História
Viking (do nórdico antigo víkingr) ou viquingue é
um termo habitualmente usado para se referir aos exploradores, guerreiros, comerciantes epiratas nórdicos (escandinavos) que
invadiram, exploraram e colonizaram grandes áreas da Europa e das
ilhas do Atlântico Norte a partir do final do século VIII até
meados do século XI.
Esses vikings usavam seus famosos navios dragão para
viajar do extremo oriente,
como Constantinopla e o rio Volga, na Rússia, até o
extremo ocidente, como
a Islândia, Groenlândia e Terra Nova, e até o
sul de al-Andalus. Este
período de expansão viking - conhecidos como a "era viking -
constitui uma parte importante da história medieval da Escandinávia, Grã-Bretanha, Irlanda e do
resto da Europa em
geral.
As concepções populares dos vikings geralmente diferem
do complexo quadro que emerge da arqueologia e das
fontes escritas. A imagem romantizada dos vikings como bons selvagens germânicos começaram
a fincar suas raízes no século XVIII e isso evoluiu e tornou-se
amplamente propagado durante a revitalização viking do século
XIX. A fama dos vikings de brutos e violentos ou
intrépidos aventureiros devem muito ao mito viking moderno que
tomou forma no início do século XX. As atuais representações populares são
tipicamente muito clichês,
apresentando os vikings como caricaturas Eles também fundaram
povoados e fizeram comércio pacificamente. A imagem histórica dos vikings mudou
um pouco ao longo dos tempos, e hoje já admite-se que eles tiveram uma enorme
contribuição na tecnologia marítima e na construção de cidades.
Hoje, de um modo um tanto controverso, a palavra viking também
é usada como um adjetivo que se refere aos escandinavos da
época; a população escandinava medieval é
denominada frequentemente pelo termo genérico "nórdicos".
A etimologia da
palavra é um tanto incerta. A raiz da palavra germânica vik ou wik está
relacionada a mercados, é o sufixo normalmente
utilizado para referir-se a uma "cidade mercadora", da mesma forma
que burg significa "lugar fortificado". Sandwich e Harwich, na Inglaterra, ainda
mostram essa terminação, e Quentovic, a
recém-escavada cidade portuária dos francos, mostra a
mesma etimologia. A atividade mercantil dos vikings está bem
documentada em vários locais arqueológicos como Hedeby. Há quem
acredite que a palavra viking vem de viking do nórdico antigo, língua falada pelos vikings, mas eles
não se denominavam assim; este nome foi atribuído a eles devido ao seu
significado: piratas, aventureiros ou mercenários viajantes. Os vikings são escandinavos, que por
sua vez, são um povo germânico, sendo provenientes dos indo-europeus. Os vikings a
partir do século VII começaram a sair da Escandinávia, indo para as
regiões próximas, devido a uma superpopulação e até problemas internos, como no
caso de Érico, o Vermelho que foi expulso da Noruega e
da Islândia por
assassinato, além da motivação pelo comércio e pelos saques das cidades europeias. Os anais
francos usam a palavra Normanni, os anglo-saxões os denominavam
de Dani, e embora esses termos certamente se refiram
respectivamente aos noruegueses e dinamarqueses, parece que frequentemente eram
usados para os "homens do norte" em geral. Nas crônicas germânicas
eles eram denominados de Ascomanni, isto é, "homens de
madeira", porque suas naus eram feitas de madeira. Em fontes irlandesas eles
aparecem com Gall (forasteiro) ou Lochlannach (nortistas);
para o primeiro eram algumas vezes adicionadas as palavras branco (para
noruegueses) ou preto (para dinamarqueses), presumivelmente
devido às cores de seus escudos ou de suas malhas.
Adão de Bremen, historiador eclesiástico germânico, afirmou,
aproximadamente em 1075, que o termo viking era usado pelos
próprios dinamarqueses. Ele escreve: "... Os piratas a quem eles [dinamarqueses] chamam
de Vikings, mas nós [os germânicos] chamamos de Ashmen".
Se a origem da palavra viking for escandinava deve ser
relativa à vig (batalha), ou vik (riacho,
enseada, fiorde ou baía). Se por outro lado, a palavra viking não
for de origem escandinava, pode estar relacionada à palavra
"acampamento" - do inglês antigo wic e do
latim vicus.
