Música popular, os ritmos da América Latina
Ritmos em dois
capítulos, hoje e amanhã neste BLOG
Embora Portugal e Espanha não
façam parte da América Latina, a música espanhola e portuguesa convivem com a latino-americana em um forte e
rico intercâmbio.
Existem
diversos estilos de música latino-americana, todos os
quais nascem da mistura de elementos musicais europeus, africanos e indígenas. No
passado, vários autores sugeriram posições extremas, como que
a música latino-americana não receba a influência africana, ou ao contrário,
que é puramente africana e necessita de elementos indígenas e europeus. Hoje em
dia, é geralmente aceitado que os ritmos latinos
são sincréticos.
Especificamente, as formas espanholas de
composição de canções, os ritmos
africanos e a harmonia europeia
são partes fundamentais da música da tropical latina,
assim como os gêneros mais modernos como o rock, o heavy metal, o punk, o hip hop, o jazz, o reggae e
o R&B.
O batuque, influência africana do samba, praticado durante no Brasil do século XIX, em
pintura de Johann Moritz Rugendas.
A Décima, uma maneira de compor canções de origem
espanhola, onde há dez linhas com oito sílabas cada uma, essa forma era a base
de muitos estilos hispânicos. A
influência africana também é central nos ritmos latino-americanos, e é a base
da Rumba Cubana, Bomba, Plena
de Porto Rico, Cumbia Colombiana, Samba, Marimba
Equatoriana e de vários estilos peruanos como
o festejo, landó, panalivio, socabón, Son
de los diablos, Toro Mata. No Peru, há
regiões onde a influência musical africana se mistura com o cigano. Exemplos
disto estão por todo o norte e centro do
país em ritmos de batidas como a zamacueca, a marinera e
a resbalosa. Uma das mestiçagens musicais
mais raras, é a influência africana que se nutre com a cultura da América Andina, dando
origem a ritmos como o tondero, a cumanana e
o vals peruano.
Outros elementos
musicais africanos são mais prevalentes na música religiosa tradicional sincréticas e multifacetadas,
como o candomblé
brasileiro e a Santería cubana. A síncope, técnica musical em que é prolongado o som de uma
nota do compasso, é outra característica da música
latino-americana. A enfatização africana no ritmo também é uma herança, e se
expressa mediante a primazia dada aos instrumentos de percussão (que em
conjunto se conhece como "percussão latina"). O estilo de chamada e resposta é
comum na África, e também
está presente na música da América Latina.
Sabe-se muito pouco
sobre a música durante a América pré-colombiana. E ainda
existem povos isolados
na Bacia Amazônica e em outros países que tiveram pouco contato
com os europeus ou africanos, a música latina é quase inteiramente uma síntese da
dos europeus, dos africanos e dos ameríndios. As avançadas civilizações da
época de pré-contato foram as dos Impérios Maia, Asteca e Inca.
As antigas civilizações mesoamericanas dos Maias e Astecas tocavam
instrumentos entre os quais são incluídos o tlapitzalli (espécie
de flauta), o teponatzli (espécie
de tambor de
madeira), uma espécie de trompete feita
de caracola, vários tipos de guizos e
o huehuetl (espécie de timbal). Os
primeiros escritos espanhóis indicavam que a música asteca era
inteiramente religiosa, era executada por músicos profissionais; alguns
instrumentos eram considerados sagrados, os músicos que cometiam erros nas execuções
eram castigados, pois
esses erros eram considerados uma ofensa aos deuses.
Algumas
representações pictóricas indicam que a apresentação em conjuntos era
bastante comuns. Instrumentos similares se encontravam entre os Incas, quem
tinham como instrumentos uma ampla variedade de ocarinas e zampoñas.
A música indígena
do Equador, do Peru e
da Bolívia tendem
ao uso proeminente de instrumentos de sopro, elaborados geralmente em madeira e no
formato de bastões, como também a partir de ossos animais. O ritmo é
usualmente mantido com tambores de madeira cobertos
com couro. Também
estão acompanhados de instrumentos com estilo de guizos feitos
de casco, seixo ou sementes. Instrumentos de corda de origem europeia e mediterrânica devem
ter sofrido adaptações locais, e assim nascendo o charango e
o bandolim.
