sábado, 14 de fevereiro de 2015

MORREU AOS 101 ANOS TOMIE OHTAKE, PINTORA E ESCULTORA NIPO-BRASILEIRA, EM SÃO PAULO

ARTE ESCULTÓRICA

Era cognominada a “dama das artes plásticas” brasileira

Tomie Ohtake recebendo a Ordem do Mérito Cultural em 2006, aos 93 anos.

Tomie Ohtake, nascida Tomie Nakakubo (Quioto21 de novembro de 1913  — São Paulo12 de fevereiro de 2015), foi uma artista plástica japonesa naturalizada brasileira. Aos vinte e três anos de idade viajou ao Brasil, para visitar um irmão, mas não pôde retornar, devido à Segunda Guerra Mundial.

Monumento em Santos, SP


É uma das principais representantes do abstracionismo informal. Sua obra abrange pinturas, gravuras e esculturas. Foi premiada no Salão Nacional de Arte Moderna, em 1960; e em 1988, foi condecorada com a Ordem do Rio Branco pela escultura pública comemorativa dos 80 anos da imigração japonesa, em São Paulo.

Aeroporto Internacional de Guarulhos

Pela sua carreira consagrada Tomie Ohtake é considerada a “dama das artes plásticas brasileira”. Segundo o crítico de arte Ichiro Hariu, os artistas como Tomie Ohtake, Tikashi FukushimaManabu Mabe e outros são reconhecidos abstracionistas, representativos do Brasil, que contam com muitos apoiadores. Além de pertencerem ao grupo da geração de imigrantes do pré-guerra. Grupo esse constituído por imigrantes comuns que, após várias mudanças em suas vidas, despertaram para as artes plásticas e iniciaram seus trabalhos.

Guaracui

Tomie Ohtake é a mãe do arquiteto Ruy Ohtake.
Tomie Nakakubo, filha de Inosuke e Kimi Nakakubo, chegou ao Brasil em 1936 para visitar um irmão. Conheceu o engenheiro agrônomo Ushio Ohtake, também japonês, com quem se casou e teve dois filhos, Ruy e Ricardo. A família estabeleceu-se no bairro da Mooca, na capital paulista.


Em 1952, iniciou na pintura com o artista Keisuke Sugano. No ano seguinte, integrou o Grupo Seibi. Passou um certo tempo produzindo obras no contexto da arte figurativa, a artista define-se pelo abstracionismo. A partir dos anos 1970, passou a trabalhar com serigrafialitogravura e gravura em metal.


Nos anos 50 e 60, participou de Salões nacionais e regionais, tendo sido premiada na maioria deles. Foi convidada a participar da Bienal de Veneza em 1972, pela própria instituição. Recebeu o Prêmio Panorama da Pintura Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

As quatro ondas da imigração japonesa

Empregou ao longo da década de 1960 o uso de tons contrastantes. Revelou afinidade com a obra do pintor Mark Rothko, "na pulsação obtida em suas telas pelo uso da cor e nos refinados jogos de equilíbrio". Cecília França Lourenço, ao comentar a obra de Tomie Ohtake, quando ela atingiu um nível de maturidade, compara com a obra da artista com a de Fukushima e Mabe, no contexto que os três tinham "certa contenção, sem permitir extravasar totalmente a emoção da obra".


“Apesar de trabalhar suas esculturas em metal, elas tinham, paradoxalmente, sinuosidade e aspecto de rara leveza. Além, é claro, de insinuante beleza”, como disse o escritor Luiz Carlos Facó, em seu livro Memória a Conta-Gotas (2013).
A arte na década de 80 foi influenciada pelo aparecimento de outros artistas e também pela atuação dos pioneiros, como Tomoo Handa, abstracionistas, como Manabu MabeTikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Kazuo Wakabayashi e outros, onde atuaram, no desenvolvimento artístico, como também nos interesses da comunidade de artistas.


Tomie se destacou também com o trabalho com esculturas em grandes dimensões em espaços públicos, sendo que na 23ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1995, teve uma sala especial de esculturas. Atualmente, 27 de suas obras são obras públicas, as quais estão em algumas cidades brasileiras. Em São Paulo, parte delas se tornaram marcos paulistanos, como os quatro grandes painéis da Estação Consolação do Metrô de São Paulo, a escultura em concreto armado na Avenida 23 de Maio e a pintura em parede cega no centro, na Ladeira da Memória.


Em 1995 escreveu juntamente com Alberto Goldin o livro intitulado Gota d’agua que foi escolhido pela Jugend Bibliothek de Munique, na Alemanha, como um dos melhores livros editados no Brasil no ano de 1995.  No mesmo ano recebeu o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura – Minc. Em 2000 foi criado o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.


Morreu no dia 12 de fevereiro de 2015, aos 101 anos no Hospital Sírio-Libanês, em decorrência de choque séptico causado por uma broncopneumonia.

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