NATUREZA
Da
BBC Earth
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O enigmático peixe-remo (Regalecus glesne)
pode ser o verdadeiro animal por trás das antigas lendas sobre serpentes
marinhas capazes de afundar grandes embarcações.
Animais dessa espécie podem chegar a medir 11
metros de comprimento e, na superfície,
se movem como uma cobra, casando
exatamente com as descrições que antigos navegantes faziam de monstros que
surgiam das profundezas dos oceanos.
Esse peixe gigantesco ainda é capaz de assustar
quem os vê de perto, e cada vez mais se registram casos de espécimes nadando em
águas rasas ou encalhando em algumas praias.
Mas a
verdade é que o peixe-remo é inofensivo - e inclusive,
raramente visto, pois vive em águas localizadas entre 150 e 300 metros de
profundidade.
Maior do mundo
Pertencente à
família Regalecidae, o mais longo peixe ósseo do mundo foi
identificado pela primeira vez em 1772, pelo biólogo norueguês Peter Ascanius.
Até pouco tempo atrás nenhum peixe-remo tinha sido
filmado em seu hábitat. As primeiras
imagens, transmitidas em um especial da BBC, mostram que o animal nada
verticalmente, fazendo ondulações com sua barbatana dorsal para se manter
parado e se alimentar.
Isso contrasta com o serpenteio horizontal que faz
em águas rasas.
Até recentemente, cientistas só tinham acesso a
espécimes conservados de peixe-remo
"Trata-se
de um peixe magnífico, todo prateado, com manchas azuis iridescentes e
barbatanas vermelhas", descreve Rick Feeney, diretor da coleção de
ictiologia (o estudo dos peixes) do Museu de História Natural do Condado de Los
Angeles.
Lendas sobre serpentes marinhas
"No mar
aberto, esse animal está perfeitamente adaptado a se camuflar na água. As
pessoas ficam fascinadas quando conseguem avistar um na superfície. É quase como fazer contato com um ser
alienígena", compara o cientista.
Segundo Feeney, é muito raro que um peixe-remo
apareça em águas rasas ou encalhe em alguma praia. Desde meados do século 18,
foram registradas cerca de 500 observações desse animal em lugares como as
Ilhas Britânicas, a Austrália, o México, a Costa Rica e o Japão.
'Presente de Natal'
Em 2013, dois peixes-remo apareceram mortos em
praias dos Estados Unidos no espaço de uma semana.
"As pessoas ficaram excitadíssimas",
conta Jeff Chace, do Instituto Marinho da Ilha de Catalina, na costa da Califórnia,
onde um dos espécimes foi encontrado.
"Foi incrível poder ver, pegar e estudar um
animal que nunca tínhamos visto antes. Para mim foi como voltar à infância e
abrir um presente de Natal", lembra.
Os biólogos do instituto dissecaram o corpo e enviaram
amostras para outros organismos de pesquisa interessados em estudar o peixe
gigante.
Mas ninguém ainda conseguiu provar o motivo de o
animal ter aparecido nas praias. Algumas teorias especulam que eles tenham sido
forçados a se aproximar de águas rasas por uma tempestade, por doença ou pela
necessidade de se alimentar ou procurar um parceiro.
No Japão,
são comuns as lendas que descrevem a aparição de um peixe-remo como prenúncio
de terremoto.
"Essa é a única tese que eu descarto",
afirma o biólogo Feeney. "Simplesmente porque não há relação entre o
surgimento desses animais e os fortes terremotos que já atingiram a
Califórnia."
"Outras possíveis causas são a chamada maré
vermelha (proliferação excessiva de algas tóxicas), a presença de predadores ou
de embarcações, ou ainda mudanças nas correntes marítimas", diz. "Ou
também uma combinação de fatores".
Os
cientistas esperam que novas aparições ou as melhorias dos equipamentos
submarinos de pesquisa possam ajudá-los a finalmente desvendar os segredos desse
animal que ganhou status mítico.
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