Cidades vikings na Escandinávia
A terra natal dos vikings era a Noruega, Suécia e Dinamarca. Eles e
seus descendentes se estabeleceram na maior parte da costa do Mar Báltico, grande
parte da Rússia continental,
a Normandia na França, Inglaterra e
também atacaram as costas de vários outros países europeus, como Portugal, Espanha, Itália e até
a Sicília e
partes da Palestina. Os vikings também
chegaram à América antes da descoberta de Cristóvão Colombo, tendo empreendido uma tentativa fracassada de
colonização na costa da região sudeste do Canadá.
Os vikings eram guerreiros que viajavam pelos mares a
partir de sua terra, na península escandinava, pilhando e saqueando cidades,
mas também estabelecendo colônias e comercializando. Eles chegaram a áreas no
norte da Europa levando sua cultura, como a Normandia, na
França, que Rolão conseguiu
através de um acordo com Carlos, o Simples, o Tratado de Saint-Clair-sur-Epte. Este
território era no norte da França ao redor da cidade de Rouen. Além
da Groenlândia,
onde Érico, o Vermelho criou colônias após ter sido expulso da
Noruega e da Islândia, e do
Canadá, para onde Leif Ericsson, filho de
Érico viajou. Os vikings costumavam usar lanças (como o
deus Odin) e
machados e seus capacetes não possuíam chifres (como são apresentados).
Viajavam em barcos rápidos chamados drakkars, "dragão", por
terem uma cabeça do mítico animal esculpida na frente. A velocidade desses
barcos facilitava ataques surpresas e fugas quando necessário.
As diversas nações viking estabeleceram-se em várias
zonas da Europa:
·
Os dinamarqueses navegaram
para o sul, em direção à Frísia, França e
partes do sul da Inglaterra. Entre os
anos 1013 e 1042, diversos reis vikings, como Canuto, o Grande, chegaram
mesmo a ocupar o trono inglês.
·
Os suecos navegaram
para o leste entrando na Rússia,
onde Rurik fundou
o primeiro estado russo, e pelos rios ao sul para o Mar Negro, Constantinopla e
o Império Bizantino.
Território e viagens dos vikings
Mapa mostrando os assentamentos escandinavos nos
séculos VIII (vermelho escuro), IX (vermelho), X (laranja) e XI (amarelo). O
verde indica áreas sujeitas a frequentes ataques vikings.
·
Os noruegueses viajaram para o noroeste e oeste,
para as Ilhas
Faroé, Shetland, Órcades, Irlanda e Escócia. Exceto
nas ilhas britânicas, os noruegueses encontraram principalmente terras
inabitadas e fundaram povoados. Primeiro a Islândia em
825 (monges irlandeses já
estavam lá), depois a Groenlândia (985),
foram ocupadas e colonizadas por vikings noruegueses. Em cerca
de 1000 d.C., a América do Norte foi descoberta por Leif Ericsson da Groenlândia, que a
chamou de Vinland. Um
pequeno povoado foi fundado na península norte na Terra Nova (Canadá), mas a
hostilidade dos indígenas locais e o clima frio provocaram o fim desta colônia
em poucos anos. Os restos arqueológicos deste local - L'Anse aux Meadows - constituem
hoje em dia um sítio de Patrimônio Mundial da UNESCO.
Os vikings começaram a incursar e colonizar ao longo da
parte nordeste de Mar Báltico nos
séculos VI e VII. No final do século VIII, os suecos faziam longas
incursões descendo os rios da moderna Rússia e
estabeleceram fortes ao longo do caminho para a defesa. No século IX eles
controlavam Kiev e em
907 uma força de dois mil navios e oitenta mil homens atacou Constantinopla.
Eles saíram de lá com um favorável acordo comercial do imperador bizantino. Depois chegando até a Sicília.
