Por
Albenísio
Fonseca
Foto: Valter Pontes
A Orquestra de Fred
Dantas abriu a festa
O
maravilhoso mundo do Carnaval de Salvador foi aberto, oficialmente, às 18h de
ontem, com o “Concerto de Axé Orquestrado” reunindo as quatro orquestras
populares da cidade, no Farol da Barra. Com 80 músicos, as orquestras dos
maestros Fred Dantas, Paulo Primo, Zeca Freitas e Sérgio Benutti tocaram
individualmente e em conjunto, de forma inédita, alguns dos principais sucessos
da Axé Music, celebrando os 30 anos desse estilo musical que mudou a face do
carnaval baiano.
As duas
horas do concerto foram iniciadas com a Orquestra regida por Fred Dantas
tocando a marchinha “Prefixo de Verão” (do cantor e compositor Beto Silva,
falecido em 2012), sob as vozes das cantoras Irma Dantas, Thais Andrade e do
também ator Mário Bezerra.
Fred
homenageou, ainda, o escultor Gilson Nascimento, autor da música “Mulheres do
mundo”. Cada uma das orquestras populares tocou por 30 minutos e, ao final,
como numa grande apoteose, uniram os sons de metais e percussões, interpretando
“Tempo de alegria” (do repertório de Ivete Sangalo), “Berimbau” (do repertório
do Olodum) e “Ajaiô” (de Luís Caldas), cantadas, também, por Juliana Leite,
Aysha Roriz , Jaqueline Leal e Simei Ferreira, cantoras das orquestras.
Os maestros
estão articulando um abaixo assinado para reivindicar o retorno do palco das
orquestras na Praça Municipal, onde tocavam há 15 anos até 2013. As orquestras
populares, lembra Fred Dantas, “antecedem o advento do trio elétrico na
animação do Carnaval” e muitas, como a do maestro Vivaldo da Conceição
(falecido em 2009), mantiveram a tradição.
A abertura
de ontem, no Farol, foi uma iniciativa atribuída ao secretário da Educação,
Guilherme Bellintani, quando ainda estava à frente da pasta da Cultura. Esse
ano, as orquestra vão animar os carnavais de bairros e praças do Pelourinho.
Conforme Paulo Primo, “tocaremos o melhor do axé, arrocha, pagode”.
Eles
fizeram questão de distinguir o que seja a concepção de uma orquestra popular
do que Fred Dantas denominou de “alvorecer” das orquestras temáticas – aquelas
formadas pela conjunção de um mesmo instrumento, como as de pandeiro, de
sanfonas, citando, ainda a Afro sinfônica, “que são autorais”.
Os músicos
ganham, em média, R$ 500 por apresentação. Chegam a faturar de R$ 2 mil a R$
2.500 durante o Carnaval. Todos os maestros e a maioria dos componentes das
orquestras baianas são oriundos do Seminário de Música da UFBA. Conforme Paulo
Primo, “só não somos eruditos porque não dispomos de instrumentos sinfônicos.
Somos mesmos big bands de metais e madeiras”, disse, numa alusão às grandes
bandas de jazz norte-americanas.
Primo
salientou, ainda, o desejo de que a Bahia “adote uma política de estímulo à
formação de orquestras populares, mencionando o exemplo de Pernambuco “que
mantém, somente em Recife, 40 desses grupos, formando jovens músicos”.
Sem a
presença do prefeito ACM Neto, o discurso de abertura do Carnaval foi proferido
pelo maestro Fred Dantas. Ele salientou a “importância da apresentação inédita
como um momento de maior visibilidade para as orquestras de Salvador”.
Destacou,
além do mais, que “orquestras populares são prestadoras de serviço ao público”
e, didaticamente, esclareceu que nas festas juninas, tocamos forró; “no Natal,
tocamos música de shopping e no Carnaval, frevos, marchinhas e muito axé”.
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