morte de Artur (século XV), também retrata Merlim como um
conselheiro sábio do rei Artur e seu final como vítima de Viviana.
Na Era Moderna, Merlim
continuou a desfrutar de muita
popularidade, figurando em obras literárias desde a Renascença até a
atualidade. É figura importante nas
obras arturianas de Tennyson (Idílios do Rei), Mark Twain e T. H. White.
Nenhum comentário:
Postar um comentário