Os vikings fizeram a primeira investida no Oeste no
final do século VIII. Os primeiros relatos de invasões viking datam
de 793, quando dinamarqueses ("marinheiros estrangeiros") atacaram e
saquearam o famoso mosteiro insular de Lindisfarne, na costa Leste da Inglaterra. Os vikings saquearam
o mosteiro, mataram os monges que
resistiram, carregaram seus navios e retornaram à Escandinávia. Nos 200
anos seguintes, a história Europeia encontra-se repleta de contos sobre
os vikings e suas pilhagens. O tamanho e a frequência das
incursões contra a Inglaterra, França e Alemanha aumentaram
ao ponto de se tornarem invasões. Eles saquearam cidades importantes como Hamburgo, Utrecht e Rouen. Colônias
foram estabelecidas como bases para futuras incursões. As colônias no Noroeste
da França ficaram conhecidas como Normandia (de
"homens do Norte"), e seus residentes eram chamados de normandos.
Em 865, um grande exército dinamarquês invadiu a Inglaterra. Eles
controlaram boa parte da Inglaterra pelos dois séculos seguintes. Um dos
últimos reis de toda a Inglaterra até 1066 foi Canuto, que
governava a Dinamarca e a Noruega simultaneamente. Em 871, uma outra grande
esquadra navegou pelo Rio Sena para
atacar Paris. Eles
cercaram a cidade por dois anos, até abandonarem o local com um grande
pagamento em dinheiro e permissão para pilhar, desimpedidos, a parte oeste da
França.
Em 911, o rei da França elevou
o chefe da Normandia a Duque em
troca da conversão ao cristianismo e da interrupção das incursões. Do Ducado da Normandia veio uma série de notáveis guerreiros
como Guilherme I, que conquistou a Inglaterra em 1066; Roberto Guiscar do e
família, que tomaram a Sicília dos árabes entre
1060 e 1091 e Balduíno I, rei
cruzado de Jerusalém.
Os vikings conquistaram a maior parte da Irlanda e
grandes partes da Inglaterra, viajaram
pelos rios da França, Portugal e Espanha, e
ganharam controle de áreas na Rússia e na
costa do Mar
Báltico. Houve também invasões no Mediterrâneo e no
leste do Mar Cáspio e há
indícios que estiveram na costa do novo continente, fundando a efêmera colônia
de Vinland, no atual
Canadá.
O período compreendido entre as primeiras invasões registradas na
década de 790 até a conquista normanda da Inglaterra, em 1066,
é conhecido como a era viking da
história escandinava. Supõe-se que os ataques aos povos que vivem ao redor
do mar
Báltico tem uma história anterior. Eles são, porém, não bem conhecidos,
devido à falta de fontes escritas a partir dessa área. Os normandos eram
descendentes de vikings dinamarqueses e noruegueses a que
foram dados suserania feudal de áreas
no norte da França -
o Ducado da Normandia - no século X]]. A este respeito,
os descendentes dos vikings continuaram a ter influência
no norte da Europa. Da mesma forma, o rei Harold Godwinson, o último
rei anglo-saxão da Inglaterra, tinha
antepassados dinamarqueses.
Geograficamente, a "era viking" pode ser atribuída
não apenas às terras escandinavas (modernas Dinamarca, Noruega e Suécia), mas
também aos territórios sob domínio norte-germânico, principalmente o Danelaw, incluindo
o York escandinavo, o centro administrativo dos restos mortais do Reino da Nortúmbria, partes do Reino da Mércia e
a Ânglia Oriental. Navegantes vikings abriram
o caminho para novas terras ao norte, oeste e leste, o que resultou na fundação
de colônias independentes em Shetland, Orkney, Ilhas Faroé, Islândia, Groenlândia, e L'Anse aux Meadows, uma colônia de vida curta na Terra Nova, por volta
de 1000 d.C. Muitas dessas terras, especificamente, Groenlândia e
Islândia, podem ter sido originalmente descoberta por marinheiros vikings] Os vikings também
exploraram e se estabeleceram em territórios em áreas dominadas pelos eslavos da Europa Oriental,
especialmente o Rus de
Kiev. Por volta de 950 d.c. esses assentamentos foram amplamente
"eslavizados".
Uma casa comunal viking reconstruída
Já em 839, quando emissários suecos os primeiros a visitar o Império Bizantino, escandinavos serviram como mercenários a
serviço do Império Bizantino. No final do século X]], uma nova
unidade da guarda imperial foi formada e tradicionalmente continha um grande
número de escandinavos. Isso ficou conhecido como a Guarda varegue. A palavra
"Varegues" pode
ter se originado do nórdico antigo, mas em línguas eslavas e gregas poderia se
referir tanto a escandinavos quantos aos francos. O mais
eminente escandinavo que serviu a Guarda Varegue foi Haroldo Manto Cinzento, que
posteriormente estabeleceu-se como rei da Noruega (1047-1066).
