O país onde se originou, potencialmente, o homo sapiens e o café
A Etiópia (em ge'ez: ኢትዮጵያ, transl. ʾĪtyōṗṗyā), oficialmente República
Democrática Federal da Etiópia (ኢትዮጵያ ፌዴራላዊ ዲሞክራሲያዊ ሪፐብሊክ,
transl. ye-Ītyōṗṗyā Fēdēralāwī Dīmōkrāsīyāwī Rīpeblīk) é um
país encravado no Chifre da África, um dos países mais antigos do mundo. É a segunda nação mais populosa da
África e a décima maior em área. O país faz fronteira com o Sudão e com
o Sudão do Sul a oeste, Djibuti e Eritreia ao
norte, Somália ao
leste, e Quênia ao
sul. Sua capital é a cidade de Adis Abeba.
Considerando que a maioria dos Estados africanos têm muito menos de um
século de idade, a Etiópia foi um país
independente continuadamente desde tempos passados. Um Estado monárquico que ocupou a maioria de sua história, a Dinastia
Etíope, tem suas raízes no século X a.C.. Quando
o continente africano foi dividido entre as potências europeias na Conferência de Berlim, a Etiópia foi um dos dois únicos países que
mantiveram sua independência. A nação foi uma
dos apenas três membros africanos da Liga das Nações, e após um
breve período de ocupação italiana, o
país tornou-se membro das Nações Unidas. Quando as
outras nações africanas receberam sua independência após a Segunda Guerra Mundial, muitas deles
adotaram cores da bandeira da Etiópia, e Addis Abeba tornou-se
a sede de várias organizações internacionais focadas na África. Em 1974, a
dinastia, liderada por Haile Selassie, foi
deposta. Desde então, a Etiópia foi um Estado secular com variação nos sistemas
governamentais. Hoje, Addis Abeba ainda é sede da União Africana e da
Comissão Econômica das Nações Unidas para a África.
Além de ser
um país antigo, a Etiópia é um dos sítios de existência humana mais antigos
conhecidos por cientistas de hoje em dia que estudam os traços mais antigos da
humanidade; podendo potencialmente ser o lugar em que o homo sapiens se originou. A Etiópia divide
com a África do Sul o posto de maior número de Patrimônios Mundiais da UNESCO na
África (oito, cada país). O país
também tem laços históricos próximos com as três maiores religiões abraâmicas do
mundo. A Etiópia foi um dos primeiros
países cristãos no mundo, tendo oficialmente adotando-o como religião do
Estado no século IV. O país
ainda tem maioria cristã, porém um terço da população é muçulmana. A Etiópia
é o sítio do primeiro Hégira na história islâmica e da mais antiga população
muçulmana na África, em Negash. A nação também é o berço espiritual da religião Rastafari. Até os
anos 1980, uma população significativa de judeus etíopes residiram na Etiópia.
Além disso, o país tem, ao todo, cerca de 80 grupos étnicos diferentes hoje em
dia, com o maior sendo o Oromo, seguido
pelos Amhara, ambos os
quais falam línguas afro-asiáticas. O país também é famoso pelas suas igrejas
talhadas em pedras e como lugar onde o grão de café se originou.
No período após a queda da monarquia, a Etiópia transformou-se em um dos
países mais pobres do globo e sofreu uma série trágica de períodos de fome na
década de 1980, resultando em milhões de mortes. Lentamente, no entanto, o país
começou a se recuperar, e hoje a
economia etíope é uma das que mais crescem na África.
Não é muito certo o quão velha é a palavra Etiópia, cujo uso
mais antigo aparece na Bíblia em Gênesis,
capítulo 2 como o lugar onde Adão e Eva viveram. E
também em Ilíada, onde o
nome aparece duas vezes, e em Odisseia, onde
aparece três vezes. O uso mais antigo atestado na região é um nome
cristanizado do Reino de Aksum no
século IV, em escrituras de pedra do Rei Ezana. O
nome ge'ez ʾĪtyōṗṗyā e seu cognato português são
pensados por alguns estudiosos de serem derivados da palavra grega Αἰθιοπία,
Aithiopia, de Αἰθίοψ, Aithiops ‘um etíope’, derivado, por sua vez, de palavras
gregas que significam de "de rosto queimado". No entanto, O
Livro de Aksum, uma crônica em ge'ez compilada no século XV, alega que o nome é
derivado de "'Ityopp'is" — um filho (não mencionado na Bíblia)
de Cush, filho
de Cam, quem, de
acordo com a lenda, fundou a cidade de Aksum. Plínio, o Velho alega, igualmente, que o nome da nação deriva
de alguém cujo nome foi Aethiops. Uma terceira etimologia, sugerida
por pesquisadores etíopes recentes e o poeta laureado Tsegaye Gabre-Medhin, traça o
nome às palavras "egípcias, velhas e negras": Et (Verdade
ou Paz), Op (Alto ou Superior) e Bia (Terra
ou País), sendo Etiópia a "terra de paz superior".
No português e geralmente fora da Etiópia, o país também foi historicamente
chamado de Abissínia, derivado de Habesh, uma
forma árabe do nome etíope-semítico Ḥabaśāt, atualmente Habesha,
o nome nativo para os habitantes do país (enquanto o país era chamado de Ityopp'ya).
