A arte do presépio
Visitar o Presépio Napolitano
do Museu de Arte Sacra de São Paulo é uma experiência única.
O conjunto de 1.600
peças italianas do século XVIII propicia uma verdadeira viagem no tempo e no
espaço. Além da tradicional cena da natividade de Jesus de Nazaré, as peças
representam diversos profissionais urbanos (como ferreiro, sapateiro, barbeiro,
verdureiro, entre outros), pastores, homens do campo, além de objetos,
utensílios e móveis, em uma cenografia que ocupa 110 m².
Nesta exposição virtual,
procuramos mostrar um pequeno apanhado de cenas deste importante patrimônio
artístico. Retratar todas as cenas é tarefa impossível, pois os detalhes se
revelam a cada olhar, em cada visita. É daquelas paisagens que nunca mudam e
nunca são iguais.
Bom passeio!
Da Itália ao Brasil
Francisco Matarazzo Sobrinho, o
“Ciccilo”, adquiriu o Presépio
Napolitano na Itália, em 1949. O conjunto de 1.600 peças, confeccionadas em
Nápoles no século XVIII, remontavam uma vila napolitana setecentista. Entre
obras de artesãos anônimos, peças de artistas eruditos, conhecidos como
figurinai, como Francesco Cappiello,
Francesco Ingaldi, Giuseppe Gallo, Lorenzo Mosca, Matteo Bottigliero, Nicolla
Somma, demonstram alto nível técnico.
No Brasil, Ciccilo desejava
montar o presépio segundo a cenografia original. Entregou a empreitada a
Lourdes Duarte Milliet, esposa do artista Sergio Milliet e irmã do estudioso
Paulo Duarte. Para a reconfecção das vestimentas, Gabriella Pascolato,
proprietária da Tecelagem Santa Constância, forneceu os tecidos. As figuras
foram recompostas pelo artesão Gregório Tinell; a cenografia, por Tullio Costa,
com colaboração de Ítalo Bianchi.
Assim, em 4 de outubro de 1950,
o Presépio Napolitano foi aberto para visitação pública na Galeria Prestes
Maia, permanecendo em exposição por onze meses. Depois, foi recolhido e passou
cinco anos guardado na Metalúrgica Matarazzo. Em 1956, o conjunto transferido
para o antigo Pavilhão do Folclore, no Parque do Ibirapuera, onde
permaneceu em exposição até
1985. Porém, as condições ambientais e técnicas do local colocavam este
importante acervo em risco, razão que motivou sua transferência para o Mosteiro
da Luz, que abriga o Museu de Arte Sacra de São Paulo.
Em 1998, o Museu resgatou o
projeto do presépio. Paralelamente, o Museu reformou a antiga residência do
capelão do Mosteiro da Luz para abrigar o conjunto. O artista Silvio Galvão foi
chamado para desenvolver a cenografia, seguindo a concepção criada em 1950 por
Tullio Costa. Em 1999, o Presépio Napolitano voltou a ser aberto à exposição
pública, em condições que garantiam – e ainda hoje garantem – sua correta
instalação, manutenção e preservação.
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