A chegada dos europeus e
suas músicas marcam o início da música latino-americana. Nessa época, partes
da Espanha e Portugal estavam
controladas pelos mouros da Norte da África, quem
tolerava a coexistência de diversos grupos étnicos. Estes
grupos, como os ciganos, os judeus, os
espanhóis e portugueses cristãos, cada um tinha seus próprios estilos de
música, tal como os mouros, que contribuíram para a rápida evolução da
música latina. Muitos instrumentos musicais dos mouros foram adotados na Espanha, por
exemplo, e o estilo de canto nasal
norte-africano e frequente uso da improvisação se espalhou por todos os povos da Península ibérica, assim como o canto cigano característico da música cigana. Da Europa Continental, a Espanha adotou a tradição francesa dos trovadores, a qual
no século XVI foi
parte importante da cultura espanhola. Desta herança se manteve o formato da composição lírica da
décima, a qual se mantem como parte fundamental da música latino-americana,
estando presente nos corridos, boleros e vallenatos.
Alguns povos
modernos da América Latina são essencialmente africanos, como
os garifunas da América Central, sua
música reflete seu isolamento em relação à influência europeia. No entanto, em
geral, os escravos africanos trazidos para as Américas mudando
suas tradições musicais, tanto pela adaptação ao estilo europeu musical e
vice-versa, quanto pela aprendizagem dos sons e performance musical dos
europeus.
O grupo musical argentino Sandro de América y Los de Fuego,
considerados os primeiros roqueiros do país, influenciou decisivamente no
nascimento do rock argentino. A sua semelhança com Elvis Presley é
notável.
Conhecido
internacionalmente, o tango talvez
seja o estilo musical mais famoso da Argentina, que se
desenvolveu em Buenos Aires e arredores, bem como em Montevidéu, Uruguai. No
entanto, ele não é o único, há também ritmos como
a chacarera, a cueca, a zamba e o Chamamé. Entre os
ritmos modernos, são incluídos o quarteto, a cumbia e suas
derivações.
A música
folclórica, o pop e
a música clássica também são populares, e artistas argentinos
como Mercedes Sosa e Atahualpa Yupanqui contribuíram muito para o desenvolvimento
da Nueva canción. O rock argentino também
levou ao aparecimento de uma cena de rock no país, tornou-se popular a partir
da década de 1980.
A música da Bolívia é uma
das mais fortemente ligadas a sua população nativa dentre
os estilos nacionais da América do Sul. Após o
período nacionalista da década de 1950, as
culturas dos aimarás e quíchua foram
mais amplamente aceitadas e estes estilos de música folclórica gradualmente foram fundindo-se em sons pop. Los Kjarkas desempenharam
um papel central nessa fusão e na popularização da lambada no
país. Outras formas de música nativa,
como o huaino e
a saya, são
também bastante difundidas.
O Brasil é
um país extenso
geograficamente e diverso nos aspectos culturais. Possui
uma vasta história de
desenvolvimento da música popular, que
abarca desde uma inovação do início do século XX como
o samba até a
Modena Música Popular Brasileira (MPB) e
o tropicalismo. A bossa nova e o jazz latino são
internacionalmente conhecidos.
Ao longo do tempo e
com o crescente intercâmbio cultural com outros locais além da metrópole portuguesa, elementos musicais típicos de outros países se
tornariam importantes, como foi o caso da voga operística italiana e francesa e das
danças como a zarzuela, o bolero e habanera de
origem espanhola, e
as valsas e polcas germânicas, muito
populares entre os séculos XVIII e XIX, e o jazz estadunidense no século XX, que
encontraram todos um fértil terreno no Brasil para enraizamento e
transformação.
Com grande
participação negra, a música popular desde
fins do século XVIII começou a dar sinais de formação de uma
sonoridade caracteristicamente brasileira. Na música clássica, contudo, aquela diversidade de elementos se
apresentou até tardiamente numa feição bastante indiferenciada, acompanhando de
perto - dentro das possibilidades técnicas locais, bastante modestas se
comparadas com os grandes centros europeus ou como os do México e
do Peru - o
que acontecia na Europa e em
grau menor na América espanhola em cada período, e um caráter especificamente
brasileiro na produção nacional só se tornaria nítido após a grande síntese
realizada por Villa
Lobos, já em meados do século XX.