Importantes portos comerciais durante esse período incluem Birka, Hedeby, Kaupang, Jorvik, Staraya Ladoga, Novgorod e Kiev.
Há evidências arqueológicas que os vikings chegaram à
cidade de Bagdá, o centro
do Império
Islâmico. Os nórdicos regularmente
dobravam o rio Volga com
seus bens de comércio: peles, dentes e escravos. No entanto, eles eram muito
menos bem sucedida na criação de assentamentos no Oriente Médio, devido ao
poder islâmico mais centralizado. De modo geral, os noruegueses se
expandiram para o norte e oeste, em lugares como Irlanda, Escócia, Islândia e Groenlândia, os dinamarqueses para Inglaterra e França,
estabelecendo-se em Danelaw (norte/leste
da Inglaterra) e Normandia, e
os suecos a
leste, na fundação do Rus de Kiev, a Rússia original.
No entanto, entre as runas suecas
que mencionam expedições ao longo do mar, quase a metade referem-se a invasões
e viagens para a Europa Ocidental. Além
disso, de acordo com as sagas islandesas, muitos vikings noruegueses
foram para a Europa Oriental. Essas nações, apesar de distintas, foram
semelhantes na cultura e na língua. Os nomes dos reis escandinavos são
conhecidos apenas após a era viking. Somente após o fim da
era viking os reinos separados adquiriram identidades
como nações, que
passou de mão em mão com a sua cristianização. Assim, o fim da era viking para
os escandinavos também marca o início da sua relativamente breve Idade Média.
Após décadas de pilhagem, a resistência aos vikings tornou-se
mais eficiente e, depois da introdução do cristianismo na
Escandinávia, tornou a cultura viking mais moderada. As
incursões vikings cessaram no fim do século XI. A
consolidação dos três reinos escandinavos (Noruega, Dinamarca e Suécia) em
substituição das nações viking em meados do século
XI deve ter influenciado também o fim dos ataques, visto que com eles
os vikings passaram também a sofrer das intrigas políticas de que
tanto se beneficiaram e muito da energia do rei estava dedicada a governar suas
terras. A difusão do cristianismo fragilizou os valores guerreiros pagãos
antigos, que acabaram sumindo. Os nórdicos foram absorvidos pelas culturas com
as quais eles tinham se envolvido. Os ocupantes e conquistadores da Inglaterra
viraram ingleses, os normandos viraram
franceses e os Rus tornaram-se
russos.
A escrita dos vikings era com runas, símbolos
escritos em pedras, sendo usados até o período de cristianização que misturou
as culturas e provocou alterações. Nessas misturas, muitas coisas da cultura
cristã passaram para os vikings, mas algumas tradições e ideias da
religião dos vikings passaram para os cristãos, colaborando para a
aceitação do cristianismo pelos vikings. Alguns exemplos dessas
cristianizações das coisas vikings, são, a “santificação” da festa
da deusa Eostre – considerada por alguns, uma forma da deusa Frigg, esposa de
Odin – cujos símbolos são coelhos e ovos e que originou os nomes da Páscoa no
inglês e alemão, Easter (inglês) e Ostern (alemão, vindo de uma variação de seu
nome, Ostera).
Na Rússia, os vikings eram
conhecidos como varegues ou varegos (Väringar),
e os guarda-costas escandinavos dos imperadores bizantinos eram conhecidos como guarda varegue. Outros
nomes incluem nórdicos e normandos.
Timoneiro viking com elmo cônico,
em selo das Ilhas Féroe
Os povos vikings, assim como tinham uma mesma organização
política, também compartilhavam uma mesma composição sociocultural. A língua
falada pelos vikings era a mesma, seu alfabeto também
era o mesmo: o alfabeto
rúnico As sociedades estavam divididas, de um modo geral, da seguinte
maneira: O rei estava
no ápice da pirâmide; abaixo dele estavam os jarls, homens
ricos e grandes proprietários de terras (os jarls não
eram nobres, pois nas
sociedades vikings não havia nobres); abaixo dos jarls havia
os karls, ou seja, o povo, livres, mas sem posses ou com
poucas propriedades, geralmente pequenos comerciantes ou lavradores. Os karls compunham
o grosso dos exércitos vikings e tinham participação nas Tings; abaixo
dos karls, havia os thralls, escravos. Eles geralmente eram prisioneiros de
batalhas, mas podiam ser (dependendo da decisão da Althing da região) escravos
por dívidas ou por crimes, seus proprietários tinham direito de vida e morte
sobre eles.
