Livro recomendado pelo Blog do Facó
1º capítulo do livro Encilhamento na
História do Brasil
Crise financeira no governo
provisório da República
Autor Joaquim L. De Souza*
A península Ibérica, sob o domínio
romano alcançou um notável grau de desenvolvimento e progresso, foi submergida
pelas invasões germânicas do século V d. C.. Diversos povos bárbaros, sobretudo
os visigodos, penetraram nessa região, aproveitando o estado de franca
decadência em que se encontrava o Império Romano do Ocidente. Gradualmente, os
costumes bárbaros foram-se adaptando à civilização romano-cristã, elevando o
nível cultural dos visigodos e devolvendo sua civilização. O progresso da
monarquia visigótica na Espanha, entretanto, seria interrompido em 711. Nesse
ano, os mouros invadiram a Península Ibérica, marcando o início de sua longa
dominação sobre a Península.
Mas nem em todo território espanhol
caíra em poder dos mouros. O príncipe visigodo Pelágio, com um punhada de fieis
companheiros, refugiou-se nas montanhas de Astúrias, transformando essa pequena
área na base de onde os cristãos iriam partir para a recuperação do território
perdido, numa luta que durou sete séculos, sendo conhecida pelo nome de
Reconquista. Aos poucos, conseguiram ampliar a área sob seu controle e, ao
expulsar os mouros, ensejaram o surgimento de novos reinos cristãos, a exemplo
dos quatro estados independentes: Aragão, Navarra, Castela e Leão.
Em 1808, dois nobres franceses, os
condes Raimundo e Henrique de Bergonha, ofereceram seus serviços ao rei Leão
para ajuda-lo a combater os mouros. Para recompensá-los pelos serviços
prestados, o rei casou-os com suas filhas, doando-lhes algumas terras em
território leonês, tendo Henrique sido contemplado o Condado Portugalense (situado
entre os rios Minho e Tejo). Após a morte do conde Henrique, seu filho Afonso
Henriques proclamou-se rei com o nome de Afonso I. três anos depois, o novo
Reino de Portugal foi reconhecido pelo Papa, tornando-se um Estado separado do
reino de Leão, o que não impediu D. Afonso I e seus sucessores continuarem a
luta contra os mouros, afim de ampliar o território português. Assim, em meados
do século XIII, conseguiram expulsar os últimos mouros da região do Algarve.
Desde então, Portugal passou a ter os limites que, com pequenas alterações,
conserva até hoje.
Com a dinastia de Avis, começa
verdadeiramente o absolutismo monárquico em Portugal. Graças ao grande poder
dos reis portugueses desse período, os quais eram apoiados pela burguesia,
Portugal tornar-se-ia a maior potência europeia do século XV (1401 – 1500) a
expandir-se pelo Oceano Atlântico, e a ocupar diversos territórios além-mar.
Essa série de eventos levaria à descoberta do Brasil e, tão importante quanto a
descoberta, é de revelar a capacidade de Portugal ter mantido unido um
território tão imenso, contrariamente à América do Sul espanhola que se
fragmentou em muitas nações.
Além da estabilidade política
precoce, Portugal tinha, ainda, uma outra vantagem: um envolvimento de longo
prazo nas rotas de comércio que ligavam o Mediterrâneo ao norte da Europa. Isso
porque, no decorrer dos séculos precedentes, Lisboa tinha sido uma parada
regular para comerciantes genoveses viajando do Mediterrâneo para portos do
Atlântico europeu. Em consequência, por volta de 1450, Portugal já estava
integrado na mais avançada rede comercial da época. Sua localização no
Atlântico, também estimularia o direcionamento natural para oeste.
Eduardo Morais de Castro
*O economista e
empresário Joaquim L. De Souza, como bom cronista revelado no seu trabalho
anterior “Cartas de Vilhena”, volta a esquadrinhar a História do Brasil e, para
deleite dos leitores ávidos por fatos e personagens marcantes da nossa
historiografia, brinda-nos com a narração envolvente de um episódio nominado
como “Encilhamento”, ocorrido logo após o golpe militar que derrubou a
Monarquia no alvorecer da República.
O novo regime, ao reconhecer que o
arcaico sistema agrário vigente, -
combatido pela nova realidade da mão de obra livre – demandava um plano capaz
de provocar um salto no desenvolvimento do país, resolveu implementar um
projeto de industrialização via liberação de créditos, a exemplo do que fizeram
países hegemônicos da época. No Brasil, esse projeto seria deflagrado em
janeiro de 1890, por Ruy Barbosa, então ministro da Fazenda do governo provisório presidido pelo marechal
Deodoro.
A estratégia adotada, no entanto,
resultaria equivocada e geradora de uma crise sem precedentes, responsável por
uma inflação galopante no decorrer do tempo, bem como pela desestabilização da
economia brasileira no final do século XIX.
Como bem destacado pelo nosso
cronista neste livro, espera-se que as autoridades financeiras do governo
brasileiro tenham sempre em mente que a “ordem monetária é a única base do
progresso duradouro.”
Eduardo Morais de Castro
É Imortal pela Academia de Letras e
Artes de Salvador (ALAS).
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