A música do Chile reúne
tanto o espírito dos aborígenes andinos do Altiplano quanto
os ritmos coloniais espanhóis, contudo a música chilena não
envolve uma grande diversidade musical tal como outros países latino-americanos.
Desta maneira, é possível evidenciar quatro grandes tendências.
"Música do Grande Norte", que tem grande
semelhança com a música do sul do Peru
e oeste da
Bolívia, e é normalmente chamada de "Música Andina". Esta música reflete o espírito dos povos indígenas da Bolívia, onde o
movimento musical da Nueva canción surgiu
a partir de meados do século XX e
ainda perdura como ritmo típico do país, sendo, provavelmente, a música chilena
mais conhecida fora do Chile.
"Música do Vale Central", que é quase que
diretamente derivada da Espanha, chegou
através do Vice-Reino do Peru. Aqui ele pode ser encontrado a cueca (dança nacional
oficial chilena1 ), Tonada, Refalosa, Sajuriana, Zapateado, Cuando e Vals.
"Música do Sul" é a música mais complexa
para estudar, já que tem influência direta da Espanha, sem
escalas, e misturada aos sons dos povos aborígenes, entretanto evoluiu em
grande parte nos centros culturais de Santiago ou Lima. Nesta
área encontram-se Cueca Chilota, Sirilla, Zamba-Refalosa.
Deve ser citado
também o rock chileno, o gênero musical estadunidense que
foi adaptado ao Chile no século XX e continua até hoje como ritmo típico do
país.
A cueca é a dança nacional
oficial chilena. Seu
estilo é derivado da zamba cueca peruana. A dança
representa a conquista e o desejo amoroso de uma mulher por
um homem, e está
presente no oeste da América do Sul desde
a Bolívia até
a Argentina e
a Colômbia, tendo
suas variações de acordo com a região e a época.
A cueca chilena
pode ser distinguida em:
Cueca nortina: A
principal diferença é que a música não é cantada, somente instrumentada.
Cueca chilota: Os
passos são mais curtos e a voz do cantor tem mais importância sobre os
instrumentos.
A cúmbia é
originalmente um estilo colombiano de música popular,
amplamente exportado para o resto da América Latina,
especialmente para o Peru, o México, o Chile e
a Argentina. O vallenato e
a champeta também são outros ritmos típicos do país. A cúmbia
está relacionada a outros estilos da região litorânea atlântica colombiana, como porro, puya e bullerengue,
comumente resultantes duma mistura de influências negras, ameríndias e
espanholas.
A música da Costa Rica está
representada por expressões musicais como tambito, parrandera, vals, bolero, cuadrilla,
o calipso, chiquichiqui, mento. Todos
eles surgidos a partir dos processos migratórios e
dos intercâmbios históricos
entre indígenas, europeus e africanos. Alguns instrumentos típicos são quijongo, marimba, as ocarinas, bajo
de cajón, sabak, flautas de caña, acordeão, o bandolim e
a guitarra.
Cuba produziu
muitos dos estilos musicais mais difundidos pelo mundo, assim como um número
importante de músicos renomados numa diversidade de ritmos, entre os que se
pode citar estão o Canto Novo, cha-cha-chá, o mambo, a Nueva
Trova Cubana e o son cubano.
No Equador, há três
correntes de estilos musicais. Entre a música clássica, encontra-se pasillo, passacalha, yaraví, sanjuanito, tonada e bomba
del Chota. A música indígena é a comumente chamada de "andina", enquanto que a música negra é caracterizada
pelo uso da marimba.
A Guatemala é um
país rico em música, pois foi o centro da cultura maia. Logo se mesclou com a música europeia. Possui
dois ritmos musicais conhecidos: o som e a guarimba.
O instrumento nacional é a marimba, declarado
como símbolo da pátria. Também
possui outros instrumentos característicos como tun, chirimía, caparazón
de tortuga.
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