A maior parte dos povoados vikings eram fazendas
pequenas, com entre cinquenta e quinhentos habitantes. Nessas fazendas, a vida
era comunitária, ou seja, todos deviam se ajudar mutuamente. O trabalho era
dividido de acordo com as especialidades de cada um. Uns eram ferreiros, outros
pescadores (os povoados sempre se desenvolviam nas proximidades de rios, lagos
ou na borda de um fiorde), outros
cuidavam dos rebanhos, uns eram artesãos, outros eram soldados profissionais,
mas a maioria era agricultora.
As semeaduras ocorriam tão logo a primavera começava, pois os grãos
precisavam ser colhidos no final do verão para que pudessem ser armazenados
para o outono e inverno. Durante o inverno, as principais fontes de alimentos
eram a carne de gado e das caças que eles obtinham. No verão o gado era
transportado para as montanhas para pastar longe das plantações.
Nas fazendas, as pessoas moravam geralmente em grandes casarões
comunitários. Geralmente esses casarões eram habitados pelas famílias. Por
exemplo: três irmãos, com suas respectivas esposas, filhos e netos.
As famílias (fjolskylda) dos vikings eram muito
importantes, sendo provedoras de abrigo alimento e proteção. As famílias tinham
rivalidades e brigas com outras, sendo julgados nas Tingsou com
os ordálios, testes
para julgamentos divinos. No caso de mortes da família, era normal haver
vinganças, devido à importância destas na sociedade. Os membros das famílias
trabalhavam juntos, mesmo após casarem, trabalhando desde pequenos nas
famílias, aprendendo trabalhos mais difíceis com o tempo, trabalhando com ferro
ou no caso de jarls, na
política ou na guerra. Os patriarcas detinham muito poder, podendo escolher se
seus filhos viveriam ou não após nascerem.
As mulheres após o casamento mudavam para a família do marido e tinham
trabalhos como cozinhar, limpar e cuidar dos necessitados. As mulheres eram obedientes,
mas podiam pedir divórcio, caso houvesse motivo, já os maridos podiam ter
concubinas e matar as mulheres adúlteras, mas tinham de pagar ao pai da noiva
para casar. Como as famílias ensinavam os trabalhos aos filhos, muitos
trabalhos eram familiares, como os stenfsmiors, que construíam
barcos e com a madeira dos barcos velhos, reparavam os outros barcos.
Eles tinham várias histórias para explicar coisas do quotidiano, como
o sol e
a lua, que
acreditavam serem perseguidos pelos lobos Skoll e Hati, filhos
de Fenrir (que
segundo o ragnarok,
devora Odin em
batalha, morrendo em seguida); o sol seria uma deusa e a lua um deus,
chamado Máni. O arco-íris, segundo
eles, tinha uma ponte, denominada Bifrost, guardada
pelo deus Heimdall. A
Deusa-Sol passava todo dia com sua carruagem puxada pelos cavalos, Asvid e Arvak. Os deuses
eram mais ou menos populares de acordo com a importância que tinham com o
cotidiano. Alguns dos deuses mais venerados foram, Odin, Thor e Njord.
A religião dos vikings costumava ter culto a
ancestrais, além da veneração a deuses e transmitia ideias diferentes quanto a
questões da vida e do mundo. Eles acreditavam que o mundo era dividido em
"andares" e todos estavam unidos a uma enorme árvore, chamada, Yggdrasil. Estes
"andares" eram diferentes e possuíam características especiais, sendo
estes, nove. Havendo um mundo para os deuses, Asgard, e um
mundo onde as pessoas vivem, midgard, além dos
outros sete que são, Nilfheim, mundo abaixo de midgard, no subsolo,
onde Hel governa os
mortos. Outro mundo é Jotunheim, reino
frio e montanhoso, onde os gigantes de rocha e neve (chamado de Jotuns) habitam e era governado por Thrym, gigante
que roubou o Mjolnir de Thor para
trocá-lo por Freya. Os outros
mundos são, Vaneheim (casa dos Vanir), Muspellheim (casa
dos gigantes de fogo, local
cheio de cinzas e lava, cujo rei é o gigante Surt),Alfheim (onde
os elfos moram), Svartaheim (onde
os svartafars habitam,
são conhecidos como elfos negros) e Nidavellir (é a
terra dos anões).
