LIVRO PRECURSOR DO
ROMANCE: RECOMENDADO PELO BLOG DO FACÓ
“... É um livro
extremamente engraçado e com uma mensagem de esperança aos mais fracos e
desesperados, pois afirma que não devemos desesperar jamais...”
Resenha do professor FELIPE PIMENTA. É graduado em
filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina. Seus maiores interesses
são a Metafísica, a História, a política e a psicologia. Seus filósofos
preferidos são Pitágoras, Parmênides, Platão, Aristóteles, Euclides de
Alexandria, Santo Agostinho, Proclo, São
Tomás de Aquino, Duns Scotus, Nicolau de Cusa, Leibniz, Berkeley, Hegel,
Schopenhauer e Heidegger filosofia política, eu gosto de Giambattista Vico,
Tocqueville, Hannah Arendt, Eric Voegelin e John Rawls. Estudo também a obra de
Carl Gustav Jung.
É preciso ser rápido para afirmar a verdade: Dom Quixote é, com
certeza, o maior romance de todos os tempos. O começo é simples: Cervantes nos
apresenta a vida simples do fidalgo Alonso Quijano, que vive uma vida ociosa e
ocupa o seu tempo lendo romances de cavalaria, obras muito populares no fim da
idade média e início do Renascimento. Um dia o fidalgo decide sair pelo mundo
para viver aventuras semelhantes aos seus heróis dos romances de cavalaria;
primeiro ele se autodenomina Dom Quixote, e encontra em seu vizinho Sancho
Pança o seu fiel escudeiro. Depois disso os dois começam a percorrer a Espanha
em nome do amor de amor de Dom Quixote pela dama Dulcinéia Del Toboso.
Logo na primeira aventura, Dom Quixote é espancado por um grupo de
viajantes que reagiram a fúria do cavaleiro por causa de uma brincadeira que
eles fizeram com o nome de Dulcinéia. Ele é levado de volta para casa; sua
empregada então chama o padre local, que é amigo de Dom Quixote, e explica a
ele que a causa da loucura de seu patrão são os livros de cavalaria que Dom
Quixote possui em casa. Com isso há o início de uma hilária cena em que o padre
brincando de inquisidor separa os livros que considera bons dos livros que considera
nocivos, atirando-os à fogueira.
D. Quixote e seu cavalo Rocinante,
acompanhados pelo escudeiro Sancho Pança
Mas o cavaleiro é insistente e retoma sua jornada tendo ao seu
lado Sancho Pança e seu cavalo Rocinante. Pouco tempo depois há a famosa
história do ataque de Dom Quixote aos moinhos de vento. Mas só quem não leu o
romance pode considerar essa cena como a mais engraçada do livro; no entanto, a
cena não deixa de ser emblemática. As histórias engraçadas vão sucedendo-se
umas às outras ao longo das páginas, e proporcionam muitas risadas ao leitor da
obra.
Dom Quixote não deixa de ser também um livro em que Cervantes
expõe ao mundo as injustiças da Espanha da época, como, por exemplo, a
perseguição aos mouriscos. Ele também escreve contra os padres da corte, que
ele considerava hipócritas. Os demais padres e religiosos são tratados com
muito respeito e reverência por parte de Cervantes.
D. Quixote contra moinhos de vento
Elementos autobiográficos da vida do autor estão presentes no
livro, como a história do cativeiro de Cervantes em Argel, quando foi capturado
por piratas muçulmanos e ficou cinco anos preso até ser resgatado por padres
espanhóis com uma alta soma em dinheiro.
Diversas passagens são memoráveis, como o ataque de Dom Quixote ao
teatro de marionetes, a sua descida à caverna, ou então a sua chegada a
Barcelona. Sancho Pança também se envolve em situações muito engraçadas
principalmente quando é eleito governador da ilha da Baratária. Essa é, em minha
opinião, a parte mais divertida do livro.
Uma passagem que chama a atenção é a homenagem que Cervantes
presta à Alemanha e sua parte católica, através do personagem mourisco, amigo
de Sancho Pança, que encontra refúgio depois da perseguição na Espanha na
cidade católica alemã de Augsburgo.
D. Quixote e Dulcinéia, seu grande amor.
A principal mensagem de dom Quixote raramente é mencionada, no
entanto. Cervantes faz de Dom Quixote um exemplo de homem católico e mensageiro
da contrarreforma da igreja romana. O personagem não se separa em nenhum
momento do seu imenso rosário e a todo o momento recorda ao leitor os dogmas
católicos, na época combatidos pelos protestantes, como a existência do
purgatório e a necessidade das boas obras para a salvação. Dom Quixote também
nos fala da necessidade de utilizarmos a espada para a defesa da fé em certas
ocasiões em que isso for necessário, lembrando sempre que Cervantes combateu em
Lepanto contra o exército turco, perdendo o movimento de uma das mãos por causa
de um tiro.
Cervantes escreveu o maior romance católico de todos os tempos,
pois Dom Quixote é um livro profundamente religioso, que afirma a todo o
momento os valores do concílio de Trento. “É um livro extremamente engraçado e
com uma mensagem de esperança aos mais fracos e desesperados, porque afirma que
não devemos desesperar jamais, pois como disse Sancho Pança, não há maior
loucura, do que o homem deixar-se matar pela melancolia”.
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