Por
Consuelo Pondé
“Nasce um Deus/Outros morrem. A Verdade/Nem veio
nem se foi: o Erro mudou/Temos agora outra Eternidade/ e era sempre melhor o
que passou”.
Essa sempre foi a sensação que sentia durante a
chegada do Natal. A de que algo se perdera para sempre e que, jamais, poderia
eu restaurar, inteiramente, os quadros do passado.
Não sei se já conheço a Paz procurada por todos.
Muita gente dela não tem ciência, porque vive em área de conflito permanente.
Paz representa a humildade, harmonia e solidariedade entre os homens.
Todos almejam a Paz, a paz que reconcilia, a paz
que dá consolo e reúne amigos. Será que a paz universal, tal como a
idealizamos, algum dia se concretizará?
Não seria porque os homens tornaram melhores, mas
porque nova ordem se estabelece no mundo e o que os seres que aqui habitam
reflitam sobre as vantagens de uma vida sem ódios, disputas, guerras,
crueldades, morticínios e indiferenças.
A Paz não convive com a Força, com o arbítrio, com
a injustiça. A Paz aspira a serenidade, a harmonia e o equilíbrio.
Como Cristãos, adeptos dos ensinamentos de Cristo,
temos por propósito uma honesta, mansa e pacata serenidade, como escreveu Juan
Luis Vives. Todavia, nem sempre os cristãos são pacatos e humildes, mas
arrogantes e vaidosos, esquecendo-se dos mandamentos da Igreja, vivendo uma
vida de “representação”.
Este natal de 2014 trouxe–me lições preciosas, que
se haviam estiolado com o passar dos anos, com a descrença nos homens, a
desconfiança em relação às noções infundidas em meu espírito desde os tempos de
menina e outros aspetos da vida cotidiana, que se foram acrescentando ao meu
“arsenal” de conhecimentos.
Tive e tenho a oportunidade de reconhecer as
pessoas que me prezam, meus verdadeiros amigos, que sempre estiveram ao meu
lado e dão demonstrações de afeto desinteressado.
Aferi, especialmente, depois de setembro, o nível
de cuidados e preocupações em relação à minha pessoa e pude perceber de quantas
orações fui beneficiada. Acolhi gestos de ternura, sedimentei afeições antigas.
Por isso, é tempo de agradecer as manifestações de afeição, que se
multiplicaram nos inúmeros telefonemas, envio de mensagem, enfim, nas orações
feitas em meu benefício, a fim que fosse desviada do umbral da morte. Sou
extremamente grata aos que pediram, com fé, pela minha cura, muitas das quais
não deixaram de apelar para Irmã Dulce, da minha devoção.
Também tive que exercitar minha paciência, saber o
quanto é árduo suportar tantas agulhadas nas veias, o tempo todo. Conviver com
os pés edemaciados, pesados além do suportável.
Sim, quantos incômodos inimagináveis, recebidos e
vividos com muita paciência. O desconforto de deitar de costas, com o ventre
sempre voltado para cima. A impossibilidade de virar o corpo, por mínimo que
fosse, para melhor se ajustar às recomendações médicas.
Padeci das incertezas que cercam esses momentos de
definição. Cumpri tudo que me foi determinado no hospital, percebendo como é
angustiante aguardar resultados, vencer certos diagnósticos. Percebi como é
espinhoso passar dias e mais dias à espera de determinados exames elucidativos.
Curioso, em momento algum dei demonstração de
tibieza, de falta de coragem de enfrentar um procedimento, acatando, com um
misto de humildade e de fé, tudo quanto emanava das ordens superiores.
Estranhamente, mais uma vez, acomodei-me às
circunstâncias de um momento crucial, como, aliás, havia ocorrido em ocasiões
pregressas.
Deixei de lado o desânimo para transformá-lo em
confiança e fé. Muitos colaboraram para que se efetivasse essa transformação
interior. Primeiramente, a equipe médica que me atendeu com extremos de
benemerência. Dr. Ricardo Eloy, Cristiano e Christian, sem falar na
anestesista, cujo nome não retive. Ao Provedor Roberto Sá Menezes, a Ex.
provedora Lise Wekerle, a Dr. Ricardo Madureira, diretor do Hospital, e a
tantos quantos, trabalhando naquele estabelecimento, cuidaram de mim, com
dedicação e carinho. Destaco a dedicação dos médicos que me assistiram durante
os dias ali passados, a exemplo do Dr. Rottemberg e aos jovens e competentes
Drs. Joberto e Genario. Aos Enfermeiros, técnicos e fisioterapeutas, o meu
reconhecimento profundo.
Por tudo isso, neste Natal tão sobrecarregado de
agradecimento e de conforto íntimo, quero manifestar o fortalecimento da minha
fé e agradecer aos religiosos que me visitaram, ao Dr. Roberto Figueira Santos,
solidário e presente, ao querido Arquiabade Emmanoel D´Ábbe do Amaral, aos
padres da Catedral Basílica e da Capela do Hospital Santa Izabel, sem esquecer
das piedosas Ministras da Eucaristia. A todos, sem exceção, meu muito obrigado.
Que Deus o abençoe pelo bem que me fizeram. De volta ao seio da família e ao
contato com os amigos, sinto ter crescido a minha fé nas orações e nos homens
que, abnegados e extremante dedicados, oferecem seus conhecimentos e sua
dedicação a todos que a eles recorrem.
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