Esta religião não era baseada na luta entre o bem e o mal, mas entre a
ordem e o caos, sendo que nenhum deus era tido como completamente bom nem mau,
mesmo Loki sendo
apresentado como provocador de conflitos, ele ajudou os deuses em diversas
ocasiões.
Os vikings valorizavam a morte e até a festejavam. Após
a morte, havia ritos, como a queima do corpo do morto com vários pertences e
após a queima, estes eram recolhidos e as cinzas, colocadas em potes de
cerâmica. Outra forma usada após a morte era a criação de câmaras, onde o morto
era colocado junto a vários pertences e até seus cavalos. Esta forma era mais
usada na Dinamarca e na Ilha de Gotland. Há casos
de enterros de navios, onde foram colocados rainha e princesa, junto a
pertences e animais sacrificados, como, cães, cavalos e bois. Em outra câmara,
foi encontrada uma mulher bem vestida, sendo esta rica e uma mal vestida
retorcida, estudos confirmaram que esta era escrava e havia sido posta viva
nesta câmara. No caso da morte de homens, era costume a sua mulher favorita ser
enterrada viva junto a ele. O uso de barcos como túmulo, mostra poder e prestígio
do morto e também simboliza a jornada pós-morte e tem ligação com a adoração
a Njord.
A cultura dos vikings tinha caráter guerreiro, devido
também a influências religiosas. Eles eram politeístas, tendo
deuses com diversas características, personalidades, histórias e influências no
dia-a-dia. Estes deuses eram divididos em dois grupos, os Aesir e
os Vanir, além de
terem outras criaturas como os gigantes. Os Aesir e
os Vanir têm
poucas diferenças, mas há várias histórias sobre guerras entre os dois grupos.
Além dos deuses, também eram relatadas histórias de heróis.
Os vikings apreciavam muito as espadas, sendo que os
mais ricos e poderosos tinham as mais belas e melhores espadas, possuindo
detalhes dourados e até mesmo rúnicos. Além das espadas eles tinham facas,
adagas, lanças de diversos tipos, como, de arremesso e eram as armas mais
usadas em batalhas, sendo atiradas nos inimigos ou usadas normalmente, quando
atiradas, era clamado o nome de Odin, o deus da
guerra conhecido por sua lança, Gungnir.
Mas os vikings também usavam o arco e flecha,
principalmente nas batalhas marinhas, e os machados, mas estes foram mais
usados no começo da era viking, sendo usado no cotidiano e por ser
simples e rústico, não possuindo detalhes como algumas espadas. Os escudos eram
de madeira, mas com um detalhe de ferro no meio e ao longo da borda para
proteger a mão. Também havia tipos específicos de infantaria como, os berserkers, que
imitavam a ferocidade e bravura dos animais, muitas vezes não usando proteções
nas guerras, sendo usados cogumelos alucinógenos
e bebidas alcoólicas para provocar este efeito.
Dracar viking
Além de permitir que os vikings navegassem longas
distâncias, seus navios dragão (drakar) traziam vantagens táticas em
batalhas. Eles podiam realizar eficientes manobras de ataque e fuga, nas quais
atacavam rápida e inesperadamente, desaparecendo antes que uma contraofensiva
pudesse ser lançada. Os navios dragão podiam também navegar em águas rasas,
permitindo que os vikings entrassem em terra através de rios.
Existe um famoso museu viking, que fica em Oslo, na Noruega,
denominado Vikingskipshuset. Outro museu, dedicado aos barcos vikings,
é o Vikingeskibsmuseet, na Dinamarca.
