Texto de
LEONARDO SOARES – GAZETA ONLINE
"O provérbio tem que ser anônimo. Se tiver
autor, não é provérbio. É uma frase de fulano de tal. O Millôr Fernandes tinha
muitas frases e até um livro de fábulas com as frases dele. Uma delas é “'O ser
humano nasce original e morre como plágio”, criticando as plásticas, as
transformações ao longo da vida. Caberia perfeitamente como um provérbio. Mas é
dele, é assinado. Então não pode ser", esclarece.
Segundo o
historiador Luiz Guilherme Santos Neves, os provérbios podem destruir uns aos
outros. "Se a gente for confrontar um com o outro, são contraditórios.
Como cabem para qualquer situação, acabam negando uns aos os outros"
Um provérbio, ou ditado popular, nem sempre tem a
origem conhecida. Ele pode surgir de um fato histórico, como "fazer nas
coxas", em alusão às telhas coloniais no Brasil, moldadas nas coxas dos
escravos e imperfeitas, já que cada escravo tinha uma medida diferente. Como
não ficavam iguais, a goteira em dia de chuva era inevitável e a culpa era do
escravo, a frase é usada para classificar algo imperfeito.
A regra principal de um dito popular é apresentar
um conselho, uma recomendação ou uma lição de moral em determinada ocasião. É
uma síntese do que originalmente seria dito em muitas palavras. Pode ter rima
ou não, dependendo da criatividade, e pode usar à vontade no dia a dia.
O historiador Luiz Guilherme Santos Neves explica que não é preciso ser intelectual ao extremo para criar um ditado popular. As melhores expressões podem surgir de uma conversa sobre qualquer tipo de assunto. "Ocorre naturalmente, em uma conversa qualquer entre duas pessoas. É uma fórmula verbal, produto da própria experiência do povo, que se aplica a situações específicas".
E a apropriação regional de uma frase é bastante comum de acontecer. Cada "tribo" utiliza os ditados populares que mais contextualizam com a realidade local, lembra Eliomar Mazocco. "As frases vão ganhando os seus contextos locais. No Espírito Santo era muito comum ouvir as pessoas dizerem: 'Foi ao Convento, perdeu o assento'. Tem tudo a ver conosco. Então é ainda mais fácil de uma expressão dessas fazer sucesso".
O historiador Luiz Guilherme Santos Neves explica que não é preciso ser intelectual ao extremo para criar um ditado popular. As melhores expressões podem surgir de uma conversa sobre qualquer tipo de assunto. "Ocorre naturalmente, em uma conversa qualquer entre duas pessoas. É uma fórmula verbal, produto da própria experiência do povo, que se aplica a situações específicas".
E a apropriação regional de uma frase é bastante comum de acontecer. Cada "tribo" utiliza os ditados populares que mais contextualizam com a realidade local, lembra Eliomar Mazocco. "As frases vão ganhando os seus contextos locais. No Espírito Santo era muito comum ouvir as pessoas dizerem: 'Foi ao Convento, perdeu o assento'. Tem tudo a ver conosco. Então é ainda mais fácil de uma expressão dessas fazer sucesso".
Só não vale usar ditado popular como vírgula,
recorrendo em todas as situações. Nesse caso você pode incomodar alerta o
escritor. "São os recitadores de provérbio. Quando você usa isso de
maneira comedida, é legal. Senão você vira um repetidor, aí não vale a pena.
Você vira um repetidor". Então, para quem adora essas frases de efeito
para comentar ou justificar um problema, aí vão algumas delas.
De grão em grão, a
galinha enche o papo
O sentido desse dito popular é que as coisas devem ser feitas aos poucos, comedidamente. A cada passo vai se constituindo uma nova etapa e, sendo vencida essa etapa, até chegar a um objetivo final, leva-se certo tempo. Mas um dia você chega lá. Cabe a um grande projeto, por exemplo.
Comer com os olhos
De origem romana, esse dito vem das cerimônias religiosas em que os deuses ganhavam um banquete como presente. Só que eram deuses, então só viam a comida. Alimentavam-se com os olhos. Daí, historicamente, o termo é passado à frente. Significa olhar, sem tocar.
Diferente do que muitos pensam, a expressão não faz alusão à cobrança do Quinto, imposto cobrado sobre o ouro explorado durante o Brasil colonial. A origem do ditado popular que manda o outro para um lugar longe e ruim é, na verdade, quase literal. E faz referência a um lugar bem remoto. Tem relação à quinta dos infernos, uma das "camadas" mais profundas do inferno.
Desgraça pouca é bobagem
As pessoas recorrem para tentar atenuar uma situação em que parece ser desfavorável. Poderia ser pior, ainda vem muita coisa pela frente, além do pouco de ruim que já chegou.
É um ditado que mostra que normalmente as pessoas não recorrem aos familiares para encontrar grandes soluções, simplesmente por não acreditarem que a solução possa partir de pessoas próximas, parciais. Não é o médico da família que vai tratar o doente da família, sugere a expressão. É preferível alguém de fora, até para dar mais seriedade ao diagnóstico, à informação ou à avaliação.
De boas intenções o inferno está cheio
Geralmente as pessoas querem se passar por boas, fazer recomendações e dar conselhos. Mas nem sempre a boa intenção ou o bom conselho é bem intencionado. É uma posição de dúvida ou até de descrédito àquele conselho.
Quem desmerecer aquilo que está sendo objeto da negociação, procurando desvalorizá-lo de alguma forma, na verdade tem o interesse de comprar por um preço mais econômico, o que é bem mais interessante. É uma tentativa de menosprezar aquilo que você, no fundo, deseja obter. Você tira por menos, quando na verdade você quer.
Lá onde Judas perdeu as botas
Uma das hipóteses, bastante compartilhada na internet, mas não confirmada, é que Judas se enforcou descalço depois de trair Jesus. O motivo teria sido para se livrar da culpa de ter guardado o dinheiro da traição dentro das botas. Como ninguém mais achou as botas e o dinheiro, o lugar onde Judas perdeu as botas virou um mistério. Hoje em dia, virou sinônimo para um lugar muito longe ou misterioso.
Essa expressão é usada para pessoas que não perdem uma festa, estão em todos os eventos que são convidados (ou não). A origem vem da antiga tradição de jogar arroz nos noivos para comemorar o casamento. Em Portugal, além da chuva de arroz, também havia um banquete de arroz. Arroz doce e outras sobremesas feitas com o grão eram a característica principal das festividades: se tem festa, tem arroz...
É pela boca que se amarra o saco
Independente de um saco cheio e um saco vazio, uma certeza é que ele será fechado pela boca. Significa que, é logo no começo que se estabelecem as regras e se fecham as condições de um ajuste ou de um negócio. É de começo que se fecha o saco. Já está colocado o modo de agir e de se entender logo no começo.
Fonte: Gazeta Online
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