domingo, 21 de dezembro de 2014

COM QUASE 300 ANOS, O BOTÍN É CONSIDERADO O RESTAURANTE MAIS ANTIGO DO MUNDO – MADRI, ESPANHA

 Salvador Dali foi lavador de pratos no estabelecimento


O Restaurante Sobrino de Botín é mais antigo do mundo, permaneceu sempre com o mesmo nome, no mesmo lugar e ininterruptamente aberto.

Data de 1590 o primeiro registro do prédio, de quatro andares, no número 17 da Calle Cuchilleros, construído na época em que a corte real espanhola se mudou de Toledo para Madri inicialmente para abrigar membros de outras realezas que estivessem em visita ao país. Exatos 135 anos depois, quando o entorno da Plaza Mayor, onde a rua está já havia se tornado o centro econômico, financeiro e social da cidade, um cozinheiro francês chamado Jean Botín, que fora à Espanha trabalhar nas casas dos nobres, abriu com sua mulher um negócio próprio: uma pousada com um restaurante que só tinha permissão para cozinhar o que os hóspedes trouxessem. Precisava, então, de um forno grande, e construiu um à lenha que nunca mais parou de funcionar.




Desde então, o restaurante passou por alguns períodos de quase extinção. O primeiro deles, quando Jean e sua mulher morreram e, por não terem filhos, a casa correu o risco de fechar. Até que o sobrinho da esposa, Candido Remis, decidiu assumir o negócio, acrescentando, portanto, a palavra “Sobrino” ao nome do restaurante, antes apenas Casa Botín (como ainda hoje é chamado informalmente).


Mas a maior estrela do Botín não é a sua história, mais sim a história do primeiro prato preparado por Jean, que até hoje atrai pessoas do mundo todo ao restaurante: “el cochinillo asado”, ou seja, leitão assado, um prato tradicional da Espanha, aqui acrescido do que eles chamam de “a magia do forno”. Segundo se sabe essa magia e o sabor do repasto advém do processo de preparação feito ainda no estilo medieval, com o aroma da lenha impregnando ao assado.


E lá vem ele! Torrado por fora, com uma camada de gordura na medida e a carne na textura perfeita, assim como o sabor, marcante, mas não temperado demais. As batatas, assadas no mesmo forno, ficam impregnadas pelo sabor da receita, e também vêm crocantes por fora e macias por dentro. Tudo fazendo jus à fama do leitãozinho. 


Saindo do mesmo forno e seguindo a mesma magia do leitão, o cordeiro assado é outra receita antiga e ainda famosa, preparada no mesmo estilo. Os mariscos marinados e a merluza à madrilenha também são receitas criadas pelo ”avô Emílio” e seguidas à risca até hoje. No cardápio de entradas, outra invenção do patriarca dos González: a sopa de alho com ovo, que vem com pedaços de pão e que só depois de pronta, já na cumbuca em que é servida, recebe um ovo cru, que cozinha imediatamente no líquido quente.

O mesmo vale para sobremesas como os bartotillos de Madrid, uma espécie de empanadas doces em forma de cone com massa fina e recheio de creme. De tão boa, ficou gravada para sempre na história, quando o escritor espanhol D. Benito Perez Galdós, em sua obra Misericordia, de 1897, elogiou o doce, servido na época já há mais de 150 anos. 



Mas essa não foi a única vez que o restaurante foi citado na literatura. Ao todo, quase 20 autores, espanhóis e de outras nacionalidades, como o norte-americano James A. Michener, já fizeram referência ao local. Ganhador do prêmio Pulitzer da Universidade de Columbia de Nova York, Michener escreveu em uma das páginas da obra Iberia, de 1968, durante o relato de um viajante passando por Madri: “... e foi almoçar em um bom restaurante que se encontra à saída da Plaza Mayor, Botín, que data de 1725”. E já que o assunto é história da arte, outra curiosidade: no mesmo ano em que o Guinness Book trouxe este como o mais antigo restaurante do mundo, o livro afirmou também que o pintor Goya, um dos principais da arte espanhola, trabalhou como lavador de pratos no restaurante assim que chegou à capital Madri, por volta de 1765. Pelo restaurante, garçons, o “maître” e cozinheiros circulam contando essas histórias e são cumprimentados por clientes, de quem já se tornaram amigos de longa data.


Com tanta fama, o restaurante, que tem 200 lugares distribuídos em diversos salões pelos quatro andares do edifício do século 18, está sempre lotado. Por isso, só aceita clientes mediante reserva.


Fonte: os excertos do texto acima foram extraídos da meteria publicada pela Confraria Cook Lovers (C/Content/19/283/uma-viagem-ao-restaurante-mais-antigo-do-mundo).

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