As primeiras publicações modernas sobre o que hoje chamamos de
cultura viking apareceram no século XVI, como por
exemplo, Historia de gentibus septentrionalibus (Olaus Magnus,
1555), e a primeira edição de Danorum Gesta, escrito no século
XIII, de Saxo Grammaticus, em 1514. O ritmo de publicação aumentou durante
o século XVII com as traduções latinas de Edda (especialmente Islandorum
Edda, de Peder Resen, em 1665).
A encenação moderna de uma batalha viking
Na Escandinávia, os estudiosos dinamarqueses do século XVII, Thomas Bartholin e Ole Worm, e o sueco Olof Rudbeck foram
os primeiros a definir o padrão para usar runas e sagas islandesas como fonte
histórica. Durante o Iluminismo e
o Renascimento nórdico, o estudo histórico na Escandinávia tornou-se mais
racional e pragmático, como foi testemunhado pelas obras do historiador
dinamarquês Ludvig Holberg e do sueco Olof von Dalin Um
contribuidor pioneiro britânico ao estudo dos vikings foi
George Hicke, que publicou seu Linguarum vett. septentrionalium thesaurus em
1703-1705. Durante o século XVIII, o interesse e o entusiasmo britânico
pela Islândia e pela cultura escandinava antiga cresceu dramaticamente,
expressas em traduções inglesas dos textos Old Norse e poemas originais que
exaltavam as supostas "virtudes viking".
A palavra "viking" foi popularizada no início
do século XIX por Erik Gustaf Geijer, em seu poema, The Viking. O poema de
Geijer muito fez para difundir o novo ideal romantizado do viking,
que tinha pouca base em fatos históricos. O renovado interesse do romantismo no
Norte Antigo tinha implicações políticas contemporâneas. A Sociedade Geatish, da qual
Geijer era membro, popularizou o mito em grande medida. Outro autor sueco que
teve grande influência sobre a percepção dos vikings foi Esaias Tegnér, membro da
Sociedade Geatish, que escreveu uma versão moderna de Friðþjófs saga hins frœkna, que se
tornou muito popular nos países nórdicos, no Reino Unido e
na Alemanha.
O fascínio com os vikings chegou ao ápice durante a
chamada revivificação viking no
final do século XVIII e XIX. Na Grã-Bretanha, assumiu a forma
de Septentrionalismo, na
Alemanha, a compaixão de Wagner ou
mesmo o misticismo germânico, e nos
países escandinavos, o nacionalismo romântico ou escandinavismo. As
pioneiras edições escolares do século XIX da era viking começaram
a chegar a um público pequeno na Grã-Bretanha, os arqueólogos começaram a
escavar sobre o passado viking da Grã-Bretanha, e os
linguistas entusiastas começaram a identificar origens na era viking de
expressões idiomáticas e provérbios rurais. Os novos dicionários da língua
nórdica antiga permitiu que os vitorianos lidassem
com as primitivas sagas islandesas.
Muitos dizem que os vikings usavam elmos com chifres pois
receavam, pelas suas crenças, de que o céu lhes pudesse
vir a cair nas cabeças. Apesar desta conhecida imagem a respeito
deles - que na realidade era uma crença celta e não nórdica - eles jamais utilizaram tais
elmos. Essas características não
passam de uma invenção artística das óperas do século XIX, que
reforçavam as nacionalidades, no Romantismo, e que
visavam a resgatar a imagem dos vikings como bárbaros cruéis,
pois sua aparência era incerta. Os capacetes que
os vikings verdadeiramente utilizavam eram cônicos e sem chifres
(como se pode ver na imagem do "timoneiro viking"). Não
existe qualquer tipo de evidência científica (paleográfica, histórica,
arqueológica, epigráfica) de que os escandinavos da era viking tenham
utilizado capacetes córneos. As artes plásticas e a literatura auxiliaram a
divulgação dos estereótipos sobre os vikings, principalmente depois de
1880.
Lendas contam que guerreiros tomados por um frenesi insano, conhecidos como berserkir (singular; antigo nórdico), iam a
batalha vestidos com casacos de pele de ursos, os de
pele de lobos eram
chamados de ulfhednar ou ulfhedir e
atiravam-se nas linhas inimigas. O relato mais antigo sobre berserks está
escrito em Haraldskvæði,
um poema escaldico do século
IX, escrito por Thórbiörn Hornklofi, em
homenagem ao rei Haroldo I. Não há relatos contemporâneos da existência
dos berserks.
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