Em poucas línguas, Etiópia ainda é referido por nomes cognatos
com Abissínia, por exemplo, à palavra árabe Al-Ḥabashah, que
significa terra do povo Habasha.
O termo Habesha, a rigor, se refere somente aos povos Amhara
e Tigré-Tigrínio, que historicamente dominaram o país politicamente, os quais
juntos representam cerca de 36% da população da Etiópia. Algumas vezes, o termo
é usado para designar os quase 45% da população etíope que usaram línguas semíticas desde tempos antigos, como os amáricos (30,1%
da população), ostigrés (6,2%),
os gurage (4,3%) e outras comunidades menores que falam línguas semíticas, como
o povo Harari no sudeste da Etiópia. Desde que a língua amárica tornou-se o idioma oficial do país, muitos da
população da RNNPS e uma
porção significante das regiões Oromia e Benishangul-Gumuz usaram-na como
segunda língua. Em contraste, na Etiópia contemporânea, a palavra Habesha é
frequentemente utilizada para descrever todos os etíopes e eritreus. Abissínia pode
estritamente se referir à apenas as províncias do noroeste da Etiópia de Amhara
e Tigré, bem como a Eritreia central, enquanto ela historicamente foi utilizada
como um outro nome para a Etiópia.
A Etiópia também foi conhecida por ser considerada a terra dos Cush. O
nome foi originalmente derivado do hebreu, para
referir-se às nações da costa leste do Mar Vermelho. No
entanto, a Bíblia é clara ao alegar que os povos Cush são atualmente etíopes.
Quando Moisés referiu-se
ao povo de Cush, ele se referia a uma nação parente dos egípcios. Por causa
das relações políticas próximas do Egito e a Etiópia, ambas as nações, em um
ponto da história sob o termo Cush, concordaram com os historiadores hebreus.
Embora as intenções originais da palavra eram em referência a ambos os lados do
Mar Vermelho, ficou demonstrado que partes da costa leste não são pertencem aos
etíopes.
A Etiópia é um país ecologicamente diversificado, que vai
desde desertos ao longo da fronteira oriental às florestas tropicais no sul e
ao extenso Afromontane nas partes norte e sudoeste. O Lago Tana, ao norte, é a fonte
do Nilo Azul. O país tem um
grande número de espécies endêmicas,
notavelmente o babuíno-gelada e o lobo-etíope.
A planta do café é originária das
terras altas do país48 . A ampla gama de
diversidade de altitudes deu, ao país, uma variedade de áreas distintas
ecologicamente, ajudando a estimular a evolução de espécies endêmicas por
isolamento ecológico.
Lago de fogo-Etiópia, Tainga
Aproximadamente 80% da população sobrevive da agricultura, que é a
espinha dorsal da economia etíope, respondendo por cerca de 90% do PIB. As exportações
principais do setor são café, sementes
oleaginosas, leguminosas (feijão), flores, cana-de-açúcar, forragem para animais, e uma planta conhecida
por qat, que possui propriedades psicotrópicas quando
mascada. Outros produtos agrícolas importantes são cereais: trigo, milho, sorgo, cevada e
o teff, cereal nativo que constitui a base da alimentação no país.
As condições naturais são favoráveis à agricultura, mas as técnicas agrícolas
são arcaicas e, portanto, a produção se limita ao nível de subsistência. A
economia etíope é eminentemente agrícola e encontra-se entre as mais atrasadas
do mundo. Como ocorre com a maior parte dos países africanos, a Etiópia tem, no
subdesenvolvimento e na fome, seus maiores problemas. As secas periódicas,
a erosão e o
esgotamento do solo, o desmatamento, a
alta densidade populacional e a infraestrutura
precária tornam difícil o abastecimento satisfatório dos mercados. Os
camponeses foram reunidos nas cooperativas e granjas do Estado, mas essas
medidas oficiais, destinadas a melhorar a produção agrícola, tiveram pouco
êxito. A pesca, a pecuária e as
atividades extrativas também apresentam problemas relacionados com métodos
ainda rudimentares de produção. O setor industrial (alimentos, couro, calçados,
produtos têxteis, metalúrgicose químicos)
é incipiente. O governo incentivou também o turismo. Para isso
melhorou os parques nacionais e a infraestrutura hoteleira. Metade da população
sofre de subnutrição crônica.
Segundo
o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Etiópia é um dos países que
apresenta mais rápido crescimento econômico no mundo, registrando mais de 10%
de crescimento
Agricultora
com cesta contendo grãos de café
entre 2004
e 2009. Em 2012, entretanto, o crescimento desacelerou moderadamente, registrando
7% de crescimento. Projeta-se que sua economia deverá crescer em média,
6,5% nos próximos anos, refletindo o enfraquecimento da procura externa e um
ambiente cada vez mais restrito para investimentos do setor privado no
país. O desempenho econômico e o considerável desenvolvimento da Etiópia
enfrentaram ameaças entre 2008 e 2011, com o surgimento de desafios
macroeconômicos e a alta inflação, gerando um difícil equilíbrio financeiro no
país. A inflação atingiu 40% em agosto de 2011, por causa da política monetária
frágil, aumento de salários de cargos públicos, e elevados preços dos
alimentos. Em 2012, a inflação foi registrada em 22%
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