LIVRO RECOMENDADO PELO
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Romance de Graciliano
Ramos que, apesar de não estar incluído no rol de suas melhores produções,
cativa os leitores
Angústia é um romance publicado por Graciliano Ramos em 1936. À época
Graciliano estava preso pelo governo de Vargas e
contou com ajuda de amigos, entre os quais José Lins do Rego, para a publicação.
A obra apresenta um narrador em
primeira pessoa, Luís da Silva, funcionário público de 35 anos, solitário,
desgostoso da vida e que acaba se envolvendo com sua vizinha, Marina. Com
traços existencialistas, Luís mistura fatos do passado e do presente,
narra num ritmo frenético como um grande monólogo interior.
O leitor de
Angústia certamente lembrará de Crime e Castigo, de Dostoiévski, pois em
ambos há as angústias de um crime, o medo de ser pego, a febre; em Angústia o
crime é o clímax, enquanto
em Crime e Castigo é o ponto de partida para a história, e a
personagem consegue a redenção. Outra influência marcante é a dos naturalistas brasileiros,
especialmente à Aluízio Azevedo, o
determinismo e a animalização do homem. O narrador não
quer ser um rato, luta contra isso; compara-se o tempo todo os homens aos
bichos, porcos, formigas, ratos, e usa-se verbos de animais para as reações
humanas.
Alfredo Bosi afirma
que Angústia foi a
experiência mais moderna e até certo ponto marginal de Graciliano Ramos e
que "tudo nesse romance sufocante
lembra o adjetivo 'degradado' que se apõe ao universo do herói problemático;
estamos no limite entre o romance de tensão crítica e o romance intimista. Foi a experiência mais moderna, e até certo
ponto marginal, de Graciliano. Mas a sua descendência na prosa brasileira
está viva até hoje".
Apesar de ter
lido Crime e Castigo de Dostoiévski, Ramos
inicialmente recusou qualquer semelhança da obra com Angústia, em
12 de novembro de 1945, ele escreveu a Antonio Candido avaliando as
considerações do crítico a respeito de Angústia:
Onde as nossas
opiniões coincidem é no julgamento de Angústia. Sempre achei
absurdos os elogios a este livro, e alguns, verdadeiros disparates, me
exasperam, pois nunca tive semelhança com Dostoiévski nem com outros
gigantes. O que sou é uma espécie de Fabiano, e seria Fabiano completo se a
seca houvesse destruído a minha gente, como você bem conhece.
—Graciliano Ramos
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Inicialmente
Graciliano declara ter lido Dostoiévski, mas negou qualquer influência até as
vésperas da morte, segundo seu filho Ricardo Ramos. Por fim, o autor reconhece
ter sofrido influência de Dostoiévski, Tolstoi, Balzac e Zola e
também seu permanente interesse pela literatura russa.
Acho em Angústia numerosos
defeitos, repetições excessivas, minúcias talvez desnecessárias. E tudo
mal escrito. Mas se, apesar disso, der ao leitor uma impressão razoável, devo
concordar com você. É possível até que as falhas tenham concorrido para levar
na história aparência de realidade. E alguns capítulos não me parecem ruins.
—Graciliano Ramos
Fonte: Wikipédia
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